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quinta-feira, junho 26, 2025

Vinicius de Moraes e o Rio: Memórias de um Poeta na Cidade*

As Raízes Escolares: Onde Tudo Começou*  (Revista Domingo - Jornal do Brasil)



Nos registros da Secretaria Municipal de Educação, duas escolas — Basílio da Gama e Afrânio Peixoto — dividiram o mesmo prédio em Botafogo, onde Vinicius de Moraes aprendeu a ler e escrever. *"Só sabemos que a escola já se chamou Basílio da Gama"*, diz a diretora Armandina Chaves Guedes. No Colégio Santo Inácio, onde estudou de 1924 a 1929, não há pastas do aluno Vinicius, mas sabe-se que ali ele formou seu primeiro grupo musical. Ambos os colégios foram imortalizados no poema *Baldada de Botafogo

A infância do poeta também foi marcada pelos fins de semana na praia do Cocotá, na Ilha do Governador — então acessível apenas por barcas. *"O tempo destruiu não só a casa de seus pais, mas a própria praia, aterrada nos anos 70"*, lamenta-se no texto.  



*O Rio na Obra de Vinicius: Da Metafísica à Boêmia

Segundo o biógrafo José Castello, Vinicius era *"um homem-esponja"* que absorvia a cidade. Seus primeiros versos refletiam um Rio católico e barroco, mas foi com *Poemas, sonetos e baladas* (aos 30 anos) que a cidade ganhou contornos concretos. *"A música foi a ponte definitiva"*, afirma Castello. A parceria com Tom Jobim em *Orfeu da Conceição* (1956) e o surgimento da Bossa Nova consolidaram essa ligação.  


Francis Hime lembra: *"Vinicius escreveu *Sem mais adeus* num guardanapo do Antonio's, nosso escritório informal"*. O bar, ponto de encontro dos intelectuais nos anos 50/60, testemunhou noites de poesia e álcool — sempre com moderação. *"Ele nunca ficava bêbado. Sabia beber... sabia tudo"*, recorda o garçom Serafim.  


### **Os Garçons do Poeta: Testemunhas de uma Era**  

Três nomes guardam as melhores histórias: Arlindo Costa Faria (Garota de Ipanema) e os maîtres Zelito Vieira Borges e Serafim Fernandez (Antonio's). *"Vinicius nunca gritava 'ô garçom'. Era educado, tratava a todos como amigos"*, conta Serafim. Reunidos numa mesa do Garota de Ipanema, eles desfiam memórias do poeta que brincava com a cidade em versos:  

> *"Quero brincar com a minha cidade/  

> Quero dizer bobagens e falar coisas de amor"*.  



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