Casa de Bonecas (Et Dukkehjem, 1879), obra revolucionária do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, considerada um marco do teatro moderno e da luta pela emancipação feminina
Trecho final A Porta que Bate – Nora se Liberta)
NORA: "Antes de tudo, sou um ser humano — ou, pelo menos, devo tentar tornar-me um. Não me contentarei mais com o que a maioria das pessoas diz, nem com o que está nos livros. Preciso pensar por mim mesma e tentar compreender as coisas."
HELMER (atormentado): "E não tens consideração por teu marido, por teus filhos?!"
NORA: "Tenho outra consideração, tão sagrada quanto: a consideração por mim mesma."
(Nora sai, fechando a porta com um estrondo. O som ecoa no palco. Ouve-se a porta do vestíbulo bater lá fora.)
A saída de Nora simboliza a ruptura com os papéis sociais opressores do século XIX. Ela rejeita ser apenas uma "boneca" decorativa na casa do marido Torvald.
"Consideração por mim mesma" é uma das primeiras declarações feministas do teatro, antecipando debates sobre autonomia e identidade feminina.
A porta que bate tornou-se um ícone cultural, representando a libertação de convenções sufocantes.
A Desilusão de Nora
NORA: "Vivi aqui fazendo truques para te agradar, Torvald... Foste tu que me moldaste à tua vontade. Mas agora olho para trás e parece que vivi como uma pobre, como uma mendiga — apenas divertindo-te."
(Ato III – Quando Nora percebe que seu casamento foi uma farsa)
Feminismo e Individualidade: Nora descobre que não é tratada como igual, mas como uma posse.
Crítica ao Casamento Burguês: A relação com Torvald é baseada em aparências e controle, não em amor genuíno.
Hipocrisia Social: A moralidade da época condena Nora por um ato de amor (forjar uma assinatura para salvar o marido), enquanto tolera a corrupção masculina.
a Obra Chocou o Século XIX
Foi considerada "imoral" por desafiar a família tradicional.
Muitas atrizes se recusaram a interpretar Nora, temendo escândalo.
Ibsen foi acusado de "destruir a sociedade", mas respondeu: "Não sou um agitador, sou um homem que escreve a verdade."
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