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segunda-feira, junho 23, 2025

Vernissages

 

Texto publicado originalmente em O Globo



A plasticidade de uma taça de vinho e a disposição colorida de uma bandeja de canapés são, para muitos dos habitués das inaugurações de arte, os verdadeiros atrativos desses eventos. Conhecidos como "vernissages" (ou "verdússimos", na pronúncia local), esses personagens são figuras cativas do circuito artístico — sempre presentes, mesmo sem convite, para comer, beber e arriscar comentários estéticos sem cerimônia.

Emma Barrozo do Amaral, dona da galeria GB Arte em Copacabana, comenta: "Vernissages são abertos ao público. Não há como impedir a entrada de ninguém".

Quem são os "vernissages"?

  • Roberto da Silva, 35 anos, estudante de arquitetura, foi flagrado em um vernissage do pintor Caetano de Almeida após vários copos de vinho chileno. Vestindo bermuda surrada, declarou: "Um vernissage precisa ter pessoas bonitas, um bom artista e um ótimo serviço de vinho".

  • Orlando Penna Júnior, 28 anos, autoproclamado "crítico de arte", frequenta eventos "para conhecer gente e fazer confusão". Em uma exposição na galeria de Thomas Cohn, não soube identificar o autor das obras, mas aproveitou para socializar com universitários. O local já é apelidado de "Bar do Thomas Cohn" devido ao número de estudantes que aparecem para beber de graça.

  • Rafael Chaves, 26 anos, aluno da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, compareceu ao vernissage da artista Lúcia Peychaux em Botafogo. Apesar de achar as obras "horrorosas", permaneceu no local para aproveitar o coquetel e "fazer higiene mental entre a alta sociedade", como explicou.

Casos curiosos

Uma família de quatro gerações de mulheres também chama atenção no circuito. Vestindo roupas excêntricas, elas circulam pelos eventos com desinibição, muitas vezes "tirando a barriga da miséria" 

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