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Revista AMIGA Nº 426 - julho 1978 |
AMIGA Nº 426 - 19 07 78 BETHÂNIA
Bethânia não fez por menos: "Caetano Veloso é uma glória"
Personalidades bem diferentes,
Maria Bethânia e Caetano Veloso
não deixam de ter pontos em comum. São irmãos, amigos e, principalmente, artistas de primeiro time da MPB. E se curtem de montão! Isso, contrariando até a
astrologia, de acordo com a definição de Bethânia: “Caetano é a glória. Homem lindo, compositor extraordinário, ator excelente e irmão maravilhoso. É uma pessoa
que me faz muito bem, mesmo ele sendo de leão e eu de gêmeos, signos que, segundo dizem, não se combinam bem.”
Caetano, por sua vez, não precisa de muitas palavras para traçar o perfil da irmã:
“Maria Bethânia é muito diferente de mim. É mais explosiva, mas também mais emocional. É uma pessoa brilhante em que a atenção e a afetividade fazem parte de sua personalidade que, por sinal, é muito atraente desde quando era pequenina.”
Caetano e Bethânia, dupla que demorou um pouco a pintar. Mas pintou e fica até 30 de julho próximo no Canecão, num espetáculo em que os dois só podiam se sentir
em família. Um show descontraído que, depois, segue para Curitiba (Teatro Guaíra), PortoAlegre (Teatro Leopoldina), Belo Horizonte (Palácio das Artes) e São Paulo (Anhembi).
O espetáculo, no entender de Bethânia, “tem duplo significado. Primeiro por estar ao lado do irmão querido e, segundo, porque, pela primeira
vez, nada deixou de passar pelas
minhas mãos. Além da direção,
tomei parte no roteiro, luz, desenho dos figurinos e as poucas
marcações. Fora isso, também me
sinto feliz porque canto apenas as
músicas que gosto, que acho bonitas.”
Com Caetano, *“aconteceu
algo interessante. Achava esse
show muito natural; como alguma coisa que mais cedo ou mais
tarde teria que acontecer. Mas, em
Salvador, quando fizemos o primeiro ensaio geral, fui atingido
por um lance emocional muito
grande, pois fiquei surpreso com a
força do espetáculo. A partir daí,
ele tomou a dimensão que merece,
dentro de mim. Foi coisa profunda, que me fez relembrar o dia
em que, pela primeira vez, dirigi
Bethânia, no seu primeiro show,
no Teatro Vila Velha, na Bahia.
Também uma canção que ela
canta, ‘Adeus meu Santo Amaro’,
que fiz em 1960 — quando a gente
se mudou de Santo Amaro para
Salvador —, deixou-me comovido,
pois revive toda uma fase de nossa
vida”.*
“A maior curtição”, para Bethânia, “é que de vez em quando um
dá uma choradinha e o outro tem
que segurar a barra. Isso quase
sempre acontece comigo quando
Caetano canta ‘Reino Antigo’,
que fiz em parceria com Rosinha
de Valença”.
No repertório, músicas como “Iansã”, “Estranha
Forma de Vida”, “Falando Sério”
(só Bethânia), “Carcará”, “Muito
Romântico”, “Triste Bahia” (só
Caetano), além de “Fé Cega, Faca
Amolada” e “Meu Primeiro Amor”
(os dois).
A direção musical é de
Perinho Albuquerque, que também participa do espetáculo como
músico (guitarra) ao lado de Paulinho Braga (bateria), Jamil
(baixo), Thomaz Improta (teclados), Juarez (sopro) e Mônica Millet (percussão). Participação especial de Rosinha de Valença ao violão.
Bethânia e Caetano juntos. É a base de respeito e admiração, num
espetáculo descontraído e alegre.
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