NOS ACOMPANHE TAMBÉM :

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terça-feira, outubro 30, 2007

TIPO POPULAR



Cada infância teve o seu bicho papão. A minha tinha o Bem Te Vi. Quando nossas mães queriam que voltássemos pra casa, elas gritavam: O Bem Te Vi vai te pegar!
Ele era um senhor rude, mal humorado que carregava uma sacola nas costas. Ela estaria cheia de crianças desobedientes que ele encontrava pelo caminho.
Os meus irmãos mais velhos eram destemidos. Sempre que aquele andarilho aparecia, eles gritavam: Olha o Bem Te Vi!. E o homem ficava zangado e jogava pedras.
Certa vez em disseram que ele virou um andarilho devido a algum trauma de guerra. Até hoje, pouco se sabe do Bem Te Vi. Em 1986, no filme Banana Split, rodado em Petrópolis, os roteiristas também fizeram uma homenagem ao andarilho. Bem Te Vi, interpretado por Paulo César Pereio, aparece rapidamente quando uns rapazes estão na porta do Hotel Quitandinha.
Encontrei essa foto numa revista de 1948 editada em Petrópolis. Aqui, Bem Te Vi é colocado como “um dos tipos populares da cidade”. Mal saberia ele que no século 21 sua imagem e lenda estariam em um universo paralelo chamado internet.

Recado do Garçon – O Bem Te Vi pode aparecer de repente no bar. Não se assustem. Ele é pacífico e faz parte de nossas lendas. (Post republicado do antigo endereço do bar, quando estava hospedado na Aol)

JOELMA

 
Posted by Picasa


Tinha uns dez anos de idade e tentava entender a tragédia do edifício Joelma, em São Paulo. Dias antes, teve outro incêndio no Edifício Andraws, também naquela capital. Anos depois, outra tragédia bem perto de mim: o incêndio do edifício Esperanto, em Petrópolis. Foi de menores proporções, mas também fez vítimas. Mas da historia dos incêndios, ninguém vai se esquecer do Joelma. Foi no dia 1 de fevereiro de 1974 quando um curto-circuito em um ar condicionado provocou um incêndio que se espalhou por todo o edifício, vitimando várias pessoas (179 mortos e 300 feridos). Estavam no local cerca de 756 pessoas.A tragédia inspirou o filme norte-americano Inferno na Torre. Leia mais

DESCENDO ESCADAS








Foi muito legal a noite de Halloween no apê. Lukas e Isa apareceram, Andye Iore e família deram um pulo... No final, assistimos o Exorcista (1973). Depois de tantas cervejas, o difícil foi descer as escadas.

Maria Pompeu








Eu devia ter uns 13 anos quando tive aulas de expressão corporal com Maria Pompeu, no Centro de Cultura, em Petrópolis. Na época, lembro que queria abraçar a carreira artística, ser ator, sei lá. As aulas foram muito proveitosas e eu era o aluno mais novo. A maioria dos colegas era de adultos e profissionais.


Maria Pompeu (Rio de Janeiro27 de outubro de 1936) é uma atriz e ex-vedete brasileira. Maria atuou em mais de 25 filmes.

Filha única de pais separados, Maria era muito controlada pela mãe, devido aos padrões da época. A paixão de Maria Pompeu pelo teatro foi descoberta quase por acaso na infância, em aulas de Paschoal Carlos Magno no Teatro Duse. Na adolescência, teve que encarar a resistência da mãe para continuar atuando. Trabalhou em um banco para pagar o curso na Federação Brasileira de Teatro, onde teve aulas com Dulcina de Moraes e Henriette Morineau.
Em 1955, Maria estreou profissionalmente nos palcos em Diálogo das Carmelitas. Em 1958, integrou o elenco do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e, no ano seguinte, conquistou um contrato de um ano com a TV Tupi. Maria Pompeu chegou a assumir a presidência do Sindicato de Artistas e Técnicos do Rio de Janeiro em 1981 e a batalhar pela consolidação da regulamentação do ofício do ator. Maria mora no bairro de Copacabana

TETÉIA


E eu que nem sabia que isso já existiu um dia. Você já tomou Tetéia?

sexta-feira, outubro 26, 2007

O MELHOR DO YOUTUBE



Um vídeo amador chamado 'Battle at Kruger' , publicado em maio desse ano no YouTube, se transformou em um dos grandes fenômenos do portal e atraiu até o momento mais de 15 milhões de visualizações. O vídeo enviado pelo usuário Jason275 e filmado pelo turista David Budzinski mostra a batalha de um grupo de búfalos contra leões em plena savana, na reserva de Kruger, na África do Sul. Sem os recursos técnicos de um documentário real, Budzinski filmou durante oito minutos, com sua câmera tremida, uma cena que documentaristas não tiveram a sorte de capturar, conforme noticiou o Guardian Unlimited. No início do vídeo, um grupo pequeno de búfalos passeia tranqüilamente, com um filhote entre eles. Mas, quatro leões se esgueiram e armam uma emboscada, capturando o filhote e jogando-o na água.
Em uma rápida investida, crocodilos tentam ficar com o pequeno búfalo, contudo os leões conseguem tomar a presa de volta. Os búfalos, que aparentemente tinham ido embora, retornam depois de alguns segundos com toda a manada, prontos para resgatar o filhote, que surpreendentemente se levanta e caminha para a proteção. Na seqüência, as presas se tornam os caçadores. Os leões são postos para correr. A cena é tão inusitada que o vídeo é um grande sucesso e já atrai a atenção da televisão: na descrição do vídeo, os responsáveis informam que voltarão à África com o Discovery Channel, onde falarão sobre as filmagens. O vídeo também sendo declarado como o vídeo favorito de um dos fundadores do YouTube. A popularidade do vídeo está crescendo dada a grande veiculação do link na mídia internacional: dia 9 de agosto a BBC noticiava 9,5 milhões de acessos, no dia 23 de agosto, o vídeo já foi visto quase 15 milhões de vezes .

Nota do garçon: quando esse vídeo foi posto no Bar, o número exato era de 18.686.370

ILUSÃO



Isso é estranho... Uma ilusão para começar o dia!

quinta-feira, outubro 25, 2007

DARCY RIBEIRO


Antropólogo,romancista e político mineiro.
Um dos principais intelectuais brasileiros, é o fundador da Universidade de Brasília.
Conheci Darcy Ribeiro em 86. Eu era estudante da Facha (Faculdade de Comunicação Hélio Alonso, Rio).

O admirava, mas era época de eleições para governador e meu voto tinha um destino certo: Fernando Gabeira. Mas havia o Darcy, aquele que brilhava nos debates (não como forma de ganhar as eleições, mas pelo brilho próprio dos seus olhos em busca de um país melhor, de um sonho tranquilo, quem sabe).

Darcy nasceu a 26 de outubro de 1922 e m fevereiro de 1997. Amou um país.

Entrevista concedida a Veja (18/01/1995), a Altair Thury Filho.

Veja — O senhor está com medo de morrer?

DARCY RIBEIRO — Não. Fugi do hospital para viver mais. Parece uma repetição do que aconteceu anos atrás
quando, no exílio, descobri que tinha um câncer no pulmão. Os médicos me desenganaram e me deram só seis
meses de vida. Agora, diagnosticaram um câncer na próstata, mas eles mesmos garantem que a sobrevida
nesses casos é longa, dez anos, apesar da metástase. O problema maior foi uma pneumonia que eu peguei
porque estava com as defesas imunológicas baixas em função da quimioterapia. Só não corro o risco de morrer
de pneumonia dupla porque só tenho um pulmão.

Veja — Mas por que o senhor fugiu?

DARCY RIBEIRO — Passei 21 dias dopado. Não agüentava mais. Fiquei na sala da UTI com tubo no nariz, tubo
na traquéia sangue, soro, gente chorando, gente gemendo. Um horror total. Disse ao médico que, se ele não me
desse alta, eu iria embora. Ele não podia fazer isso, pois estava e estou em tratamento. Então, decidi fugir. Disse
ao médico que ia passar o dia em casa e voltava. Um amigo me ajudou a arrumar uma cadeira de rodas e fui
embora. O médico acabou reagindo muito bem, e disse que já esperava por isso.

Veja — Não é arriscado?

DARCY RIBEIRO — Aqui fica o espaço que eu mais gosto, a casa que o Niemeyer desenhou para min. De
qualquer parte da casa, deitado ou sentado, você vê o mar. E é onde eu posso trabalhar tranqüilamente. Eu
precisava acabar o livro A Gestação do Brasil. Há trinta anos que estou escrevendo esse livro. Estava angustiado
e pensei: tenho de escrever esse livro antes de morrer. E já acabei. São 400 páginas. Dentro de uma semana, já
estará pronto. Ele já estava em grande parte escrito, mas era preciso acertar as idéias.

Veja — Qual é a idéia central desse livro?

DARCY RIBEIRO — Minha vontade era mostrar como se gestou o povo brasileiro, como se juntarem índios,
portugueses, franceses, negros, criando aqui uma população enorme falando tupi-guarani. Mostro, por exemplo,
que foi o negro que civilizou o Brasil. Isso aconteceu porque os negros não tinham uma língua comum, cada um
vinha de um lugar diferente na África, e então eles foram obrigados a aprender o português e difundi-lo.

Veja — Como o senhor define o Brasil?

DARCY RIBEIRO — O Brasil é a melhor província e o melhor povo do mundo para fazer um país. Mas é muito
difícil. É muito fácil fazer uma Austrália. Basta caçar uns ingleses e holandeses, jogar no mato e mandar matar
os índios e pedir que repitam a paisagem inglesa. No caso do Brasil, não. É a partir de 6 milhões de índios
desfeitos, 12 milhões de negros desafricanizados e a partir de uns poucos milhares de portugueses que se refaz
um povo, um gênero novo de gente que nunca existiu. Gente que procura sua vez, tem enormes potencialidades
mas que ainda não encontrou o seu destino.

Veja — Se essas potencialidades são tão grandes, por que temos tantas dificuldades?

DARCY RIBEIRO — Nosso problema é continuar existindo para os outros e não existir para nós. Fomos criados
para produzir açúcar que adoçava a boca do europeu, o ouro que o enriquecia e continuamos produzindo a soja
para engordar porco na Alemanha. Enquanto não fizermos o país existir para si, nós seremos um país-problema.
Os Estados Unidos sabem mais ou menos o que eles vão ser no ano 2100. E têm uma idéia do que convém a
eles que o Brasil seja. Nós não temos essa idéia.

Veja — O presidente Fernando Henrique Cardoso tem condições de mudar esse jogo?

DARCY RIBEIRO — A política econômica do Fernando Henrique é a mesma do Delfim, do Roberto Campos, da
ditadura. Mas o Fernando Henrique é um sociólogo inteligente. Tão sabido como ele é, vai fazer esse mandato
para fazer dois. Provavelmente, esse mandato será muito do Marco Maciel. E o segundo pode ser mais do
Fernando Henrique. Ou seja, mais amplo. O Fernando é suficientemente inteligente para querer que o país realize
suas potencialidades. O Brasil não é Honduras. O Brasil é uma das estruturas histéricas, como a Rússia e os
Estados Unidos. E tende a existir como uma presença peremptória, importante no mundo. O pendor do grupo do
Fernando Henrique é oportunista neste momento. Diante da crise que está aí o pendor deles é se entregar.

Veja — Como se dá essa entrega?

DARCY RIBEIRO — Esse governo teve a inconsciência privatista de entregar Volta Redonda. Essa siderúrgica foi
conquistada pelo Getúlio durante a guerra, que exigiu do Roosevelt a sua construção como condição para apoiar
os aliados. Ela foi vendida por um valor menor que o do estoque de seus produtos. As dívidas foram apagadas.
Foi uma doação.

Veja — Mas a usina não ficou melhor?

DARCY RIBEIRO — Pode ser que os banqueiros que entraram na privatização ganhem mais que o Estado. Mas
quem ganha são os banqueiros. É dessa maneira que vejo outro risco, ainda maior, que é a privatização da Vale
do Rio Doce. As jazidas de ferro, ouro e níquel, sobre as quais a empresa tem controle, valem 1 trilhão de
dólares. Ainda que os banqueiros possam tirar esse trilhão do solo mais rapidamente e lucrar mais com ele, eu
duvido que o país lucre. É uma deformação da economia. Esse é o país que os banqueiros querem e não o país
que o Brasil quer. Minha esperança é que o Fernando Henrique converta essa onda de privatizações numa
atividade menor dos meninos dele, não afetando o esqueleto da nação.

Veja — Que recomendação o senhor faria para FHC?

DARCY RIBEIRO — Ele deve ficar atento para o fato de que está ocorrendo um etnocídio no Brasil. Eu lido com
crianças nos Cieps e vejo que aquelas que entram com 7anos tem um tope de 5. Faltam três centímetros nelas.
Depois de comer seis meses elas recuperam, felizmente. Por outro lado, a população está diminuindo. É um fato
espantoso. O censo mostra que faltam 10 milhões de pessoas na nossa população. Não fizeram planejamento
familiar. Mataram. Como é que estão matando? De fome, de miséria e também esterilizando. A metade das
mulheres de Goiás está esterilizada. Goiás é um deserto demográfico. Estão guardando Goiás para quem? Para
os chineses?

Veja — O senhor, como brizolista, vê algum futuro para o brizolismo?

DARCY RIBEIRO — O Brizola é um homem extremamente vigoroso como líder. Eu vi Brizola chegar à Europa e
ser reconhecido de imediato. É carisma. Os gregos diziam que carisma é a quantidade de tempo que uma
pessoa que entra num templo leva para enchê-lo. Eu fui uma vez com ele a Paris e foi a única vez que eu fui
hospedado no Regines, um hotel de receber reis e chefes de Estado, por conta do Estado francês. Eu vi o
Brizola, que não fala língua nenhuma, ser recebido pelo Willy Brandt, que via nele uma liderança da América do
Sul, mais vigoroso do que Fidel. O Brasil vai enfrentar muitos problemas no futuro e tem que ter oposição. É claro
que gente como Brizola, como Lula, terá espaço.

Veja — Como o senhor vê o intelectual brasileiro?

DARCY RIBEIRO — O intelectual brasileiro raramente foi fiel ao Brasil. Num período de lutas como a da abolição,
os intelectuais tiveram a oportunidade única de se colocarem na frente do povo. No início da década de 60,
comigo no Ministério da Educação, foi possível levantar com a intelectualidade um movimento formidável que,
entre outras coisas, produziu o cinema novo. A tendência do intelectual é acomodar-se. Intelectual não é flor que
se cheire. Em nenhum lugar se costuma confiar em intelectual. A Inglaterra nunca pensou que os intelectuais iam
salvá-la, tampouco a França.

Veja — E o senhor, é melhor como intelectual ou como político?

DARCY RIBEIRO —Eu sou atípico. O PC não me quis porque me achava um militante muito agitado, e a FEB
não me aceitou porque os médicos acharam que eu era muito raquítico para ser sargento. Eu me entendi com o
Marechal Rondon e passei dez anos com os índios. Dali fui ser ministro da Educação, criei a Universidade de
Brasília, fui chefe da Casa Civil do Jango, tentei fazer a reforma de base e caí no exílio. E foi no exílio que escrevi
uma larga obra. Nunca gostei de ser político. No fundo, acho que sou político por razões éticas. Um poeta inglês
pode ser só poeta. Mas num país com o intestino à mostra, como o Brasil, o intelectual tem obrigação de tomar
posição. Essa é uma briga séria e eu estou nessa briga. Mas, se tiver de dizer do que eu gostei mais na vida, eu
digo que eu gostei mais foi de namorar. No mais, são ofícios.

Veja — Entre seus onze livros, qual o senhor considera o mais importante?

DARCY RIBEIRO — Eu quero crer que é este, A Gestação do Brasil. Com ele, eu esgotei toda a minha
possibilidade intelectual. Percebi que era indispensável fazer uma teoria do Brasil para tomar o Brasil explicável.
Os americanos podem se explicar, dizendo que seu passado é Roma, é Irlanda. O australiano também. Mas nós
não. O nosso presente não é o deles. O nosso futuro não será o deles.

Veja — Por que o senhor levou tanto tempo para escrevê-lo?

DARCY RIBEIRO — Nesses anos, a ocupação política, o exílio muito trabalhoso, e romances que eu fui
escrevendo, me impediram de aprontar esse livro. No início achei que seria fácil. Escrevi um texto em 1968 sobre
o Brasil e senti que não podia publicá-lo porque não tinha novidade nenhuma. O que eu dizia todo mundo já sabia.
Então parti para escrever uma série de cinco livros que são estudos de antropologia da civilização que culminam
agora. O primeiro da série foi O Processo Civilizatório, que é uma revisão de 10 000 anos de História. Eu queria
saber como é que a Ibéria explodiu e fez um mundo só, o ato de energia mais feroz da História, muito mais
importante que ir à Lua. Como é que isso se deu? Foi num regime feudal? Não. Foi num regime capitalista? O
capitalismo poderia ser, mas não existia ainda.

Veja — Como a maioria dos autores, o senhor tem assuntos quase permanentes em sua obra. Qual foi, no
fundo, sua grande obsessão?

DARCY RIBEIRO — O livro mais importante do Brasil é o Casa Grande & Senzala, do Gilberto Freyre. Mas é o
ponto de vista da classe dominante sobre o que é a casa-grande e a senzala. Não explica o Brasil. Eu sempre
tive como preocupação explicar as causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos e, por isso,
escrevi As Américas e a Civilização. Por que os americanos, que rezavam em igrejas de tábuas, que viviam da
comida que vendiam para o Haiti, fizeram a grande revolução do mundo e o Haiti foi para a miséria e o Brasil
também?

Veja — O senhor criou uma teoria para explicar o Brasil?

DARCY RIBEIRO — As teorias das classes sociais da Europa, falando do proletariado, brigando com a
aristocracia, brigando com a burguesia, não serviam para nós. Fiz um estado das classes mais pobres. O Brasil
tem um bolsão de gente que vem da escravidão, oprimido, marginalizado, que é o peso que leva a nação.
Enquanto não incorporar esse bolsão, o Brasil não existirá como gente civilizada. E fiz um outro volume que é Os
Índios e a Civilização, que mostra que alguns soldados latinos acamparam na Gália e fizeram a França. Outros
acamparam na Ibéria e fizeram Portugal e Espanha. Nós somos, portanto, romanos tardios. O livro mostra que
um soldado atuando sobre indígenas cria uma nação diferente. E fiz outro volume que é a Teoria do Brasil. Esse,
eu acho sem importância. Faltava fazer o volume final.

Veja — Qual dos seus livros o senhor recomendaria para um jovem de 18 anos?

DARCY RIBEIRO — Um moleque de 18 anos deveria ler Maíra. É meu romance de indianidade. Dos anos que eu
vivi com os índios. E literatura você tem de gostar. E recomendaria outro livro meu que se chama Aos Trancos e
Barrancos — Como o Brasil Deu no que Deu, em que eu faço um balanço de 1900 até 1980, contando, do ponto
de vista da esquerda, o que aconteceu ao país.

Veja — Qual a prioridade que o senhor elegeria para o Brasil de hoje?

DARCY RIBEIRO — Sem dúvida, a educação. Os japoneses perceberam isso e em poucas décadas o Japão
transfigurou-se. O Brasil tem de cumprir essa tarefa. No Japão, essa tarefa é fácil porque os japoneses são todos
iguaizinhos. Mas no Brasil um é preto, outro é mulato. E ninguém tem muito apreço por preto ou mulato. Por isso
fizeram escolas para uns poucos, o que resultou numa educação totalmente deformada. Nós temos uma
educação primária de elite. Ela é feita para a criança de classe média que, no fundo, não precisa dela.

Veja — Que ba1anço o senhor faz dos Cieps?

DARCY RIBEIRO — O Ciep é um tremendo experimento. Um sistema de preparação de magistério que, no Rio,
formou mais de 20 000 professores. Os Cieps têm 400 000 alunos. A maior estupidez do Brasil é pensar que eu
inventei o Ciep. No mundo só há Ciep. É a velha escola em tempo integral, que os padres sabiam fazer para os
meninos ricos. No Brasil é que inventaram essa escola de turno para enganar o povo.

Veja — Por que o rendimento de nossas escolas é tão baixo?

DARCY RIBEIRO — Porque o professor aqui é nomeado por disciplina. Um profissional aqui é professor de
contabilidade I no curso de Direito e de contabilidade II no curso de Economia. É uma loucura. No mundo inteiro
um professor é um profissional, pesquisador ou não, que dá uma matéria e trabalha algumas horas. Nossos
professores trabalham de duas a quatro horas por semana, fazendo de conta que trabalham vinte ou quarenta.
Eles acham que são mal pagos. Pelo que eles fazem são bem pagos até demais. E o Brasil é o único país no
mundo em que se vendem diplomas. É calamitoso.

Veja — O senhor aprovou a ação do Exército nas favelas do Rio?

Imagem inline 1DARCY RIBEIRO — Foi uma coisa boa. Depois dele, o Rio está desafogado. Era preciso dar um susto nos
traficantes. Precisamos estar atentos porque eles estão prontos para responder. Todo mundo sabe que a
obrigação do Exército não cumprida é impedir a entrada de armas. Sem armas não haveria tráfico, e é função da
Polícia Federal não deixar entrar droga. E há outra questão. No fundo, esse problema nem pode ser considerado
apenas nosso. Temos de reconhecer que o consumo de drogas atingiu um ponto tal, nos Estados Unidos, que se
pode dizer que o povo americano apodreceu. Os americanos estão tão viciados em drogas fortes que gastam
bilhões de dólares com elas. Assim, deformam os outros países e criam essas situações.

Veja — O senhor se considera socialista?

DARCY RIBEIRO — Os idiotas dizem que o socialismo morreu. Não morreu porque o capitalismo não morreu e
não vai morrer. E haverá sempre uma briga entre capital e trabalho.


ANA C. CÉSAR


Ana Cristina César começou poeta aos 4 anos. Ela gostava de se sentar no colo de sua mãe para cochilar, mas a mãe era obrigada a anotar as poesias ditadas pela pequena. Ana nasceu em 2 de junho de 1952. Gostava de ser chamada de Ana C. É uma das importantes poetas da década de 1970. Ela morreu cedo, em 1983, um ano depois de ter publicado seu melhor livro: A teus pés.

Tenho uma folha branca
______________e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma cama branca
______________e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma vida branca
______________e limpa à minha espera.
foram descobertos
hoje
às cinco e meia da tarde
peixes
capazes de cantar
capaz o poeta
diz
o que quer
o que não quer
e chama os nomes pelas coisas
capazes
de cantar
danos causados por olhinhos suados e marés
os olhinhos do poeta
piscam como anzóis
exaustos
na piscina

CAUSOS DA IMPRENSA 28

Essa é outra contada pelo jornalista Everardo Guilhon.

Quando da fofoca para a posse de João Goulart, desde que Jânio tinha renunciado, Carlos Lacerda, governador da Guanabara, jornalista que era, resolveu censurar os jornais do Rio para que não dessem notícia de Jango. O agente foi o também jornalista Ascendino Leite, que tinha sido nomeado para a censura. (Depois ganhou um Cartório.) Certa noite, com aquela fofoca do toma e não toma posse, apareceu no Diário Carioca um cidadão de seus cinqüenta e poucos anos. Era Almirante e fora designado para fazer a censura dos textos do jornal. Vi o documento de sua designação e tomei providências. Mandei botar uma mesa para o Almirante no fim da redação. Chamei Fred Quarterolli, que estava chefiando o Esporte, e pedi a ele, como havia jogo naquela noite, que abrisse todo o volume do rádio, pois o Esporte ficava no fim da redação, perto de onde estaria o Almirante com sua censura. Também dei ordem aos redatores que fizessem barulho, soltassem palavrões, chamassem o contínuo aos gritos. E assim é que foi.

Quase no final da noite, o Almirante veio à minha mesa:
— Escute, aqui tem muito barulho, quase não posso ler as matérias.
Respondi:
— Almirante, redação de jornal é assim...

O Almirante não apareceu mais.A censura de redação foi pró espaço.

terça-feira, outubro 23, 2007

CONTRA O TERROR


Pedido de dispensa do Serviço Militar

Um jovem escreveu a seguinte carta para o oficial responsável pela dispensa do serviço militar.

"Prezado Oficial Militar.
Venho por intermédio desta, pedir a minha dispensa do serviço militar.
A razão para isso é bastante complexa e tentarei explicar em detalhes.

Meu pai e eu moramos juntos e possuímos um rádio e uma televisão. Meu pai é viúvo e eu solteiro. No andar de baixo, moram uma viúva e sua filha, ambas muito bonitas e sem rádio e nem televisão. O rádio e a televisão fizeram com que nossas famílias ficassem mais próximas.
Eu me apaixonei pela viúva e casei com ela.
Meu pai se apaixonou pela filha e também se casou com esta.
Neste momento, começou a confusão.
A filha da minha esposa, a qual casou com o meu pai, é agora a minha madrasta.
Ao mesmo tempo, porque eu casei com a mãe, a filha dela também é minha filha (enteada).
Além disso, meu pai se tornou o genro da minha esposa, que por sua vez é sua sogra.
A minha esposa ganhou recentemente um filho, que é irmão da minha madrasta.
Portanto, a minha madrasta também é a avó do meu filho, além de ser seu irmão.
A jovem esposa do meu pai é minha mãe (madrasta), e o seu filho ficou sendo o meu irmão.
Meu filho é, então, o tio do meu neto, porque o meu filho é irmão de minha filha (enteada). Eu sou, como marido de sua avó, seu avô.
Portanto, sou o avô de meu irmão.
Mas como o avô do meu irmão também é o meu avô, conclui-se que eu sou o avô de mim mesmo!!!
Portanto, Senhor Oficial, eu peço dispensa do serviço militar baseado no fato de que a lei não permite que avô, pai e filho sirvam ao mesmo tempo.
Em caso de dúvida, releia o texto várias vezes, ou tente desenhar um gráfico, para constatar que o meu argumento realmente está inteiramente correto.
Ass. Avô, pai e filho”.

Conclusão: O rapaz foi dispensado.

segunda-feira, outubro 22, 2007

CAUSOS DA IMPRENSA 26

essa aconteceu no Diário Carioca e é contada por Everardo Guilhon.
Uma tarde, Renato Jobim, filho do Danton. que estava ocupando a chefia da reportagem, viu uma verdadeira lagoa na esquina da Rua São Bento com Avenida Rio Branco. Era tão grande, que para se atravessar a rua só pelo meio da avenida, com trânsito e tudo. Um engraçadinho botou um cartaz: "E proibido pescar". Renato Jobim mandou fotografar, fez um texto-legenda dando uma esculhambada na Prefeitura e me entregou para publicar na última página, que era a página da cidade. Saiu o texto- legenda com o ataque à Prefeitura e tudo. Dia seguinte, o Diário Carioca foi multado porque a lagoa era do jornal. A direção estava fazendo obras num prédio da Rua S. Bento e, à noite, bombeava a água pra rua! Chamava-se Lagoa Diário Carioca! Ninguém foi despedido. Mas Pompeu de Souza (editor) deu boas gargalhadas.

Blogs

Na história dos blogs maringaenses jamais poderia deixar de ser citado o pioneiro Factorama. Aquele blog mexeu com muitos dos alicerces da cidade que foram fortificados em mais de 60 anos de história. Era um blog com muita informação e com um tipo de humor corrosivo. E o humor é a melhor arma de destruição de qualquer alicerce. Era o nosso Pasquim adaptado para à realidade maringaense. Muitas vezes inconseqüente, mas esse era também o seu charme.
Tempos depois se solidificou o Blog do Ângelo Rigon. É outro marco na história dos blogs da cidade. A independência dele se transformou em alternativa de informação. Estamos, então, vivendo momentos dignos de um novo jornalismo, um novo espaço para debates. Cito esses dois blogs como exemplos de liberdade de expressão e de informação.
Tivemos que conviver com a censura durante duas décadas e assim que ela foi abolida, o sistema inventou a praga do ‘politicamente correto’. Essa ideologia é uma forma camuflada de censura. E é o ‘politicamente correto’ que tenta sepultar a imprensa alternativa, a liberdade de expressão. E para o mesmo túmulo está levando no vácuo a arte e a cultura. Não aparece mais nada que possa sacudir a mesmice, o status quo. Foi o ‘politicamente correto’ que determinou o reacionarismo da imprensa. Hoje não se faz jornalistas pensantes, mas ‘politicamente corretos’. É o fascismo do século 21.
Parece que ficar em cima do muro é a melhor forma do jornalista não questionar. E quando isso ocorre, sua concepção de mundo não passa das páginas amarelas e da capa da Veja. Essa grande imprensa, meio que messiânica, tenta determinar a ‘verdade’ para a classe média. E um bando de jornalistas - cujo ego é maior do que o talento - vai junto pelo mesmo ralo.
Não é à toa que os blogs fazem sucesso. É na blogsfera que é possível encontrar o “outro lado dos fatos”. E é justamente esse ‘outro lado’ - tão ensinado pelas faculdades de comunicação ‘politicamente corretas’- que está cada vez mais difícil de ser encontrado na imprensa tradicional.
Somos testemunhas de um novo tempo. Tentaram acabar com a expressão criando outra máscara para ocultar justamente o que todos querem que seja revelado. É nesse universo que surgem blogs como o Noticias da Província que faz sucesso justamente por revelar algo além da página dois dos jornais maringaenses. Muitos reclamam que o blog, apesar da grande leitura, é um espaço anônimo. A reclamação procede. Porém para ser ‘politicamente incorreto’ é necessário correr riscos, algo que o administrador do Noticias da Província teme. A era do politicamente correto é também a era da polícia, da patrulha, dos processos. São os mecanismos criados para provocar a morte do pensamento. Se estivéssemos numa sociedade democrática, não teríamos blogs anônimos e o tal de Noticias da Província não faria tanto sucesso.
Lamenta-se o anonimato, pois isso coloca em risco a credibilidade dos blogs já existentes e que cumprem bem seus espaços como veículos de informação alternativos. O anonimato elimina o debate, pois fica difícil discutir algo que se apresenta como conteúdo, mas sem rosto. Democracia é difícil de ensinar, mas o aprendizado é mais difícil ainda. A alternativa, quem sabe, é saber ser politicamente incorreto escrevendo por linhas certas.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Uivo, de Allen Ginsberg

Segue uma tradução de parte do poema Uivo, de Allen Ginsberg


Uivo agora
Para Bob, John, Paul, Joni, Eric, Frank... e por aí vai

Eu vi as melhores mentes da minha geração destruídas pelo sucesso
flatulentos almofadinhas, vestindo roupas da moda
em carros com choferes, cortando as avenidas de néon, ao crepúsculo,
procurando
o deslumbramento
celebridades bonitinhas, ansiando pela mais moderna conexão de admira-
ção
as lentes que produzem estrelas montadas nas máquinas da fama,
que, ricas e envoltas em veludo, rostos brilhantes e rotineiros
sentavam-se, banhadas pela luminosidade de jade, proveniente
das haciendas de Laurel Canyon
flutuando nas águas aquecidas de piscinas, contemplando contratos,
dando suas bundas para agentes, sob lençóis de seda e vendo
piranhas gangrenosas, contorcendo-se em alpendres
espertamente ofuscadas,
aue se apresentavam em festivais, com olhares preguiçosos e esbugalhados,
quanto a sua sabedoria quimicamente exagerada e prodigigalidade comodista
expulsos de hotéis por se comportarem com desinspirudo vandalismo
escrevendo mensagens idiotas nas telas coloridas de aparelhos de TV
que se abrigaram em estúdios de gravação, morrendo de medo
gastando o dinheiro da companhia
à medida que seu talento se dissipava
ouvindo o som do Terror, que se imiscuía pelas paredes
quando a obscuridade, finalmente, os condenou ao esquecimento.
J. Jeff Jones
(Tradução: Márcio Salerno)


Recado do garçon : Márcio Salerno é escritor petropolitano . Um grande talento. Está sempre de mau humor e é resmungão.

terça-feira, outubro 16, 2007

CASA

Noticias da Casa do Noca. Um raio atingiu a Casa e Lukas ficou sem modem. O problema está sendo resolvido. Lukas, Isa, Tina e Poly passam bem.

segunda-feira, outubro 15, 2007

BANCO DE IMAGENS 7

 


O Prêmio Pulitzer 68 foi para Rocco Morabito do Jacksonville Journal. Ele fotografou o beijo salvador de um operário diante de um colega que havia recebido um violento choque elétrico.

IMAGENS6



O presidente Médici deixa o Liceu de Artes e Ofícios em 1972. Foto de Domício Pinheiro que fora censurada na época.

sábado, outubro 13, 2007

 
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BOHEMIA


Rótulo antigo da cerveja Bohemia quando ela ainda era fabricada em Petrópolis. Depois a Ambev transferiu a fábrica para o Rio de Janeiro e a cerveja perdeu o charme e o sabor artesanal caracteristico para quem subia a serra. Hoje é uma boa cerveja premium, mas sem a mesma personalidade.
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quinta-feira, outubro 11, 2007

Coisas de Petrópolis

O fim de ano está se aproximando e penso em passar o final de ano com a família em Petrópolis. Lembro que havia  no orkut a comunidade “Orgulho de ser petropolitano” com o interessante tópico sobre ‘Coisas que só existem em Petrópolis’. Abaixo, listei algumas dessas coisas e acrescentei outras. Quem for a Petrópolis, poderá conferir.

# Bolinho de carne com ovo (em todos lugares existe o bolinho de ovo e bolinho de carne. carne com ovo, só em Petrópolis). Acho que em Maringá tem um tal de ‘especial’ vendido nas pastelarias das feiras. É algo parecido.

# Em Petrópolis, neblina é chamada de ‘ruço’ ( Não é ‘russo’, mas ‘ruço’ mesmo)


# Expressões erradas. O petropolitano diz “Trouxe o livro pra tu”, com o pronome no final da frase.

# Horas. - Que horas são? - São dez pra hora. / São hora e vinte. Esse tipo de expressão teria como origem a influência alemã.

# Nomes de ônibus. Não pergunte por números. Eles dizem “Tô esperando o Capela há meia-hora”. Ou melhor: - Tô esperando o Capela de dez pra hora. Para confundir mais ainda: Os ônibus que vão no sentido do Centro têm os nomes do bairro.- “Tô esperando o Mosela de dez pra hora pra ir pra Cidade”.

#Brioche. É a única cidade onde você pede um "brioche" na padaria e recebe de volta um delicioso salgado recheado de queijo e presunto. Em outras cidades, se você pede um brioche te dão um pãozinho esquálido. No Rio, o brioche se chama joelho. Em Niterói, o brioche se chama italiano.

# A cidade é cortada por rios. Na rua Mosela, cada casa tem uma ponte própria. Isso é um problema em caso de enchentes.


# Charretes para passeio com baldinho embaixo

# Pipocas ‘sem casca’ (feita de milho de canjica)



#- Lá vem ela! – Expressão usada por velhinhos referindo-se a chuva que sempre cai na cidade.

# Bodinhos. Qual criança petropolitana nunca ‘andou de bodinho’? Eles ficam na praça da liberdade e levam as crianças numa pequena charrete. Cada um deles tem um nome que vai desde ‘Xuxa’ a ‘Bodinho Jaspion’.
O garotinho de camisa listrada e sem chapéu, sou eu. Praça da Liberdade,
Petrópolis -  final da década de 60. 

# Lago do Quitandinha em forma do mapa do Brasil.

# Avenida. Ninguém fala ‘vou ao centro da cidade’. Avenida é o centro. Detalhe: o início da avenida do Imperador é o fim dela, se formos obedecer a numeração.

# Pão de cuminho

# Posto Atlantic (ainda existe?)

# Concessionária da Gurgel (ainda existe?)

# Horário do comércio. Alguém conhece alguma outra cidade em que as lojas abrem às 2 da tarde na segunda feira? Chamam isso de ‘semana inglesa’.

# Banda marcial escocesa. Os músicos usam aquelas tradicionais saias enquanto tocam gaitas de fole. Uma das mais belas bandas marciais que já vi na minha vida. É conhecida como Banda do Cenip. É um patrimônio histórico da cidade.

# Descer/ Subir - Por ser uma cidade serrana, o petropolitano não fala : "Vou ao Rio de Janeiro", mas "Vou descer para o Rio". Ou então: "Vou subir para Petrópolis"

# Saltar do ônibus - Petropolitano não desce do ônibus. Ele salta. Isso vem da época dos bondes quando as pessoas praticamente saltavam do veículo.

POIESIS


Acabo de saber que Camilo Mota atualizou o site jornal Poiésis. Para quem não sabe, o Poiésis é um dos mais importantes jornais de arte e literatura do país. É editado em Saquarema pelo Camilo e Regina, um casal cliente do Bar do Bulga.

Últimas atualizações do Jornal Poiésis on line www.jornalpoiesis.com

CONTOS
Fábula do prodigioso elefantinho cristalista, Ficção poético-reflexiva
(Gerson Valle)
Felicidade Completa (Charles O. Soares)
Dramointelectum 15 (Cid Prado Valle)

ENTREVISTA
"O que humaniza o homem é a arte e esse partilhar de emoções" –
Entrevista de Sylvio Adalberto com a poeta Carmen Felicetti

NOTAS MUSICAIS
Um amaranto nasceu lá em Minas (Camilo Mota), sobre o grupo vocal
AMARANTO, de Belo Horizonte

RESENHAS
Uma bala perdida para Burroughs (Marcio Paschoal)
Questionar Deus? (Fernando Py), sobre "Confronto – um diálogo com
Deus" de Pedro Lyra
Três lançamentos de 2007 da Thesaurus Editora (Gerson Valle)
ODISSÉIA: I – A TELEMAQUIA (Fernando Py)
Sobre Fup, a pata de Jim Dodge (Luiz Horacio)
As vozes novas de Gerson Valle (Fernando Py)

CRÔNICA
Encontros com Jota de Jesus (Camilo Mota)
Artistas da fome, parafraseando Kafka (Sergio Bernardo)

ENSAIOS
Marx antropólogo (Francisco Pontes de Miranda Ferreira)
--
www.jornalpoiesis.com (acompanhe a versão online do Poiésis -
Literatura, Pensamento & Arte, faça seu registro gratuito como membro
e tenha acesso a conteúdo exclusivo)

quarta-feira, outubro 10, 2007



Em breve...

CAUSOS DA IMPRENSA25

Dizem que essa se passou na Rádio Difusora de Petrópolis, mas a lenda correu o país e muita gente já diz que o causo ocorreu em outras terras. De qualquer maneira, lá vai. O locutor do horário também lia notas comerciais e entre os contratos havia o da funerária que comunicava notas de falecimento. O locutor começou a ler a nota quer terminava assim:

O corpo será enterrado hoje às 16 horas

Nesse exato instante ele olhou para o relógio e se desesperou quando percebeu que marcava 16h15. De imediato, remendou:

- Mas se você correr, ainda vai dar tempo de pegar o velório

terça-feira, outubro 09, 2007

BANCO DE IMAGENS5



Peron Shinneman joga a muleta no chão ao voltar do Vietnã. Ele perdeu a perna na guerra. O fotógrafo Ray News registrou o momento para o jornal Argus Leader, de Sioux Falls, 1966.

BANCO DE IMAGENS 4


Foto premiada de Cliff Brown. Ele esperou bastante para fazer esse flagrante em que o leão marinho Woofy, do zôo de Merineland (Los Angeles) passa algumas instruções ao treinador Eddy Asper.

ANA



Ana de Outubro - O aniversário de dona Ana com festa na sexta e duas confraternizações no sábado...

segunda-feira, outubro 08, 2007

CAUSOS DA IMPRENSA 24



Programa TV Mulher- Ney Gonçalves Dias ao vivo - TV Globo

CAUSOS DA IMPRENSA 23

Essa quem enviou foi o André De Canini. O interessante que eu também estava lá naquele dia junto com a Vera Fischer e o Floriano Peixoto

Já que tem gente lembrando seus causos aqui quero contar uma que presenciei. Saimos de Mandaguari eu e o Donizete de Oliveira, pela Gazeta Regional, e o Julio César Raspinha, da Rádio Guairacá, para o aeroporto de Maringá tentar uma entrevista com a atriz Vera Fischer, que estava chegando para encenar, junto com o seu namorado na época, o também ator Floriano Peixoto, uma peça teatral. Se não me engano era “Gata em teto de zinco quente”.
Depois um uma hora e tanto de espera chega o avião com os artistas e desce a Vera tão simpática quanto um Tiranossauro Rex esfomeado. Nem um sorriso, olhar fixo para frente e fingindo-se de surda-muda. Era como se os muitos jornalistas que ali estavam estivessem direcionando suas perguntas a um ser inanimado.
O Raspinha estava ao vivo e ao perceber que ouvir algo da boca da ex-miss Brasil naquele momento seria o mesmo que tirar leite de pedra, decidiu buscar outra fonte. Deixou o tumulto que havia se formado em torno da estrela que se julgava a última bolacha do pacotinho e dirigiu-se a Floriano Peixoto, que caminhava atrás da turba como um ilustre desconhecido. Aproximando-se do ator disse: “Vera Fischer não quer falar com a imprensa, mas nós vamos conversar com um dos seus assessores que está por aqui e saber um pouco mais sobre a peça que será apresentada mais tarde”. Não preciso nem dizer que o ator coadjuvante seguiu o exemplo da estrela e ignorou a presença do repórter.

sexta-feira, outubro 05, 2007

BANCO DE IMAGENS 3



O tombo de Renato Cury, presidente da Associação Comercial de SP Ele não percebeu que havia um lago. Foto de Fabio Sales - Agencia Folha

quinta-feira, outubro 04, 2007

CAUSOS DA IMPRENSA 22




Essa já virou um clássico...

BANCO DE IMAGENS 2



A solidão segundo Walter Fernandes (O Diário do Norte do Paraná)

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

CAUSOS DA IMPRENSA 21

O Jornal do Brasil ficou de buscar o piloto Nick Lauda no aeroporto. A idéia era levar o astro da formula 1 direto para uma entrevista no hotel.
O motorista da van do JB estava impaciente na expectativa de ser o motorista de Lauda. Assim que o piloto entrou no carro, o motorista resolveu mostrar ‘tudo o que sabia’. Começou a correr como um louco, desviando de todos os carros, fazia zigue-zague.
Nick Lauda, apavorado, mandou o recado:

- Manda esse louco parar com isso senão eu vou descer do carro!
O motorista, contrariado, resmungou:

- Esses pilotos são macho só lá na tevê. Aqui ele ficou assim ó!

CAUSOS DA IMPRENSA 20

Muitas rádios tinham (e ainda tem) a mania de narrar futebol assistindo o jogo pela televisão. Era uma maneira econômica (e perigosa) das emissoras transmitirem o jogo sem precisar deslocar a equipe esportiva para as cidades.
Foi o que ocorreu na Rádio Tupi do Rio. O jogo foi no Paraguai e a transmissão pela tevê ainda era em preto e branco.
O narrador ia muito bem até começar a errar os nomes dos jogadores brasileiros. Achava que a bola estava com o Cafuringa, mas na verdade estava com Mané. Depois de alguns minutos, já cansado de tanto errar, ele desabafou:

- Gente, tá muito difícil narrar esse jogo. Jogador brasileiro em tv preto e branco é tudo a mesma coisa!

CAUSOS DA IMPRENSA 19

...Garotinho que já foi locutor de rádio e narrador de futebol em Campos, montou uma equipe esportiva na Rádio Educadora Goitacás. A emissora, entretanto, não tinha dinheiro para fazer a cobertura completa do Campeonato Brasileiro, que, então, contava com o Americano como representante de Campos.
Quando a equipe campista jogava fora, a solução era: "dublar" as narrações das concorrentes.
Garotinho ficava em casa, na escuta de alguma outra emissora (que transmitisse do local) e fazia a sua narração, pelo telefone, dando a entender aos incautos ouvintes que a sua rádio também estava lá.
Pouca gente percebia a tramóia até que um certo dia o Americano foi a Belém jogar contra o Remo. Aos 15 minutos do primeiro tempo, caiu a linha da Embratel da única rádio que transmitia de lá e, para não revelar o seu truque, Garotinho continuou narrando um jogo imaginário.
Tinha as escalações e foi em frente, criando uma partida cheia de lances de perigo mas, obviamente, sem gols "não podia se arriscar", adivinhando um placar ou eventuais artilheiros.
Aos 45 minutos, encerrou o primeiro tempo, exausto, com 0 a 0 no placar. No intervalo, porém, um funcionário da rádio conseguiu contato com Belém:
- Já está 2 a 0 pro Remo!
E o Garotinho:
- O que eu faço?
- Se vira!
E ele não se fez de rogado. Com cinco minutos do segundo tempo, voltou a transmissão da concorrente; Garotinho esperou o locutor dizer os nomes de quem tinham feito os gols e em dois minutos o Remo, "num rush avassalador" marcou duas vezes.
No dia seguinte, os jornais publicaram que os gols foram aos 28 e 37 minutos do primeiro tempo. Os de Garotinho, só ocorreram aos 9 e aos 11 minutos da segunda etapa...

(de http://paginas.terra.com.br/lazer/sintonia)

CAUSOS DA IMPRENSA 18

Eu estava ancorando a CBN Maringá em uma sexta-feira santa. A repórter tinha ficado na rua acompanhando a encenação da Paixão de Cristo. Ela entrava no ar em vários momentos, sempre narrando o que estava vendo, destacando os momentos mais emocionantes, como ocorreu na cena da crucificação. A jovem entrou no ar e sem esconder a emoção, disparou:

- Neste momento a multidão aplaude a crucificação de Jesus Cristo!

Com certeza deve ter sido uma encenação muito bonita, digna de aplausos, mas...

CAUSOS DA IMPRENSA 17

Leila Cordeiro conta.......Naquele dia tínhamos gravado o Jornal do SBT, porque ele entraria muito tarde. Durante a gravação, num clima de brincadeira que sempre nos cercava no estúdio, li a escalada do jornal (manchetes) e Eliakim comentou que eu poderia ter lido melhor uma determinada frase. Quando a câmera voltou para mim, dei um tapinha na mesa e exclamei: "Assim não dá, Eliakim, você fica aí me interrompendo e eu não consigo me concentrar direito!" Em seguida recomeçamos a gravar a mesma cena, obviamente sem as brincadeiras. Só que o técnico não voltou a fita! Resultado: quando mais tarde a fita foi ao ar, ela foi reproduzida desde o começo. Você pode imaginar a cara de espanto do telespectador quando viu na telinha nós dois discutindo como se estivéssemos brigando de verdade! Deu primeira página em vários jornais do país, demos entrevistas em todos os programas de TV, em rádios, revistas de fofocas etc. Chegaram a dizer na época que seríamos demitidos. Mas os fofoqueiros de plantão tiveram que engolir essa: Sílvio Santos não só divertiu-se muito com o fato como nos pediu, de gozação, para produzirmos briguinhas como essa ao vivo para aumentar a audiência do Jornal. (Devido ao seriado sucesso da época "Casal 20", os jornalistas Leila Cordeiro e Eliakim Araújo foram apontados como o "Casal 20 do telejornalismo"). (do site http://paginas.terra.com.br/lazer/sintonia)

CAUSOS DA IMPRENSA 16

Fim de ano e as pautas são quase sempre as mesmas. Comércio, Papai Noel, previsões, etc.
Entre as pautas, o dia em que o juiz assinaria os mandatos de soltura para que alguns presos, internos da penitenciária, pudessem passar o Natal em casa.
A expectativa era grande no fórum. Advogados e familiares aguardavam a tão esperada assinatura. Cheguei apressado para conversar com o juiz. Já eram 5 horas da tarde, um horário crítico para o jornal.
Conversei, anotei tudo, agradeci e corri para a redação. Mal comecei a digitar a matéria e o telefone toca. Era o juiz.

- Senhor Marcelo?
- Sim.
- Por acaso o senhor levou alguns papeis que estavam na minha mesa?


Levei um susto. Quando fui conferir logo percebi do que se tratava. Na correria de voltar para o jornal, além de levar as minhas anotações, trouxe comigo os mandatos de soltura.

CAUSOS DA IMPRENSA 15

Jornais e emissoras de rádios freqüentemente recebem visitas de estudantes de todas as idades. Estava na redação da Rádio 107 FM quando um grupo de menininhas, na faixa dos dez anos, chegou para nos fotografar. Elas não poupavam o filme. Inclusive tiravam fotos minhas de todos os ângulos. Curioso, perguntei:

- Pra que vão servir essas fotos?
- E para o nosso trabalho na escola.
- É sobre o rádio?
- Não. É pra nossa feira de ciências.


 Logo percebi que minha foto ficaria ao lado de um sapo.

quarta-feira, outubro 03, 2007

BANCO DE IMAGENS 1


Ao meio dia de 16 de maio de 1958, o fotografo Bill Seaman, do jornal Minneapolis Star vê um menino puxando um vagão vermelho, pronto para atravessar um cruzamento. Seaman quase que o avisou sobre o perigo, mas seguiu adiante. Minutos depois é informado que um menino fora atropelado por um caminhão de lixo. Ao retornar viu a terrível cena. A fotografia dessa tragédia lhe valeu o prêmio Pulitzer de 1959.

CAUSOS DA IMPRENSA 16

A repórter do jornal Hoje aguardava no corredor do Fórum o momento para uma entrevista com um juiz. Após alguns minutos ela é convidada a entrar na sala. O juiz estava muito solícito e parecia preocupado com a jornalista. Media até as palavras na hora em que a cumprimentou. Antes de qualquer pergunta ele foi logo falando.

- Eu sei como você se sente.

A repórter não entendeu nada, mas continuou ouvindo.

- Mas o importante é que você supere.

- Superar o quê, doutor?

- O que aconteceu com você, a violência...


- Mas doutor, eu sou uma repórter...

O juiz caiu duro na cadeira e não sabia o que dizer

- Você não é a moça que foi estuprada?


A repórter aproveitou o gancho e emendou:

- Lógico que não, mas já que o senhor entrou no assunto, o que aconteceu realmente?

CAUSOS DA IMPRENSA 15

Hora de fechamento em um grande jornal de Recife. O editor de internacional fecharia a página sobre o kril, aquele camarão que é muito popular na Antártica. A matéria já estava desenhada e faltava uma foto para fechar. Então, ele grita para o editor de fotografia:

- Você tem aí uma foto da Antártica?

O editor de fotografia, todo enrolado devido ao fechamento da edição, deu uma rápida conferida e respondeu.

- Tenho sim.
- Então coloca na última matéria da página 6.


Sem revisão, o desastre só seria percebido no dia seguinte. Que foto!


ELTON HUBNER


Olha só quem encontrei. Elton Hubner na página do curso de inglês onde trabalha em Vancouver. Estamos trocando e-mails e ele me conta que lida com estudantes do mundo inteiro, alguns mais novos, outros mais velhos."Tenho melhorado meu ingles e mantido os outros idiomas ativos na memoria". O rapaz fala cinco idiomas...
Sobre as saudades, ele responde: "E' claro que tambem sinto falta dos amigos. De pouca gente e voce esta' nesse grupo querido. Ainda volto pra passear, logo logo. Talvez em uns 6 meses, ou ate' menos".

terça-feira, outubro 02, 2007

CAUSOS DA IMPRENSA 14

UM TEMPO QUE PASSOU



Clip sobre a canção Um Tempo de Passou de Chico Buarque e Sergio Godinho. Produção do Bar do Bulga

CAUSOS DA IMPRENSA 13

Essa abaixo foi deixada por um anonimo em um post do blog. Achei que valia a pena repetir aqui.

Tem uma legal do Montezuma, ocorrida em Porto Velho, nos anos 80. Durante os jogos estudantis, o pessoal da capital para sacanear a delegação de Ji-Paraná, coloca-a bem distante. Era para o pessoal cansar, jogar mal e perder.
O problema era levar refeição para os alojamentos distantes, demorava chegar (também um mecanismo para enfraquecer o espírito esportivo dos concorrentes mais fortes) e quando chegava o pessoal estava branco de fome.
Numa destas, uma garota desmaiou de fome. Foi um escândalo. Escândalo maior foi a manchete do jornal local no dia seguinte: "Desmaiou porque não foi comida no alojamento".
O duplo sentido da frase, mais o escândalo do dia anterior, quase acabou com a competição.

segunda-feira, outubro 01, 2007

CASA DO NOCA



Certa noite na Casa do Noca...

CAUSOS DA IMPRENSA 12

O editor de fotografia disse ao fotógrafo:

- Temos que fotografar um cantor. O nome dele é Boi e vai cantar hoje a partir das 7 horas no Cupim Mania

O fotografo anotou o recado e partiu para o restaurante de Maringá, especializado em carnes, sobretudo o cupim. O fato é que o Cupim Mania tem em sua fachada um boi de plástico em tamanho natural como forma de chamar a atenção de quem passa pela Avenida JK. Uma hora depois o fotógrafo pegou o celular e ligou para o editor:

- As fotos já foram feitas, mas esse boi não canta, não !

CAUSOS DA IMPRENSA 11

Essa eu recebi do jornalista Antonio Roberto de Paula. Eis a íntegra:

Em 1996, trabalhava como repórter de O Diário. Pouco depois das 14 horas de um dia que não me recordo, saímos eu e o Walter Fernandes, o fotógrafo com quem eu gostava de fazer matérias. Walter tem umas sacadas interessantes, não tem pressa de ir embora e fica calado durante a entrevista, mas se a gente fizer sinal para ele entrar na conversa, participa numa boa. Pois bem, eu e o Walter fomos fazer uma reportagem na Receita Federal. Não me lembro se era a respeito da greve dos auditores e fiscais ou outro assunto. Na pauta, tínhamos que entrevistar o superintendente. Chegamos, tomamos o elevador e, antes de chegar à ante-sala do entrevistado, uma moça solícita nos atendeu e pediu que a acompanhássemos. Enquanto aguardávamos, falei para o Walter da importância em atender bem a imprensa. O Walter concordou, comentando que em alguns órgãos públicos era difícil obter informações. Pôxa, na Receita, a moça estava na porta do elevador para nos recepcionar! Depois de algum tempo, ela nos levou para uma sala que não era a do superintendente. Não havia ninguém lá. Sorridentes, ficamos meio sem jeito como que perguntando “Cadê o homem?”. Ela sorriu também e apontou um aparelho de ar-condicionado na parede. Nós ficamos sem entender. Aí ,ela disse: “Vocês não vieram consertar o ar?” “Não, moça, a gente veio entrevistar o superintendente.” Notamos nela um misto de surpresa e desapontamento. Até hoje eu e o Walter caímos na risada quando lembramos desse fato, que ao longo dos anos vem sofrendo variações conforme aumenta o número de pessoas que tomam conhecimento da história. Ela estava pouco preocupada com jornalistas. Queria era resolver o problema no aparelho. Aquela enorme sacola preta que o Walter carregava – acho que ainda carrega – confundiu a moça. No fim, entrevistei o homem e o Walter fez as fotos. A gente contou a história na redação e durante um bom tempo muitas piadas fizeram conosco por conta da confusão.