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sábado, novembro 08, 2025

"O Fantasma da Ópera"

um trecho icônico de "O Fantasma da Ópera" (originalmente em francês: Le Fantôme de l'Opéra), de Gaston Leroux, seguido pela versão em português da famosa canção do musical de Andrew Lloyd Webber:



Trecho do Livro (Gaston Leroux)

"Erik (o Fantasma) diz a Christine:
'Não sou um anjo, nem um gênio, nem um fantasma... Sou Erik! E se eu te disser que, sob esta máscara de morte, há um coração que não sabe senão amar, você me acreditaria?'"

Este diálogo encapsula a tragédia do personagem: um homem deformado, genial e solitário, cujo amor se transforma em obsessão.


Trecho da Canção (Musical de Andrew Lloyd Webber)

[Christine]
"Por entre os sonhos meus, sempre a cantar
Aquela voz dos breus, a convidar
Será que o sonho então, não tem mais fim?
O Fantasma da Ópera está dentro de mim..." 

[Fantasma]
"Cantemos outra vez, em uma voz
Em meu poder estás, estreitos nós
Tu vais olhar pra trás, mas mesmo ali
O Fantasma da Ópera está dentro de ti...


Contexto dos Trechos

  • No livro: O trecho reflete a dualidade de Erik, que oscila entre a ameaça e a vulnerabilidade, implorando por aceitação 

  • No musical: A letra (traduzida por Claudio Botelho) destaca a conexão hipnótica entre Christine e o Fantasma, com metáforas de controle e devoção 

sexta-feira, novembro 07, 2025

Grandes Naufrágios - Mary Celeste




O Mary Celeste zarpou de Nova Iorque com destino a Génova, em Itália, a 7 de Novembro de 1872. A bordo seguiam o comandante, a mulher, uma filha criança ainda e uma tripulação de sete homens. Até hoje, ninguém sabe o que aconteceu ao Mary Celeste.

Quase um mês após ter partido de Nova Iorque, o navio foi encontrado abandonado a norte dos Açores. Tudo se encontrava em ordem: os velames estavam desfraldados e havia comida à vontade. A nave apresentava-se perfeitamente navegável e não havia quaisquer circunstâncias anormais. Mas o navio estava deserto. A tripulação e os passageiros do Mary Celeste tinham simplesmente desaparecido.

Foram apresentadas várias teorias para justificar tal desaparecimento, e nas viagens posteriores o Mary Celeste permaneceu uma das mais estranhas histórias do mar. O enigma nunca foi solucionado e continua a ser explorado nos mais diversos âmbitos.

Posteriormente, o Mary Celeste continuou a fazer várias viagens, mas sem grande sucesso financeiro e, finalmente, segundo alguns cronistas, a sua carreira terminou quando foi conduzido deliberadamente contra um recife, perto do Haiti.


Análise:

1. O Mistério Original

  • O caso do Mary Celeste é um clássico do mistério marítimo, frequentemente confundido com casos sobrenaturais, pirataria ou abduções — embora nenhuma explicação tenha sido definitivamente comprovada.

  • Quando o navio foi avistado por outro cargueiro, o Dei Gratia, navegava sem rumo mas em perfeitas condições. Havia comida, água, carga e nenhum sinal de luta ou tempestade.

2. Teorias e Lendas

  • Evacuação precipitada por suspeita de vazamento de álcool (parte da carga era álcool industrial)? Talvez, mas não há provas.

  • Ataque pirata? Não havia sinais de violência.

  • Motim? Possível, mas os bens de valor estavam a bordo.

  • Fenômeno natural inexplicável? Correntes magnéticas, ondas anômalas, ou algo mais... obscuro?

Essas lacunas abriram espaço para uma infinidade de lendas. O Mary Celeste se tornou o modelo de navio fantasma por excelência, alimentando a literatura (inclusive um conto sensacionalista de Arthur Conan Doyle, antes da fama de Sherlock Holmes) e o imaginário popular até hoje.

3. O Fim da Embarcação

  • Após o episódio misterioso, o Mary Celeste nunca mais teve uma carreira de sucesso.

  • Em 1885, em uma fraude de seguros, foi propositalmente naufragado nas costas do Haiti. Ironicamente, seu fim foi um crime bem mundano, depois de anos de especulação mística.



O Mary Celeste é o “Triângulo das Bermudas em forma de navio”: nenhuma explicação é suficientemente satisfatória, e quanto mais o tempo passa, mais ele pertence à mitologia do mar do que à história propriamente dita.

quinta-feira, novembro 06, 2025

THE OLD DARK HOUSE (1932) dir. James Whale


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The Old Dark House (1932), dirigido por James Whale, é um dos marcos fundadores do horror gótico no cinema sonoro e um dos filmes que mais contribuíram para estabelecer o “modelo de casa assombrada” no imaginário do gênero. Abaixo, segue uma análise crítica detalhada — estética, narrativa e simbólica — considerando sua importância histórica e influência posterior.


🕯️ Contexto histórico e posição na obra de Whale

Produzido pela Universal Pictures, o filme surge logo após Frankenstein (1931), em que Whale havia redefinido o horror com uma combinação singular de expressão visual e ironia dramática.
Em The Old Dark House, ele desloca o foco do monstro “construído” (como em Frankenstein) para o monstro doméstico, o interior da família e do lar — antecipando temas que o horror gótico britânico e americano explorariam durante décadas.

O roteiro, baseado no romance Benighted (1927) de J. B. Priestley, já tratava de classe social, decadência e loucura doméstica, mas Whale o transforma num teatro de sombras e de humor negro, mais psicológico que sobrenatural.


🏚️ Enredo e estrutura dramática

Um grupo de viajantes, pegos por uma tempestade, busca abrigo em uma mansão isolada, pertencente à estranha família Femm.
Dentro da casa, encontram personagens excêntricos: o patriarca fanático, a irmã autoritária, o mordomo sinistro Morgan (Boris Karloff), e figuras ainda mais perturbadoras escondidas no andar de cima.
O enredo segue o molde da “noite de confinamento” — todos presos sob o mesmo teto, revelando segredos e tensões enquanto a noite avança.

Essa estrutura seria copiada e reconfigurada inúmeras vezes: de The Cat and the Canary (1939) e House on Haunted Hill (1959) até The Rocky Horror Picture Show (1975), que cita diretamente The Old Dark House em sua estética e ironia.


🎭 Personagens e simbolismo social

Whale transforma o núcleo familiar em uma alegoria da decadência vitoriana e da repressão moral:

  • Rebecca Femm (Eva Moore): a guardiã da moralidade e da superstição; uma caricatura da velha Inglaterra puritana.

  • Horace Femm (Ernest Thesiger): efeminado, frágil e espirituoso — uma das representações queer mais sutis do horror clássico, antecipando o modo como Whale (ele próprio gay) inseria ironia e ambiguidade sexual em suas obras.

  • Morgan (Karloff): o “monstro doméstico”, bêbado e violento, que combina brutalidade física com patetismo humano. Ele é o elo entre o horror físico e o psicológico.

O filme sugere que o verdadeiro terror não vem de fantasmas, mas das patologias sociais e familiares — repressão, degeneração, isolamento, e desejo reprimido.
Whale usa o “lar” — o espaço seguro por excelência — como prisão. Assim, The Old Dark House funciona como uma crítica ao colapso dos valores tradicionais da Inglaterra pós-Primeira Guerra Mundial.


💡 Estilo visual e sonoro

O filme é um exemplo notável do uso do expressionismo alemão adaptado ao cinema sonoro americano:

  • Fotografia de Arthur Edeson (também de Frankenstein e The Maltese Falcon) com contrastes radicais de luz e sombra, evocando instabilidade e paranoia.

  • Os interiores são filmados com profundidade e ângulos deformados, transformando a arquitetura em algo orgânico e ameaçador.

  • Whale usa o som — trovões, portas, vozes distantes — para criar um horror atmosférico antes que o cinema dominasse o uso de trilhas sonoras contínuas.

  • O humor macabro, pontuado por diálogos ácidos, cria um tom ambíguo: rimos e nos inquietamos ao mesmo tempo.

Essa mescla de comédia e terror foi a marca pessoal de Whale, e influenciou diretamente obras como Bride of Frankenstein (1935), de tom ainda mais irônico e camp.


🔮 Interpretações temáticas

  1. O horror da domesticidade – O lar, ao invés de refúgio, é revelado como espaço de loucura e repressão.

  2. O pós-guerra e o fim da aristocracia – A família Femm representa a ruína de uma classe social decadente.

  3. A alteridade e o estranho – A visita inesperada dos viajantes quebra a ordem doméstica, trazendo à tona o que estava reprimido.

  4. Subtexto queer – Whale projeta o “estranho” (no sentido de uncanny e de queer) dentro do cotidiano, subvertendo normas de gênero e comportamento.


⚰️ Legado e influência

Apesar de não ter sido sucesso comercial em 1932, The Old Dark House foi redescoberto nas décadas seguintes e hoje é considerado fundamental na genealogia do horror moderno.
Ele estabeleceu:

  • A estrutura da “casa maldita” como microcosmo da sociedade.

  • O uso do humor negro como ferramenta de desconforto.

  • A ideia de que o monstro é o humano deformado pela moral ou pelo medo, e não necessariamente uma criatura externa.

Diretores como Roman Polanski (O Bebê de Rosemary), Robert Wise (The Haunting), e até Jordan Peele (Get Out) seguem o mesmo princípio: o horror nasce do espaço doméstico, do convívio social, e das hierarquias do poder dentro da casa.


🩸 Conclusão crítica

The Old Dark House é menos sobre o sobrenatural e mais sobre o mal-estar humano em tempos de decadência moral.
James Whale cria um terror que antecipa o horror psicológico moderno — misturando humor, crítica social e atmosfera gótica — e transforma o lar em metáfora da própria mente: escura, cheia de portas trancadas e segredos inomináveis.

Em termos de história do gênero, ele representa a ponte entre o expressionismo europeu e o horror americano moderno, inaugurando um tipo de filme que usa o medo como espelho das neuroses sociais e sexuais do seu tempo.


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CAMAHUETO

 



Criatura semelhante a um unicórnio com chifre brilhante. Nasce em terrenos úmidos e destrói tudo em seu caminho até o mar. É capturado apenas por bruxos conhecedores de magia. Seu chifre é curativo (reumatismo, anemia), mas em excesso pode causar loucura. Misturado a mel e chicha de maçã, restaura o vigor.


 Essas figuras pertencem à mitologia chilota, especialmente do arquipélago de Chiloé, no sul do Chile. Com raízes indígenas (mapuche) mescladas à cosmovisão cristã colonial, esses mitos expressam:

Controle social e papéis de gênero (ex: Viuda e Trauco regulam sexualidade feminina e masculina);

O medo do sobrenatural, da natureza e do desconhecido (ex: Invunche, Fiura);

A presença de um mundo mágico paralelo, onde bruxos e seres fantásticos operam regras próprias;

Uma clara divisão entre "limpos" (puros, inocentes) e "bruxos" (desviantes, perigosos), refletindo tensões culturais.

A linguagem é vívida, sensorial, muitas vezes grotesca, revelando um imaginário coletivo profundamente ligado ao ambiente natural e à vida insular.

quarta-feira, novembro 05, 2025

BRUJO

 



📜

Também chamado de Calcu, Pela-peito, Mau cristão.

Inimigo dos “puros”, seu poder é imenso, podendo transformar ou alterar coisas e pessoas de forma inacreditável.

Os bruxos em Chiloé fundaram uma instituição chamada Recta Provincia, com sua sede ("Casa Grande") próxima ao povoado de Quicaví.
Lá realizam seus “aquelarres” protegidos por uma criatura chamada Invunche.

Para ingressar na “Maioria” e exercer sua “Arte”, o bruxo precisa cumprir certos requisitos.

Para identificá-lo, joga-se farelo numa brasa: se alguém espirra, é porque é bruxo. Para eliminá-lo, é preciso pegá-lo em flagrante. Caso contrário, morrerá em até um ano.


🔍 Análise:

O bruxo chilote é uma figura organizada, com hierarquia, regras e sociedade secreta — muito além do estereótipo de mago solitário. A Recta Provincia representa um poder oculto paralelo, com códigos, iniciações e proteção sobrenatural (o Invunche).

Diferente do curandeiro ou xamã, ele é associado ao mal e ao “antagonismo cristão”. Mas seu poder é respeitado — e temido.

O teste com farelo é um recurso de justiça popular mágica, revelando a forma como essas crenças permeiam o cotidiano e o julgamento moral nas comunidades tradicionais.

terça-feira, novembro 04, 2025

CAMAHUETO

 



📜

Ser mitológico chilote, parecido com um unicórnio por ter um único chifre na testa, que brilha nas noites de lua.

Quem diz ter visto o Camahueto afirma que ele é ágil, vigoroso e muito belo.

Nasce e se desenvolve em lugares com cachoeiras ou terrenos pantanosos, vivendo ali até os 25 anos (idade adulta), quando migra ao mar.
Em sua jornada, destrói plantações e a natureza ao seu redor.

Quando se sabe que há um Camahueto em alguma terra, a pessoa busca um bruxo, que o laça com uma corda de sargaço para levá-lo ao mar sem causar danos.

O Camahueto só pode ser capturado por alguém que conhece “a arte”, sempre na terra e em noite de lua cheia, para que se possa cortar seu chifre — o qual, sem ele, o torna manso como um cordeiro.

A seu chifre atribuem-se poderes curativos: é raspado para tratar reumatismo, anemia, etc.
Porém, em doses excessivas, pode causar loucura (esquizofrenia).

Se misturado com mel e chicha de maçã, restaura o vigor, deixando a pessoa como um “potro na primavera”.


🔍 Análise:

O Camahueto é uma criatura híbrida: parte touro, parte unicórnio, com forte ligação ao poder natural e místico. Ele representa força destrutiva quando jovem, mas também cura e vitalidade ao se sacrificar (seu chifre).

É uma figura ligada à natureza bruta e medicinal, cuja domesticação só é possível com conhecimento mágico tradicional — daí a necessidade de um bruxo experiente.

A menção a overdose e loucura reflete um tema importante: o limite tênue entre cura e maldição, típico da medicina popular.

segunda-feira, novembro 03, 2025

RIP Lô Borges


                                  Salomão Borges Filho (Belo Horizonte, 10 de janeiro de 1952 – 

                                                  Belo Horizonte, 2 de novembro de 2025), ]


  • "Trem Azul" – (Lô Borges / Ronaldo Bastos)
    Uma das canções-símbolo do Clube da Esquina, mistura lirismo, transcendência e suavidade pop-mineira.

  • "Tudo que Você Podia Ser" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Faixa de abertura de Clube da Esquina (1972); juventude, utopia e estrada.

  • "Um Girassol da Cor do Seu Cabelo" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Uma das mais belas expressões do espírito do grupo mineiro.

  • "Para Lennon e McCartney" – (Lô Borges / Márcio Borges / Fernando Brant)
    Homenagem ao rock britânico, com pegada psicodélica e harmonia ousada.

  • "Paisagem da Janela" – (Lô Borges / Fernando Brant)
    Poesia e melodia cristalinas, símbolo da estética sonora mineira.

  • "Cravo e Canela" – (Milton Nascimento / Ronaldo Bastos / Lô Borges)
    Groove e misticismo em perfeita fusão.

  • "Equatorial" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Atmosfera onírica e ritmos tropicais num dos momentos mais criativos do disco Via Láctea (1979).

  • "Aos Barões" – (Lô Borges / Ronaldo Bastos)
    Um dos pontos altos do disco do tênis (1972), com arranjo vibrante e letra surreal.

  • "Você Fica Bem Melhor Assim" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Melodia pop perfeita, um dos momentos mais acessíveis do álbum de estreia.

  • "Clube da Esquina nº 2" – (Lô Borges / Milton Nascimento / Márcio Borges)
    Continuação emocional do manifesto mineiro, mais introspectiva e sofisticada.

  • "Nuvem Cigana" – (Lô Borges / Ronaldo Bastos)
    Melancolia e esperança em uma das mais belas canções de Via Láctea.

  • "Vento de Maio" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Do disco Nuvem Cigana (1982); suave, solar e cheia de imagens poéticas.

  • "Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Balada delicada e atemporal, regravada por diversos artistas.

  • "O Caçador" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Sonoridade etérea e letras simbólicas — puro espírito do Clube.

  • "Feira Moderna" – (Lô Borges / Beto Guedes)
    Um hino à liberdade e à reinvenção, com estrutura musical ousada.

  • "Canção Postal" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Melancolia e viagem — marca registrada do autor.

  • "Homem da Rua" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Canção mais urbana e sombria, de uma fase madura e introspectiva.

  • "Dois Mil e Um" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Psicodelia mineira no auge — riffs e imagens cósmicas inesquecíveis.

  • "Um Dia" – (Lô Borges / Márcio Borges)
    Encerramento simbólico: simplicidade, voz suave e contemplação.

  • Grandes Naufrágios - Blue Jacket

     


    O cargueiro *Blue Jacket* partiu de Plymouth, na Inglaterra, com destino a Cardiff, no País de Gales, quando sua viagem foi abruptamente interrompida. Em 1898, ao largo de Land's End, na extremidade sudoeste da Cornualha, o navio colidiu com os rochedos perigosos da área conhecida como Longships. Ninguém sabe exatamente como o *Blue Jacket* se chocou contra as rochas, mas o relato de John Fowles, extraído do livro *Shipwreck*, revela como a navegação segura exige vigilância constante.

    Segundo o relato:  

    "O comandante desceu com sua esposa para o camarote às 21h30, deixando o imediato de vigia. Por volta da meia-noite, foi acordado por um choque violento e percebeu que o navio estava encalhado, iluminado pela luz do farol, com as rochas visíveis a curta distância. O comandante, sua esposa e a tripulação foram resgatados pelo navio *Stour*. Permanece um mistério como o imediato deixou de perceber o perigo – as condições meteorológicas, embora não ideais, permitiam visibilidade de várias milhas. O *Blue Jacket* permaneceu preso naquela posição precária por mais de um ano."

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    1. **Fatos Históricos**  

    O incidente do *Blue Jacket* em 1898 ilustra os perigos da navegação costeira, especialmente em áreas como Land's End, conhecida por suas águas traiçoeiras e formações rochosas. O relato sugere falha humana na vigilância noturna como causa provável do acidente.

    2. **Detalhes do Acidente**  

    - O momento do choque (meia-noite) e a transferência do comando para o imediato seguem um padrão comum em naufrágios causados por erro humano  

    - A visibilidade "de várias milhas" mencionada torna ainda mais inexplicável a falha em detectar o perigo  

    - O resgate pelo *Stour* e o fato do navio permanecer encalhado por um ano são detalhes que corroboram registros históricos de acidentes similares


    . Contexto Literário*

    A citação de John Fowles (autor de *The French Lieutenant's Woman*) adiciona valor literário ao relato, transformando um simples acidente naval em uma reflexão sobre a fragilidade humana frente às forças da natureza.

    Referências:**

    - Registros do Museu Marítimo Nacional (Reino Unido)  

    - Obra *Shipwreck* de John Fowles  

    - Arquivos históricos de acidentes marítimos na Cornualha  


    domingo, novembro 02, 2025

    Raul de Leoni - Um poeta de retaguarda

     Título: Um poeta de retaguarda

    Data: 29/Out/95  Folha de São Paulo

    Autor: Leyla Perrone-Moisés


    Amanhã faz cem anos que nasceu Raul de Leoni, autor que ainda hoje incomoda a crítica 

    LEYLA PERRONE-MOISÉS

    Especial para Folha 



    "Morre cedo os que os Deuses amam", disse Fernando Pessoa a respeito de Mário de Sá-Carneiro. Essa frase, pelo que diz e pela forma de dizer, conviria a um contemporâneo brasileiro dos dois poetas portugueses: Raul de Leoni, que morreu de tuberculose em 1926, aos 31 anos de idade.

    Raul de Leoni é um poeta incômodo para a crítica e para a historiografia literária. Teve a infelicidade de publicar seu único livro ("Luz Mediterrânea") em 1922, ano divisor de águas nas artes brasileiras; de modo que seu livro, escrito anteriormente, já nasceu antigo. Leoni pertence àquele período indistinto e eclético das primeiras décadas do século 20, que em poesia tanto pode ser chamado de neoparnasiano, neo-simbolista como de pré-modernista, conforme se olhe para o passado ou para o futuro.

    Deste período, a crítica costuma resgatar apenas um poeta: Augusto dos Anjos. Entretanto, sentimos um vago sentimento de injustiça quando relemos Raul de Leoni. Embora não possamos elevá-lo à categoria de poeta maior (sua obra é pequena, desigual e anacrônica), não seria justo descartá-lo como poeta menor. "Poeta autêntico", como o classificou Otto Maria Carpeaux e mais tarde Alfredo Bosi, é o qualificativo que melhor lhe convém. Leoni, diferentemente de tantos contemporâneos seus, não é frívolo, nem convencional, nem sentimental, nem palavroso. Do parnasianismo, tem o rigor formal; do simbolismo, adota, em outros poemas, o verso livre e divagante. Mas não é frio e acadêmico como os parnasianos, nem evanescente e precioso como os simbolistas. É um neoclássico muito particular, único, por muitos aspectos, em nossa poesia. Diz Andrade Muricy: "Raul de Leoni colocava-se na confluência de várias correntes, mas conservando autonomia perfeita".

    Praticamente esquecido nos dias de hoje, Leoni foi unanimemente apreciado em seu tempo. Ronald de Carvalho, Nestor Vítor, Alceu Amoroso Lima, Sérgio Milliet, Agrippino Grieco, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, entre outros, elogiaram sua poesia. "Foi aceito e festejado por todos", diz Andrade Muricy.

    Embora constituída em grande parte de sonetos exatos, a poesia de Raul de Leoni não é lapidar, como a dos parnasianos; é cristalina, pela nitidez, pelo brilho discreto, pela sonoridade clara. A metáfora do cristal, presente em seus poemas, é a que ocorre mais frequentemente àqueles que falam de sua obra. Agrippino Grieco, em seu estilo florido e tagarela, encontra fórmulas muito saborosas para definir Leoni: "carrilhoneiro de pequenos sinos de ouro", "mão de rendeira, "versos incorpóreos", antes desenhados no ar que traçados no papel.

    Surpreende, nessa poesia, a extrema simplicidade dos recursos no tratamento de temas filosóficos, psicológicos, estéticos. O tom é coloquial, o vocabulário é quase sempre comum. As imagens são elementares, tiradas dos aspectos mais gerais da natureza: árvores, folhas, flores, raízes, conchas. A métrica e a rima parecem acontecer por acaso, numa fala naturalmente ritmada. O resultado é altaneiro sem presunção e convincente sem ênfase. É por essa coloquialidade, esse poder de síntese e esse despojamento que Leoni é um poeta moderno.

    Seduzem, em "Luz Mediterrânea", imagens de rara felicidade: "Os pinheiros pensavam cousas longas/ Nas alturas dormentes e desertas;" "a prata dos luares sedativos;" "a linha leviana das estradas;" "a memória volúvel das areias;" "mais leve do que a euforia de um anjo" etc. É nesses acertos verbais, nessa "naturalidade" dos achados que se reconhece o autêntico poeta. "Uma naturalidade de expressão melodiosa muito penetrante, uma espontaneidade impressionante, escreveu Sérgio Milliet a respeito dele. O melhor de Leoni, para a sensibilidade de hoje, não está em seus sonetos perfeitos, de elaborados fechos de ouro, mas em certos versos de ritmo encantatório e em certas imagens que, encontradas, parecem terem sempre estado ali. Essas imagens têm uma visualidade que se comunica como evidência.

    Alguns o consideraram um poeta em quem o pensamento se sobrepõe à poesia, um filósofo versejador. Não é verdade e é fácil comprová-lo. Qual é o pensamento, ou a filosofia de Raul de Leoni? Resume-se a bem pouco, em extensão e em profundidade: a perseguição de um ideal, as decepções do mundo, a busca da serenidade na abnegação altiva, no recurso à ironia, ao sonho, e na fruição instintiva das alegrias da existência. Um vago platonismo, curiosamente pincelado com traços nietzschianos. Mas essa pouca filosofia é formulada com uma elegante precisão: "Não é preciso crer nas cousas, /basta amá-las, Sendo que amar é muito mais /que crer..."

    Essa simplicidade de tom e essa justeza de ritmo, que nos incitam a reter de cor os seus versos, são a maior garantia de que Leoni é sobretudo poeta, alguém que faz com que as idéias adquiram vida nas palavras. O que é original nessa poesia, dentro do contexto brasileiro, é a capacidade de abstração, a ausência de sentimentalismo e de grandiloquência, a despersonalização que busca a universalidade, o domínio pleno e consciente de seu instrumento. Dessa discrição resulta um acento de autêntica emoção.

    Embora original em nosso meio, Raul de Leoni é bem representativo de certas tendências de sua época, que morreram de morte súbita com a revolução modernista. No momento de sua concepção, essa poesia correspondia a aspirações estéticas e fundamentações ideológicas ainda muito ativas. Como explicar esse fulgor de uma "luz mediterrânea" num tempo de penumbrismo?

    O próprio título da coletânea remete para a ideologia da latinidade, de origem francesa, que alimentou na virada do século obras tão diversas como as de Anatole France e de Paul Valéry, dos quais Raul de Leoni era leitor. A origem desse conceito tão forte quanto fluido, que se expressou politicamente tanto em escritores reacionários (Maurras) como em escritores progressistas (Anatole France), está na derrota da França para a Alemanha, em 1870, e no crescimento arrogante do Império Britânico. As reflexões sobre a decadência dos povos latinos coincidem com o decadentismo em arte. E provocaram uma reação inversa, a valorização das culturas mediterrâneas e o incentivo a seu renascimento. Veja-se, a esse respeito, o livro de Pierre Rivas, recém-editado pela Hucitec: "Encontro Entre Literaturas. França - Portugal - Brasil".

    No início do século 20, todos os visitantes franceses que vieram ao Brasil (Anatole France, Clemenceau, Jaurès) saudavam o país como terra em que se antevia o futuro glorioso da latinidade. Em 1914, Paul Adam publicava seu livro de torna-viagem, "Les Visages du Brésil", no qual se refere às "faces dessas forças latinas que, em 400 anos, instalaram no Novo Mundo o espírito do Mediterrâneo, com toda a sua estranheza, todo o seu divino poder de criação."

    Leoni bebeu dessas fontes. Jovem da alta burguesia carioca, afilhado do presidente Nilo Peçanha, diplomata e deputado "de segundo time" segundo ele mesmo, Leoni leu ou ouviu esses autores franceses e assumiu a tarefa de difundir aqui essa "luz mediterrânea". O que ficou dessa ideologia em sua obra é o que mais envelheceu e às vezes incomoda, pelo elogio da raça ariana e pelo eugenismo com ranços de Gobineau.

    Embora entusiasta da latinidade, quando teve a oportunidade de viver como diplomata em Roma, Leoni abandonou o cargo e a carreira por ter ficado com "saudades de sua gente". Viver com sua gente, para ele, era frequentar a boêmia da Lapa e, depois de doente, conversar com os tropeiros e caipiras de seu sítio em Itaipava, imaginando que estes eram pastores virgilianos. Tudo indica que foi a doença e a morte precoce que salvaram Leoni do oficialismo e do academismo que o rondavam. Isolado, pelas circunstâncias, em seu retiro espiritual, o poeta pôde desenvolver o melhor que havia nele: a meditação existencial e a especulação metafísica, um humanitarismo sincero e a busca do essencial na expressão poética.

    O orgulho da alma greco-latina era embaçado pelo ceticismo da época, resultando numa amargura aristocrática que irmanava Leoni, para além do Atlântico, com os poetas portugueses de "Orpheu", como ele defensores da Poesia e da Beleza (com maiúsculas) num tempo em que o papel das mesmas se torna duvidoso, e indecisos entre o decadentismo e o modernismo. Por coincidência de sensibilidade epocal, e não por influência direta, há toques de Pessoa e Sá-Carneiro na poesia de Leoni. Este prega um "epicurismo triste" como o do neoclássico Ricardo Reis, exalta a simplicidade e a naturalidade como Alberto Caeiro e sofre da crise do sujeito como Fernando Pessoa ele-mesmo.

    Impossível não reconhecer a temática pessoana em versos como estes, de Leoni: "A alma da gente muda tanto nesta vida,/ Na sua história escrita sobre a areia,/ Que um dia, ao recordar-se de si mesma,/ Numa hora esquecida,/ Já nem se reconhece mais e sente,/ Estranhamente,/ Que tudo aquilo que ela está lembrando,/ São as recordações de uma alma alheia!..."

    Ou não lembrar Ricardo Reis ("Tenho mais almas que uma/ Há mais eus do que eu mesmo"), quando lemos Leoni: "Alma estranha esta que /abrigo, Esta que o Acaso me deu, Tem tantas almas consigo, Que eu nem sei bem quem /sou eu."

    Essa temática do eu dividido e perdido, embora característica da crise do sujeito na modernidade, tem uma longa tradição na poesia de língua portuguesa. Na mesma forma simples de quadras com versos de sete sílabas, ela começa no famoso poema de Sá de Miranda (século 16): "Comigo me desavim Sou posto em todo perigo; Não posso viver comigo Nem posso fugir de mim." 

    E ressurge em Fernando Pessoa, como em Mário de Sá-Carneiro: "Perdi-me dentro de mim Porque eu era labirinto, E hoje, quando me sinto, É com saudades de mim." 

    Poeta da estirpe pessoana, buscando aliar o sentir e o pensar, Leoni aponta para as mesmas possibilidades de solução sugeridas pelo poeta português: o elogio do instinto, da naturalidade, da ingenuidade, da infância. Diz Pessoa: "Olha-me rindo uma criança E na minha alma madrugou, Tenho razão, tenho esperança Tenho o que nunca me bastou." 

    Leoni também se encanta com as crianças: "Eu tenho tanta pena das /crianças! (...) São toda a Humanidade que /renasce, Ingênua, simples e maravilhada, Como a primeira vez que /apareceu."

    Há em Leoni, correlato à proposta de um neopaganismo, o sonho de um cristianismo alegre e sem culpa, como aquele que Alberto Caeiro personificou em seu irreverente Menino Jesus: "Sonho um cristianismo /singular (...) Um cristianismo sem renúncia /e sem martírios, Sem a pureza melancólica dos /lírios, Temperado na graça natural..." 

    Entretanto, "está para sempre envenenada a alma humana, como dizia Pessoa. Para os poetas que pensam, o sentimento simples se transforma automaticamente em pensamento complexo. Sobre eles, pesa a condenação do conhecimento, expressa de forma angustiada no "Fausto de Pessoa e num poema de Leoni, com palavras que parecem as mesmas: "Pensei demais, e agora sei Que tudo que eu pensei estava /errado... De tudo, então, ficou somente /em mim O pavor tenebroso de pensar, Porque as idéias nunca tinham /fim..."

    Essa poesia carregada de "emoção filosófica (expressão de Rodrigo Mello Franco, retomada e comentada por Sérgio Milliet), tem uma qualidade universal e atemporal que lhe garante, senão a imortalidade em que não cremos mais, pelo menos aquele "longo assentimento de que falava Kant.

    Pessoa resolveu o conflito entre as diversas tendências de sua personalidade e da estética de seu tempo multiplicando-se nos heterônimos. Ricardo Reis permaneceu clássico, Alberto Caeiro adotou a coloquialidade moderna, Álvaro de Campos incorporou todo o frenesi modernista e o Ele-mesmo ficou com as brumas simbolistas e a falsa simplicidade das canções tradicionais.

    Leoni não teve a força ou o tempo necessários para ser diferente do que foi. Mas os fragmentos em prosa que deixou mostram, nele, a consciência dos dilemas estéticos de sua época, incluindo o reconhecimento da emergência de uma poesia diversa da sua, "extremamente sintética, intensa, dinâmica, livre, consistindo, quase, em pura sugestão, em que se condense, no recorte de uma imagem, todo um mundo de idéias associadas". Essa "arte de um homem que não pode perder tempo interior" seria a dos modernistas.

    Assim como Leoni compreendia os modernistas em sua diferença, muitos modernistas o compreenderam. O reconhecimento do valor da poesia de Leoni não deve implicar nenhuma valorização nostálgica da poesia neoclássica em prejuízo das conquistas imediatamente posteriores das vanguardas, definitivas e de consequências infinitamente maiores para a poesia brasileira de nosso século. Mas também me parece descabido que desprezemos um autêntico poeta, ou fenômenos históricos como o neoclassicismo latinizante do início do século, em nome de uma vanguarda ela mesma já histórica e plenamente reconhecida.

    Vistas deste fim de século, as fronteiras entre essas últimas manifestações neoclássicas ou decadentistas, estetizantes e metafísicas, e as primeiras manifestações modernistas só existem no esquematismo dos manuais literários. Na prática, essas tendências conflituosas coexistiram, com notáveis resultados, em poetas da grandeza de um Valéry ou de um Pessoa. E se manifestaram, com consequências bastante felizes, em nosso Raul de Leoni.

    LEYLA PERRONE-MOYSÉS é ensaísta e crítica literária, autora de "Vinte Luas", entre outros

      MEFISTO

    Espírito flexível e elegante,

    Ágil, lascivo, plástico, difuso,

    Entre as cousas humanas me conduzo

    Como um destro ginasta diletante.

    Comigo mesmo, cínico e confuso,

    Minha vida é um sofisma espiralante;

    Teço lógicas trêfegas e abuso

    Do equilíbrio na Dúvida flutuante.

    Bailarino dos círculos viciosos,

    Faço jogos sutis de idéias no ar

    Entre saltos brilhantes e mortais.

    Com a mesma petulância singular

    Dos grandes acrobatas audaciosos

    E dos malabaristas dos punhais..."

    Extraídos de "Luz Mediterrânea" (1922)

     

    PARA A VERTIGEM!

    Alma, em teu delirante desalinho,

    Crês que te moves espontaneamente,

    Quando és na Vida um simples rodamoinho,

    Formado dos encontros da torrente!

    Moves-te porque ficas no caminho

    Por onde as cousas passam, diariamente:

    Não é o Moinho que anda, é a água corrente

    Que faz, passando, circular o Moinho...

    Por isso, deves sempre conservar-te

    Nas confluências do Mundo errante e vário,

    Entre forças que vêm de toda parte.

    Do contrário, serás, no isolamento,

    A espiral cujo giro imaginário

    É apenas a Ilusão do Movimento!...'

    Poemas de RAUL DE LEONI

     



     


    sábado, novembro 01, 2025

    Caleuche

     (Buque de arte, Buque Fantasma)



    Barco fantasma que aparece y desaparece con una gran facilidad. En días de neblina, quienes han logrado verlo, cuentan que es un barco maravillosamente iluminado y que su tripulación (brujos) cantan y bailan al compás de preciosas melodías con las cuales atraen y encantan a algunos comerciantes para surtirlos de mercaderías. Se cuenta que los comerciantes que han tenido contacto con los brujos se iniciaron con pequeñas cosas y hoy son comerciantes prósperos e importantes en la zona.
    También este barco tiene como misión, transportar a los brujos. Este se puede trasladar tanto bajo como sobre el mar.

    Este barco al desaparecer en forma inesperada deja en el ambiente un extraño ruido de cadenas y los ecos de la música.

    Muchas personas relacionan al Caleuche con un barco pirata holandés que viajaba por estos mares


    (Navio de arte, Navio Fantasma)


    Navio fantasma que aparece e desaparece com grande facilidade. Em dias de neblina, aqueles que conseguiram vê-lo contam que é um navio maravilhosamente iluminado e que sua tripulação (bruxos) canta e dança ao som de belas melodias, com as quais atraem e encantam alguns comerciantes para fornecê-los com mercadorias.

    Diz-se que os comerciantes que tiveram contato com os bruxos começaram com pequenas coisas e hoje são prósperos e importantes na região.


    Esse navio também tem como missão transportar os bruxos. Ele pode se mover tanto por baixo quanto por cima do mar.


    Quando esse navio desaparece de forma inesperada, deixa no ambiente um estranho som de correntes e ecos de música.


    Muitas pessoas relacionam o Caleuche a um navio pirata holandês que navegava por esses mares.


    🔍 Análise e interpretação:

    🌫️ Natureza sobrenatural e fantasmagórica

    O Caleuche é uma embarcação lendária do folclore do sul do Chile, especialmente da região de Chiloé. Ele surge como um navio encantado, de aparência magnífica, que aparece e desaparece misteriosamente. Sua relação com a neblina reforça o caráter ilusório e etéreo do mito.


    🧙 Bruxaria e sedução

    A tripulação é composta por bruxos que encantam comerciantes com música e dança — elementos de sedução e poder oculto. Esses comerciantes, após o contato com os bruxos, prosperam economicamente, o que insinua uma ligação entre sucesso material e pacto com forças ocultas.


    🚢 Função simbólica do navio

    O Caleuche atua como um veículo místico que transporta os bruxos, atravessando o mar por cima e por baixo. Isso o posiciona como uma espécie de “ponte” entre dois mundos: o visível e o invisível, o real e o mágico — quase como o Barco dos Mortos na mitologia escandinava ou o Barqueiro de Caronte na mitologia grega.


    🔗 Som de correntes e música

    Ao desaparecer, o navio deixa um rastro sonoro: correntes e música. Esse detalhe dá à lenda um tom cinematográfico e sensorial, como se o Caleuche continuasse presente mesmo após desaparecer. É um eco do sobrenatural no cotidiano dos vivos.


    🏴‍☠️ Conexão com o Holandês Voador

    A menção ao navio pirata holandês (provavelmente o Holandês Voador) mostra como o mito chilote se conecta com tradições marítimas globais, adaptando e transformando elementos europeus ao imaginário local.

    sexta-feira, outubro 31, 2025

    Good Boy

     Dirigido por Ben Leonberg (em sua estreia) e escrito por Leonberg & Alex Cannon



    Estrelado por Shane Jensen (como Todd), Arielle Friedman (como Vera), Larry Fessenden (como o avô) e Indy, o cão protagonista (um Nova Scotia Duck Tolling Retriever) que pertence ao diretor. 

    Duração: cerca de 73 minutos. 



    Estreia: Festival South by Southwest (SXSW) em 10 de março de 2025. 

    Lançamento nos EUA em 3 de outubro de 2025. 

    No Brasil,  estreia em 30 de outubro de 2025 pela Paris Filmes

    Orçamento estimado: US$ 750.000; arrecadação ~US$ 7 milhões. 



    A história acompanha Todd e seu cachorro Indy, que se mudam para uma antiga casa de campo (herança familiar) após um luto. A casa, há muito vaga, revela-se assombrada — mas só o cão consegue perceber completamente as entidades invisíveis, amedrontando-se com cantos vazios, rastros, visões do que aconteceu antes. Enquanto Todd sucumbe às forças sobrenaturais, Indy toma para si a tarefa de proteger seu dono. 


    O que distingue Good Boy é que a narrativa é vista através da perspectiva do cão — enquadramentos, foco visual e imersão são pensados para colocar o espectador no “nível dos olhos” de Indy. 

    Originalidade no ponto de vista: Poucos filmes de terror adotam a perspectiva de um animal e a tratam como protagonista — aqui, o cão não é coadjuvante, mas o “herói” da trama. Críticos destacam isso como refrescante. 

    Empatia emocional: A lealdade e o apego de Indy ao seu dono criam uma carga emocional que vai além dos sustos — há uma mistura de terror + afeto. 

    Visual / atmosfera: O trabalho de câmera, o uso de sombras, o fato de ver “algo acontecendo que o humano não percebe” — tudo isso reforça o suspense de modo eficaz. 

    Duração enxuta: Com cerca de 73 minutos, o filme se propõe a ser direto, o que ajuda a manter ritmo. 

    Embora a premissa seja forte, alguns críticos apontam que o roteiro não se aprofunda tanto quanto poderia, e que há sensação de repetição na metade para o final. 

    Lealdade e dependência: Indy representa o amigo fiel — mas também há a dinâmica de que o humano (Todd) está vulnerável e talvez dependente, enquanto o cão se torna o protetor.

    Medo do invisível / o que não vemos: O terror aqui não vem tanto de monstros explícitos, mas do que está “fora de campo” ou “que o humano não percebe” — o poder do ponto de vista animal reforça isso.

    Luto & trauma familiar: A mudança para a casa de campo, o legado do avô, a casa abandonada — todos esses indicam temas de história familiar, herança, e o peso dos que vieram antes (incluindo o sobrenatural).

    Inovação no gênero de casa assombrada: Ao aplicar a fórmula tradicional (mudança para casa isolada + entidade maligna) sob um prisma novo, o filme questiona o quanto ainda há para explorar no terror

    Tem potencial para discussões de técnica (câmera, enquadramento) e de história de gênero.

    É relativamente curto, o que facilita a inclusão como sessão no seu menu mensal — poderia render debate sobre “como ver o mundo com outros olhos”.

    Good Boy é um filme que revitaliza o horror de casa assombrada com uma abordagem criativa e emocional — apesar de não atingir profundezas máximas no roteiro, sua estética, o protagonismo animal e a carga afetiva o tornam memorável. Para amantes de terror que apreciam inovação mais do que choques extremos, é altamente recomendado.

    cachorro protagonista é “real” e não ator-profissional . O cão que interpreta Indy no filme é o próprio cão do diretor Ben Leonberg. 

    Indy não era “treinado para cinema” da forma usual, o que gerou muitos desafios — cenas demoravam bastante para serem filmadas, pois dependiam de comportamentos naturais do animal. 

    Como curiosidade: no título de “personagem”, o cachorro mantém o nome “Indy” também no filme — evita-se confundir, já que o animal responde naturalmente. 

    Apesar de o filme ter apenas ~73 minutos de duração, as filmagens se estenderam por cerca de 400 dias/três anos porque trabalhar com o cão como protagonista (comportamentos imprevisíveis) exigiu muito tempo. 


    quinta-feira, outubro 30, 2025

    Invite your friends over for a haunting!-1971

     Esse anúncio é um retrato delicioso da cultura de horror de consumo dos anos 1970 nos EUA, quando discos de efeitos sonoros, máscaras de borracha e kits de terror eram vendidos em revistas de quadrinhos, almanaques e gibis de terror/suspense.

    Invite your friends over for a haunting!-1971



    Convide seus amigos para uma... Assombração!

    ...com este disco de efeitos sonoros assombrados.

    Imagine só quão assustados seus amigos ficarão quando você apagar a luz e começarem a ouvir sons arrepiantes, como o uivo de um lobo, portas rangendo, correntes arrastando... e depois a voz de um homem dizendo que a casa está maldita e que todos devem morrer! Eles vão se assustar ainda mais quando ouvirem passos cruzando o chão, o som de pessoas rindo sinistramente.

    Seja o primeiro no seu bairro a conseguir esse disco e convide seus amigos para uma noite assombrada!

    Este LP de 33 1/3 RPM com efeitos sonoros de casa mal-assombrada pode ser seu por apenas US$ 1,00 (+ 25 centavos de postagem e manuseio).

    Lado 1: A Assombração
    Lado 2: 26 efeitos sonoros assustadores para usar como quiser!

    Este disco cria uma verdadeira atmosfera de terror com sons que podem ser quase vistos!

    👉 NÃO DEMORE! USE ESTE CUPOM DE PEDIDO RÁPIDO HOJE!




    • O produto em si é um LP barato de efeitos sonoros (gritos, passos, portas, ventania, correntes), pensado para festas de Halloween ou encontros entre amigos.

    • A propaganda promete uma experiência de “assombração doméstica”, quase um teatro radiofônico de terror portátil.

    • O preço de US$ 1,00 (mais 25 cents de envio) reforça o caráter de produto “colecionável para jovens”, algo acessível.

    • Esse tipo de vinil virou item cult, procurado por colecionadores de memorabilia de horror, porque remete à nostalgia da época em que o terror era vivido de forma lúdica e caseira.

    Em termos históricos, esses discos são ancestrais das fitas K7 de sons de Halloween dos anos 80 e das playlists de terror no YouTube/Spotify de hoje.

    Richard Matheson

     Richard Matheson ficou famoso como autor de clássicos literários da ficção científica como "Eu sou a lenda" e "Amor Além da Vida", Morreu ontem aos 87 anos, informou hoje sua filha, Ali Marie Matheson, no Facebook. Tambem escreveu roteiros para as séries Alem da Imaginação e Jornada nas Estrelas. No cinema, destaco a obra-prima O Incrivel homem que Encolheu, Encurralado e A Casa da Noite Eterna.





    gothic horror


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