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domingo, maio 26, 2019

Chico Buarque segundo Pedro Tadeu

O jornalista português Pedro Tadeu conta como a música do Chico influenciou na sua formação e resume o que sentiu ao saber que ele havia ganho o Prêmio Camões


Quando recebi no telemóvel o alerta "Chico Buarque ganha o Prémio Camões" senti-me no direito de comemorar uma vitória: "ganhei eu, caramba, ganhei eu!".
Fui ler a notícia. Os seis membros do júri explicavam a razão desta atribuição do galardão literário pela "contribuição para a formação cultural de diferentes gerações em todos os países onde se fala a língua portuguesa".
E o que é que este português, de 55 anos, que escreve estas linhas, aprendeu com Chico Buarque?
Aos cinco anos de idade o meu corpo saltitava sempre que no rádio grande do meu pai soava "A Banda", a música que, quando passava, diz o verso final do refrão, ia "cantando coisas de amor". Chico Buarque impulsionou-me a dança.
Aos 10 anos de idade percebi como um indivíduo sozinho nada pode contra o cerco violento da indiferença. Bastou-me ouvir a história circular do operário de "Construção", que "morreu na contramão atrapalhando o sábado". Chico Buarque ensinou-me a identificar a injustiça social.
Aos 11 anos de idade percebi a inutilidade da divindade quando o coro masculino MPB4 repetia, em Partido Alto, "Diz que Deus dará/ Não vou duvidar, ô nega/E se Deus não dá?/Como é que vai ficar, ô nega?". Chico Buarque deu-me razões para ser ateu.
Aos 12 anos de idade intui, com os versos de Fado Tropical, como a brutalidade da colonização sangrou a pele dos povos e como as cicatrizes prevalecentes demoram séculos a fechar: "E o rio Amazonas/Que corre Trás-os-montes/E numa pororoca/Desagua no Tejo/Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal/Ainda vai tornar-se um Império Colonial". Chico Buarque ofereceu-me uma identidade, um medo e uma esperança na Lusofonia.
Aos 13 anos de idade percebi, pela letra do pseudónimo Julinho da Adelaide (um autor inventado, usado para ludibriar a censura da ditadura brasileira, que até falsas entrevistas deu aos jornais...), que confiar na polícia pode ser perigoso, como constata Acorda Amor: "Tem gente já no vão de escada/Fazendo confusão, que aflição/São os homens/E eu aqui parado de pijama/Eu não gosto de passar vexame/Chame, chame, chame, chame o ladrão, chame o ladrão". Com Chico Buarque descobri que, às vezes, está tudo certo se se ficar do lado errado.
Aos 14 anos de idade conspirei o sentido da canção O Que Será (À Flor da Pele): "Será, que será?/O que não tem decência nem nunca terá/O que não tem censura nem nunca terá/O que não faz sentido..." Chico Buarque revelou-me o secreto significado da palavra "liberdade".
Aos 15 anos de idade compreendi, ao ouvir Mulheres de Atenas, que a minha mãe, a minha irmã e a minha namorada viviam num mundo pior do que o meu: "Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas/Geram pro seus maridos os novos filhos de Atenas/Elas não têm gosto ou vontade/Nem defeito nem qualidade/Têm medo apenas". Chico Buarque justificou-me o feminismo.
Aos 16 anos de idade espantei-me com o atrevimento de O Meu Amor. "Eu sou sua menina, viu?/E ele é o meu rapaz/Meu corpo é testemunha/Do bem que ele me faz". Chico Buarque fez-me entender como o sexo pode, ou não, fazer um par com a palavra afeto.
Aos 17 anos comovi-me com Geni, a prostituta que salva a cidade mas que a cidade despreza: "Joga pedra na Geni!/Joga bosta na Geni!/Ela é feita pra apanhar!/Ela é boa de cuspir!/Ela dá pra qualquer um/Maldita Geni!". Chico Buarque confrontou-me com a dignidade dos indignos.
Aos 18 anos de idade a história de O Malandro exemplificou-me como é sempre o mexilhão que se lixa: um tipo que foge de um tasco sem pagar a cachaça que bebeu provoca uma crise mundial. Mas, no final das crises, há sempre um bode expiatório: "O garçom vê/Um malandro/Sai gritando/Pega ladrão/E o malandro/Autuado/É julgado e condenado culpado/Pela situação". Chico Buarque antecipou-me a globalização e fez de mim um comunista.
Aqueles anos foram os tempos do meu caminho até à chegada à idade adulta, uma época anterior aos romances que Chico Buarque escreveu e que completam, com a verdadeira poesia de muitas das suas canções, um currículo mais do que suficiente para a atribuição do mais importante prémio literário em Língua Portuguesa.
Aqueles anos foram os tempos que moldaram o meu carácter.
Aqueles foram os tempos que moldaram o carácter de tantos outros e de tantas outras que, como eu, cresceram a ouvir estas canções mas que entenderam nelas tantas coisas que eu não entendi, que compreenderam nelas tantas coisas que eu não percebi, que tiraram conclusões destes textos muito diferentes das que eu tirei.
Mas, tenho a certeza, apesar de pensarem e sentirem de maneiras tão diferentes da minha, ontem, milhões de vós, ao saberem da notícia do Prémio Camões atribuído a Chico Buarque, tiveram o mesmo impulso que eu e comemoram: "ganhei eu, caramba, ganhei eu!".

sábado, maio 25, 2019

Bunny Yeager

Linnea Eleanor "Bunny" Yeager (Março 13, 1929 – Maio  25, 2014) foi uma fotografa e modelo pinup.


Bettie Page  e Bunny Yeager


















terça-feira, maio 21, 2019

Camões é de Chico

Chico Buarque ganhou o Prêmio Camões 2019. O anúncio foi realizado nesta terça-feira, 21, no Rio de Janeiro, após uma reunião na sede da Biblioteca Nacional. Chico é o 13º brasileiro a levar a honraria, que premia escritores lusófonos pelo conjunto da obra com 100 mil euros. O vencedor foi escolhido por uma equipe de seis jurados indicados pela Biblioteca Nacional do Brasil, pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela comunidade africana.
Chico Buarque já havia vencido, em 2010, o Jabuti, principal prêmio literário brasileiro, pelo seu romance Leite Derramado, em 2006, com Budapeste, e em 1992, com Estorvo. Embora sua carreira musical seja a mais proeminente, Chico já escreveu peças de teatro, como Roda Viva, Gota d’Água, Calabar e Ópera do Malandro, e livros como Estorvo, Benjamim, Budapeste, Leite Derramado e O Irmão Alemão.


quinta-feira, maio 16, 2019

Retro 1964

Joe Cocker 1964.


Mia Farrow

Natalie Wood

New York Playboy Club  foto de  Peter Basch, 1964

O CRUZEIRO 16 maio 1964

Panic Button soundtrack 1964.

Playboy, May 1964  modelo Donna Michelle, Playmate of the Year for 1964 (also Playmate of the Month, December 1963), foto de Pompeo Posar, design by Arthur Paul.

Chevrolet Corvair Monza, 1964

claudia cardinale. 1964


Brigitte Bardot, Búzios, Brazil, 1964Jerôme Brièrre

Paul McCartney, Miami, 1964



Nova York - Times Square 1964

Tony Abruzzo & Bernard Sachs, April - May 1964






Honor Blackman - James Bond Girl ‘Pussy Galore’. in “GOLDFINGER” 1964


record shop in Coventry Street, London, 1964..jpg

Buster Keaton and Bobbi Shaw playing Santa Claus and Santa’s helper on the set of “Beach Blanket Bingo” in 1964.

Kingaburger, Malibu, CA, 1964





Shirley Eaton - publicity photo for Guy Hamilton’s Goldfinger (1964).






Elizabeth Montgomery - production still from Bewitched (ABC 1964-72).

Elvis Presley, Ann-Margret 1964.


Frank Sinatra is a hit with the ladies in Robin and the Seven Hoods (1964)

Honor Blackman  production still from Guy Hamilton’s Goldfinger (1964)

Malcolm X and Muhammad Ali (1964).




Sean Connery, Shirley Eaton  -production still from Guy Hamilton’s Goldfinger (1964).

Simon & Garfunkel in a photo for their 1964.

Stefania Sandrelli, March 1964.
The Beatles and “The Greatest”, Cassius Clay (Muhammad Ali), 1964.


Walt Disney and the Pigs 1964
arte de Alberto Vargas - October 1964 Playboy Magazine.j


Anthony Quinn and Alan Bates in Zorba the Greek, 1964



Jane Birkin 1964.

Jane Fonda, 1964.

Bande à part (1964) dir. Jean-Luc Godard.






















Brigitte Bardot ao Brasil em 1964

Britt Ekland - Wedding Day 1964






Jayne Mansfield during the production of Primitive Love in 1964.