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terça-feira, junho 17, 2025

Poemas (desconhecidos) de Vinícius de Moraes

 


O peixe-espada

(De A Arca de Noé, a entrar num dos próximos livros)

Quando um peixe-espada
Vê outro peixe-espada
Pensam que eles brigam?
Qual brigam qual nada!

Poderão no máximo
Brincar de duelo
Mas brigar só brigam
Com o peixe-martelo.
Ou com o tubarão.


Soneto a quatro mãos

(Com Paulo Mendes Campos)

Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala em mim de amor foi dito.
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado,
Tão fácil para amar fiquei prescrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano.
Desse eterno amor meu, antes não desse.

Para ser tanto dar me fiz engano.
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

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