O mistério do ponto de ônibus que somente na madrugada
Para moradores, coronel é quem retira a placa
Cristina GRILLO
Um ponto de ônibus que desaparece misteriosamente durante as madrugadas está intrigando moradores de Copacabana, no quarteirão da Rua Barata Ribeiro entre as ruas Xavier da Silveira e Miguel Lemos. A placa indicando o ponto, em frente ao número 814 da Barata Ribeiro, é posta pela CET-Rio, mas no dia seguinte já não está mais lá. Alguns moradores têm um suspeito para os constantes sumiços da placa: o coronel da PM Airton Souto Maior Quaresma Filho, comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar (Leblon), morador de um apartamento no 614.
— Ele não quer o ponto em frente ao prédio porque a mulher dele não consegue sair da garagem quando os ônibus param — acusa Célia Souza Alves, moradora da rua Gastão Baiana há 20 anos.
— Essas pessoas não têm mais o que fazer. Eu não tenho autoridade para tirar um ponto de ônibus do lugar, isso não é atribuição da PM — defende-se o coronel.
O comandante do batalhão reconhece que há alguns anos enviou um ofício para a CET-Rio solicitando a retirada do ponto de ônibus da frente do seu prédio, mas afirma que só fez isso porque o ponto naquele local contrariava as determinações do Código de Trânsito.
— O código não permite paradas de ônibus em frente à garagem e por isso pedi a retirada. Mas faria isso para qualquer prédio, não fiz só porque era o meu — diz o coronel Quaresma, irritado com as acusações dos moradores.
Os moradores também acusam o coronel de ter determinado aos PMs da área que multassem os ônibus que parassem em frente ao seu prédio. Precavidos, os motoristas evitam parar ali — deixam os passageiros alguns metros antes ou depois do edifício.
— Os PMs já me avisaram que o coronel não quer que pare ali, então eu páro um pouco antes — diz um motorista da linha 125 (Estrada de Ferro/Procasa General Osório), que não quer ser identificado.
Sem saber onde esperar o ônibus, os passageiros se espalham pelo quarteirão — na quinta-feira não havia nenhuma placa no trecho entre a Xavier da Silveira e a Miguel Lemos — e reclamam.
— A placa sumiu de novo. Segunda-feira ela estava aqui. Agora para pegar o ônibus ou eu ando até a Rua Bolívar ou espero para ver se algum motorista pára aqui — queixa-se Conceição Moreira, mostrando o poste onde a placa costuma ser colocada, um pouco depois da entrada da garagem do 814.
A confusão do ponto de ônibus continua nos órgãos municipais. A atribuição de colocar as placas é da CET-Rio, mas a determinação dos locais cabe à Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU). A CET afirma que vai recolocar a placa, mas a SMTU não tem certeza: o órgão não tem um cadastro dos pontos de ônibus da Rua Barata Ribeiro e não sabe se a placa deve ficar ou não em frente ao prédio.
Nenhum comentário :
Postar um comentário