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segunda-feira, junho 30, 2025

Abílio Manoel,

 Abílio Manoel, nome artístico de Abílio Manuel Robalo Pedro (Lisboa, 3 de fevereiro de 1947 – Itacaré, 30 de junho de 2010), foi um cantor, compositor e produtor musical português radicado no Brasil. Além de sua atuação como intérprete e autor de canções, também trabalhou como radialista, publicitário, diretor de cinema, operador de áudio e compositor de jingles e trilhas sonoras 


“Solte o grito / rompa a fronteira / saia os muros / e asalte o pampa / corta as cordas e a cordilheira / ressa A-mérica / soy tu hermano”, é um trecho da música “Pós-bloco”, do último disco de Abílio Manoel, “Becos a Sai-dar”, ainda sem data de lançamento. Um trabalho de pesquisa musical, reunindo música brasileira e do folclore latino-americano. O disco tem a participação do grupo Terra Livre, que sempre acompanha o cantor, e, ainda, arranjos de Tito de Barros.



Em 1966, prestes a ingressar na Faculdade de Física, estreou-se no programa Show do Meio-Dia (TV Excelsior). No ano seguinte, enquanto cursava Física na USP, apresentou-se em festivais universitários, vencendo o I Festival Latino-Americano de la Canción Universitaria em Santiago com “Minha Rua”

 Em 1969, conquistou o prêmio no II Festival Universitário da TV Tupi com “Pena Verde”, seu maior sucesso, que em 1970 alcançou o topo das paradas no Brasil e foi gravada em francês por Marie Laforêt .

 Gravou oito LPs, entre eles Abílio Manoel (1969) e Pena Verde (1970), além de diversos compactos simples e duplos. Sua obra transitou pela MPB, pelo samba e pelo cancioneiro popular universitário, deixando uma marca na cena musical das décadas de 1960 e 1970 no país.

Faleceu aos 63 anos, vítima de enfarte, enquanto descansava em Itacaré (BA), deixando uma rica trajetória como um dos principais nomes da música universitária brasileira dos anos 1960 e 1970.

domingo, junho 29, 2025

O mistério do ponto de ônibus que desaparece na madrugada (anos 1990)

 

O mistério do ponto de ônibus que somente na madrugada

Para moradores, coronel é quem retira a placa

Cristina GRILLO



Um ponto de ônibus que desaparece misteriosamente durante as madrugadas está intrigando moradores de Copacabana, no quarteirão da Rua Barata Ribeiro entre as ruas Xavier da Silveira e Miguel Lemos. A placa indicando o ponto, em frente ao número 814 da Barata Ribeiro, é posta pela CET-Rio, mas no dia seguinte já não está mais lá. Alguns moradores têm um suspeito para os constantes sumiços da placa: o coronel da PM Airton Souto Maior Quaresma Filho, comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar (Leblon), morador de um apartamento no 614.

— Ele não quer o ponto em frente ao prédio porque a mulher dele não consegue sair da garagem quando os ônibus param — acusa Célia Souza Alves, moradora da rua Gastão Baiana há 20 anos.

— Essas pessoas não têm mais o que fazer. Eu não tenho autoridade para tirar um ponto de ônibus do lugar, isso não é atribuição da PM — defende-se o coronel.

O comandante do batalhão reconhece que há alguns anos enviou um ofício para a CET-Rio solicitando a retirada do ponto de ônibus da frente do seu prédio, mas afirma que só fez isso porque o ponto naquele local contrariava as determinações do Código de Trânsito.

— O código não permite paradas de ônibus em frente à garagem e por isso pedi a retirada. Mas faria isso para qualquer prédio, não fiz só porque era o meu — diz o coronel Quaresma, irritado com as acusações dos moradores.

Os moradores também acusam o coronel de ter determinado aos PMs da área que multassem os ônibus que parassem em frente ao seu prédio. Precavidos, os motoristas evitam parar ali — deixam os passageiros alguns metros antes ou depois do edifício.

— Os PMs já me avisaram que o coronel não quer que pare ali, então eu páro um pouco antes — diz um motorista da linha 125 (Estrada de Ferro/Procasa General Osório), que não quer ser identificado.

Sem saber onde esperar o ônibus, os passageiros se espalham pelo quarteirão — na quinta-feira não havia nenhuma placa no trecho entre a Xavier da Silveira e a Miguel Lemos — e reclamam.

— A placa sumiu de novo. Segunda-feira ela estava aqui. Agora para pegar o ônibus ou eu ando até a Rua Bolívar ou espero para ver se algum motorista pára aqui — queixa-se Conceição Moreira, mostrando o poste onde a placa costuma ser colocada, um pouco depois da entrada da garagem do 814.

A confusão do ponto de ônibus continua nos órgãos municipais. A atribuição de colocar as placas é da CET-Rio, mas a determinação dos locais cabe à Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU). A CET afirma que vai recolocar a placa, mas a SMTU não tem certeza: o órgão não tem um cadastro dos pontos de ônibus da Rua Barata Ribeiro e não sabe se a placa deve ficar ou não em frente ao prédio.



sábado, junho 28, 2025

Poltergeist em Osasco

 

Transcrição e Análise do Caso de Parapirogenia em Osasco (1985)
Revista Planeta - Edição histórica  - Texto de Elsie Dubugras



INTRODUÇÃO

Entre 1984 e 1985, uma família do bairro Jardim Novo, em Osasco (SP), vivenciou uma série de fenômenos inexplicáveis envolvendo fogo espontâneo (parapirogenia), objetos que desapareciam e reapareciam, e eventos aparentemente inteligentes. O caso foi documentado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP) e permanece um dos mais intrigantes da parapsicologia brasileira.


CRONOLOGIA DOS FENÔMENOS

1. Incidentes Iniciais (Pré-Fogo)

  • Desaparecimentos: Chinelos de Dona Maria sumiram por 3 meses e foram encontrados intactos no quintal.

  • Cigarros "cruzados": Apareciam no quintal, com marcas variadas (Hollywood, Continental), alguns parcialmente fumados – embora ninguém da família fumasse.

  • Charuto no arroz: Um charuto desfiado foi encontrado dentro de uma panela de arroz recém-cozinhado.

  • Moedas e roupas: Surgiram moedas (Cr$ 3,90) debaixo da cama, e saias guardadas em uma mala apareceram amarradas sobre a cama.

2. Surto de Parapirogenia (Junho/1985)

  • Primeiro incêndio: Trapos em um fogão desativado pegaram fogo, atingindo uma cama guardada na cozinha e queimando as penas do papagaio da família (a primeira "vítima").

  • Padrão recorrente:

    • O fogo só queimava objetos de Dona Maria, mesmo quando misturados a pertences de outros.

    • Comportamento "inteligente": O fogo evitava testemunhas ("tímido") e era descrito como "frio" (podia ser apagado com as mãos).

    • Resposta a danos: Após queimar uma nota de Cr$ 10 de Carlos, uma nota idêntica apareceu em seu bolso.

3. Danos e Consequências

  • Guarda-roupa atacado: Roupas de Dona Maria queimaram repetidamente, mesmo após o móvel ser esvaziado.

  • Conflito familiar: A falta de explicações levou a acusações mútuas, culminando na separação das duas famílias que dividiam a casa.


ANÁLISE CIENTÍFICA E PARAPSICOLÓGICA

1. Hipóteses Investigadas

  • Poltergeist clássico: Associado a tensões emocionais (brigas com vizinhos, gravidez de Neide, situação financeira precária).

  • Mediunidade involuntária: Neide (grávida de 7 meses) poderia ser um "epicentro" de energia psíquica, conforme teorias do IBPP.

  • Magia ou vingança: Os cigarros "cruzados" sugerem possível ritual de magia negra por parte dos vizinhos.

2. Características Anômalas

  • Seletividade: O fogo poupava objetos de outros membros da família.

  • Fenômenos complementares: Aparição de moedas e reposição de dinheiro queimado indicam interação inteligente.

  • Testemunhos convergentes: Relatos independentes de vizinhos confirmaram o comportamento "tímido" das chamas.

3. Paralelos Globais

  • Casos similares: A parapirogenia seletiva lembra o poltergeist de Enfield (Reino Unido, 1977) e o caso Bell Witch (EUA, século XIX).

  • Teorias científicas: Alguns pesquisadores atribuem tais fenômenos a PK (psicocinese) inconsciente ou descargas eletromagnéticas não detectáveis.


COMENTÁRIOS CRÍTICOS

Pontos Fortes

  • Documentação rigorosa: Registros do IBPP incluíram fotos dos danos e depoimentos assinados.

  • Padrão replicável: A recorrência dos incêndios descarta explicações convencionais (como curtos-circuitos).

Limitações

  • Falta de evidência física direta: Não houve análise laboratorial das cinzas ou dos cigarros.

  • Contexto social: A pobreza e os conflitos com vizinhos podem ter influenciado percepções.


CONCLUSÃO

O caso de Osasco permanece um marco da pesquisa paranormal no Brasil, ilustrando a complexidade da parapirogenia. Seja como manifestação de PK, atividade espiritual ou fenômeno ainda desconhecido, ele desafia explicações simplistas.

Perguntas em aberto:

  • Por que apenas os objetos de Dona Maria eram afetados?

  • Qual o significado dos cigarros "cruzados"?

  • Haveria ligação entre a gravidez de Neide e os fenômenos?

Referência:
Arquivos do IBPP (Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas), São Paulo.


NOTA: Este caso antecipou debates contemporâneos sobre a interface entre psicologia do trauma e fenômenos anômalos, reforçando a necessidade de investigações interdisciplinares.


sexta-feira, junho 27, 2025

Robert De Niro - A ‘máquina’ da destruição

 (O GLOBO - sexta-feira, 6 de março de 1992.)



Indicado para o Oscar, Robert De Niro diz ao GLOBO que é

A ‘máquina’ da destruição

ANA MARIA BAHIANA
Correspondente

LOS ANGELES – Indicado para o Oscar de melhor ator por seu desempenho como o psicopata Max Cady — interpretado pela primeira vez por Robert Mitchum na versão original de “Cabo do Medo”, de 1962 — Robert De Niro já está às voltas com outro projeto: as filmagens de “Night and the City”, em Washington. Mas está tranquilo. E até a Academia, que já o indicou algumas vezes, “ainda fui indicado este ano, alguma coisa estou fazendo direito”, diz, sorrindo.

Sobre o diabólico Max, o ator comenta: “ele não foi mais difícil que qualquer outro papel que eu tenha feito. Na verdade, foi mais difícil me afastar do papel de Travis, de “Taxi Driver”, que Martin Scorsese fazia durante as filmagens.” E ao lembrar seu personagem em “Cabo do Medo”, Robert De Niro conta ao GLOBO por que resolveu se dedicar também à atividade de produtor.


O GLOBO – Scorsese diz que foi o senhor quem o convenceu a realizar “Cabo do Medo”. O que o fez se apaixonar por esse projeto?
ROBERT DE NIRO – Não sei se apaixonar seria o termo, mas eu estava convencido quanto ao projeto. Vi o filme original na escola. Foi uma ótima história, uma ótima impressão. Especialmente Robert Mitchum. A música também me impressionou bastante. Então, quando li o roteiro, fiquei encantado. Ia poder fazer um papel sensacional. Eu o achei profundamente cinematográfico. Quando Scorsese entrou no projeto, o filme cresceu ainda mais. Com ele, você sabe, vai poder fazer algo sensacional.


O GLOBO – Como o senhor vê seu personagem, Max Cady? Ele seria uma espécie de “Exterminador do Futuro”?
DE NIRO – Não posso partir de uma censura ao personagem quando estou trabalhando na sua criação. Tenho que procurar entendê-lo, compreender suas motivações. Para mim, Max Cady é essencialmente um homem muito inteligente, esperto, e obcecado por uma ideia. Vi e revi tudo na vida dele, e a partir dessa ideia, nada mais o desconsola, nada mais o segura — suas limitações humanas, sua busca de senso-humor, etc. Tudo isso é devorado por essa ideia de vingança e destruição, como a máquina de exterminador do futuro?


O GLOBO – Mas o senhor não percebe qualquer alteração na sua vida pessoal depois de passar horas repetindo atos tão violentos como os de Max Cady?
DE NIRO – Não, pelo contrário, me sinto mais calmo. Eu me sinto exausto. E isso é bom sinal. Percebi isso claramente lutando em “Touro Indomável”. Pensava que deveria me acalmar depois de filmar. Toda a agressividade fica na cena, e eu vou para casa e durmo, exausto.


O GLOBO – Personagens intensos são uma constante em sua carreira. O que eles têm de especial?
DE NIRO – Eles são mais intensos. Alguns são até mais difíceis de fazer. São mais complexos, mais realistas... Os personagens muito leves não têm a ver com a vida como ela é. Mas os mais intensos se aproximam muito mais do que eu vejo e ouço todos os dias. Eles me fazem pensar sobre o mais realista possível, mesmo que estejam presos numa fantasia da tela. Vida e emoção estão na tela, não fora dela.


O GLOBO – Como é conviver com a violência e a crueldade de um personagem assim?
DE NIRO – Não levo isso para casa, se é o que você quer saber. Sempre tive uma fronteira muito clara na minha cabeça entre o que sou eu e o que faço. Algumas vezes até demais, coisa de ficar sem falar, andar. Coisas do comportamento. Mas é só isso. É o preço que se paga por se dar 100% em cada dia de filmagem.


O GLOBO – Além de ator, o senhor agora é produtor, com a sua companhia, a Tribeca.
DE NIRO – O que me interessa, agora, é estar envolvido com o filme desde a origem, ter uma ideia desde a origem e acompanhar o que for necessário para que essa ideia sobreviva e chegue com força até o produto final. Não se pode só ser ator. E se quiserem que você faça, você tem que saber fazer, não?

Contato Extraterrestre em Botucatu (1982-1983)

 Transcrição e Análise do Caso de Contato Extraterrestre em Botucatu (1982-1983)

Revista Planeta - Novembro 1983
Por Luciano Stancka e Silva




INTRODUÇÃO

O artigo relata a extraordinária experiência de João Valério da Silva, porteiro de 45 anos de Botucatu (SP), que teve repetidos contatos com um ser chamado Ramã e outros de sua espécie a partir de novembro de 1982. O caso, acompanhado pelo parapsicólogo Luciano Stancka e Silva, inclui fenômenos ufológicos, poltergeist e capacidades psíquicas desenvolvidas por João após os encontros.


OS EVENTOS PRINCIPAIS

1. Primeiro Contato (29/11/1982)

  • Cenário: João acordou com dores estomacais e foi ao quintal, onde foi surpreendido por uma luz intensa e um "elevador de luz" contendo um ser vestido com traje cobrindo todo o corpo.

  • Acontecimentos:

    • Foi levado para uma saleta sem portas, onde encontrou uma mulher morena nua que usou um aparelho em forma de Y nele.

    • Teve relações sexuais com a mulher e recebeu uma marca circular com símbolos no peito, descrita como "a marca do planeta deles".

    • Encontrado nu e desmaiado no quintal ao amanhecer, com folhas queimadas por radiação (confirmada por análise na Faculdade de Agronomia de Botucatu).

2. Segundo Contato (06/03/1983)

  • Fenômenos prévios: Atividade poltergeist na casa (fogão acendendo sozinho, barulhos).

  • Evento principal: João flutuou pela janela do quarto da filha após ver Ramã do lado de fora. Foi encontrado seco sob a chuva, relatando viagem telepática sobre campos e casas.

3. Desenvolvimentos Posteriores

  • Habilidades psíquicas: João passou a entortar garfos com energia psicocinética e realizou curas paranormais (em sua esposa e sogra).

  • Sinal de contato: Uma corrente com medalha de Cristo se soltava do pescoço e era projetada contra a parede antes dos encontros.


ANÁLISE E COMENTÁRIOS

1. Aspectos Investigativos

  • Evidências físicas:

    • Folhas queimadas por radiação.

    • Marca corporal com símbolos inexplicáveis.

    • Registros de poltergeist pré-contato.

  • Testemunhos: Relatos consistentes da família e confirmação sob hipnose.

2. Paralelos com a Casuística Ufológica

  • Abdução e experimentação: O caso segue padrões clássicos de abdução, incluindo:

    • Exame físico e marcação.

    • Relato de relação sexual com híbrida (comum em casos como o de Villas-Boas, 1957).

  • Habilidades pós-contato: Fenômenos psicocinéticos e curas são documentados em outros casos, como o de Urandir Fernandes de Oliveira (Projeto Portal).

3. Críticas e Questionamentos

  • Falta de provas materiais: A pedra azul mencionada por João desapareceu antes de ser analisada.

  • Subjetividade: Parte dos relatos depende da hipnose, técnica controversa na ufologia.

  • Contexto cultural: Botucatu, na década de 1980, era um polo de relatos ufológicos, o que pode influenciar interpretações.

4. Implicações

  • Científicas: O caso desafia explicações convencionais, especialmente pelas queimaduras por radiação.

  • Culturais: Reflete a fascinação da época por contatos extraterrestres "benéficos", em contraste com narrativas de abduções traumáticas.


CONCLUSÃO

O caso de João Valério permanece um dos mais intrigantes da ufologia brasileira, mesclando elementos de abdução, poltergeist e mediunidade. Embora careça de evidências irrefutáveis, a consistência dos relatos e as marcas físicas o tornam um estudo relevante para a parapsicologia e a ufologia.

Perguntas em aberto:

  • Qual a origem dos símbolos na marca de João?

  • Como explicar a pedra azul que desapareceu?

  • Haveria conexão entre Ramã e outras entidades relatadas globalmente?

Referência:
STANCKA E SILVA, L. Contato de 3° Grau em Botucatu. Revista Planeta, nov. 1983





quinta-feira, junho 26, 2025

Flávio Cavalcanti


 texto publicado na revista Veja, de 4 de junho de 1986:


MORRERAM: Flávio Barbosa Cavalcanti, aos 63 anos, apresentador e telejornalista. Quase tão antigo no vídeo quanto a própria TV brasileira, onde estreou, em 1957, na extinta Tupi do Rio de Janeiro, sua cidade natal, Cavalcanti transpôs com sucesso a linguagem do rádio para a TV. Ganhou fama como repórter no início da década de 60 ao entrevistar o presidente americano John Kennedy, na Casa Branca, e fazendo a barba do temido deputado Tenório Cavalcanti. Alcançou sólidos índices de audiência nos anos 70 apresentando casos sensacionalistas entre gestos teatrais e frases de efeito. Em março de 1973, ao veicular uma entrevista com um mineiro que emprestara sua mulher a outro homem, por ser impotente, seu programa foi suspenso por sessenta dias em todo o país. “A obrigação de todo jornalista”, dizia ele, “é buscar o sensacional.” 

Flávio sentiu-se mal durante a apresentação do seu último programa, na quinta-feira, 22 de maio, no SBT. Durante o quadro Um Instante, Maestro, o mais longo do programa, a produção decidiu chamar um médico e uma ambulância, já que seu estado se agravava e ele insistia em se manter em cena. Enquanto o apresentador Wagner Montes assumia a entrevista com o ministro da Previdência Social, Raphael de Almeida Magalhães, Flávio era submetido a um eletrocardiograma nos camarins e medicado com uma injeção de xilocaína e um comprimido de isocord. 

Cavalcanti ainda voltou à cena, mas no final do quarto bloco, dos nove do programa, a equipe médica decidiu removê-lo para o Unicor, pois um segundo eletrocardiograma indicava um enfarte iminente. Na tarde da última terça-feira, cerca de 2.000 pessoas compareceram ao seu enterro. Com a morte do apresentador desaparece a tradicional frase Nossos comerciais, por favor.
Dia 26, de enfarte, em São Paulo.

Vinicius de Moraes e o Rio: Memórias de um Poeta na Cidade*

As Raízes Escolares: Onde Tudo Começou*  (Revista Domingo - Jornal do Brasil)



Nos registros da Secretaria Municipal de Educação, duas escolas — Basílio da Gama e Afrânio Peixoto — dividiram o mesmo prédio em Botafogo, onde Vinicius de Moraes aprendeu a ler e escrever. *"Só sabemos que a escola já se chamou Basílio da Gama"*, diz a diretora Armandina Chaves Guedes. No Colégio Santo Inácio, onde estudou de 1924 a 1929, não há pastas do aluno Vinicius, mas sabe-se que ali ele formou seu primeiro grupo musical. Ambos os colégios foram imortalizados no poema *Baldada de Botafogo

A infância do poeta também foi marcada pelos fins de semana na praia do Cocotá, na Ilha do Governador — então acessível apenas por barcas. *"O tempo destruiu não só a casa de seus pais, mas a própria praia, aterrada nos anos 70"*, lamenta-se no texto.  



*O Rio na Obra de Vinicius: Da Metafísica à Boêmia

Segundo o biógrafo José Castello, Vinicius era *"um homem-esponja"* que absorvia a cidade. Seus primeiros versos refletiam um Rio católico e barroco, mas foi com *Poemas, sonetos e baladas* (aos 30 anos) que a cidade ganhou contornos concretos. *"A música foi a ponte definitiva"*, afirma Castello. A parceria com Tom Jobim em *Orfeu da Conceição* (1956) e o surgimento da Bossa Nova consolidaram essa ligação.  


Francis Hime lembra: *"Vinicius escreveu *Sem mais adeus* num guardanapo do Antonio's, nosso escritório informal"*. O bar, ponto de encontro dos intelectuais nos anos 50/60, testemunhou noites de poesia e álcool — sempre com moderação. *"Ele nunca ficava bêbado. Sabia beber... sabia tudo"*, recorda o garçom Serafim.  


### **Os Garçons do Poeta: Testemunhas de uma Era**  

Três nomes guardam as melhores histórias: Arlindo Costa Faria (Garota de Ipanema) e os maîtres Zelito Vieira Borges e Serafim Fernandez (Antonio's). *"Vinicius nunca gritava 'ô garçom'. Era educado, tratava a todos como amigos"*, conta Serafim. Reunidos numa mesa do Garota de Ipanema, eles desfiam memórias do poeta que brincava com a cidade em versos:  

> *"Quero brincar com a minha cidade/  

> Quero dizer bobagens e falar coisas de amor"*.  



quarta-feira, junho 25, 2025

O Casarão da Lapa

 Um senhor cenário



um casarão que já foi bordel e 'set' de filmagens

O salão do bordel está lotado, um baile ocupa o mezanino. Uma mulher desce a escadaria de mármore e vai ao encontro de Manuel Bandeira. Corta.

A casa está tomada por fiações e luzes. Vera Fischer, mais loura e chamativa do que nunca, atravessa o set durante a filmagem de Navalha na Carne. Outro corte. Agora, o clima é de tranquilidade. Uma sinfonia clássica ocupa os cômodos do casarão. Nos quartos de cima, um cheiro forte de tinta. Pintores se reúnem para a hora do chá. Fade out.

Três cenas, mas o lugar é um só: Rua Visconde de Paranaguá, 16

Nos anos 1990, artistas tinham um  projeto para o Casarão da Lapa.  Chegou a ter um ateliê de 10 artistas plásticos e o lugar seria aberto a visitantes, palestras, cursos e recitais. Entrou no roteiro do Festival de Inverno da Secretaria Municipal de Cultura e, e recebeu  a exposição A Arte de Portas Abertas, que movimentou os ateliês em Santa Teresa.

Reportagernsd da épocsa informavan que  "mosaicos de pastilhas cobrem as paredes e o chão dos três andares. Há vitrais art nouveau nas janelas. Uma imensa claraboia semidestruída espalha a luz pelos quartos. Há um painel de azulejos portugueses de 1921, mas sua colocação foi posterior à construção. O estilo belle époque, com um pouco de art nouveau e influências francesas, denota  o quew a casa já foi". 





terça-feira, junho 24, 2025

Fernando Pessoa

 “O amor quer a posse, mas não sabe o que é a posse. Se eu não sou meu, como serei teu, ou tu minha? Se não possuo o meu próprio ser, como possuirei um ser alheio? Se sou já diferente daquele de quem sou idêntico, como serei idêntico daquele de quem sou diferente? O amor é um misticismo que quer praticar-se, uma impossibilidade que só é sonhada como devendo ser realizada.”


-


Fernando Pessoa.  

Ficomontanino Bulgarelli,



O nome “Bulgarelli” é uma homenagem ao avô materno da proprietária da vinícola, Maria Sole Giannelli. O avô dela era um homem muito ligado à terra e à tradição agrícola italiana, e o sobrenome “Bulgarelli” está enraizado na história familiar da propriedade.

  • Maria Sole batizou esse vinho com o nome do avô como um tributo à sua herança e aos valores transmitidos por ele, principalmente a conexão com a natureza e a agricultura respeitosa.

  • É também um modo de firmar a identidade toscana do rótulo, já que “Bulgarelli” é um sobrenome tradicional da região central da Itália.


🌿 Contexto da vinícola

Ficomontanino é um projeto pequeno e artesanal que valoriza o trabalho familiar, com práticas biodinâmicas e uma produção de vinhos naturais — e tudo isso está refletido na escolha de nomes com significado pessoal.

Assim, o vinho Bulgarelli não é só uma expressão do terroir, mas também da memória afetiva e familiar da produtora, fazendo dele um rótulo com alma e história.


🍷 Origem e vinhedo

  • Produzido em Ficomontanino, uma pequena propriedade no sopé de Chiusi (Toscana), entre Toscana, Umbria e Lácio, a 350 m de altitude 

  • A vinha conta com 11 ha, com cepas entre 20–30 anos, cultivadas organicamente e segundo princípios biodinâmicos (preparações de Steiner e Fukuoka) boston.eatalyvino.com.

🍇 Uva & vinificação

  • 100 % Sangiovese, colhido manualmente das parcelas Melogranino, Ficomontano e Campo Cavalli

  • Fermenta espontaneamente com leveduras indígenas, com maceração de cerca de 12–15 dias em tanques de cimento e aço, seguidos de envelhecimento de 6 meses em cimento + 3 meses em garrafa, sem filtração nem clarificação e com baixíssimo teor de SO₂ (≈47 mg/l) .

  • Produção anual modesta, entre 8 000 e 10 000 garrafas 

🧠 Perfil sensorial & harmonização

  • Cor rubi viva; nariz vibrante de fruta vermelha (cassis, cereja preta, morango silvestre), com nuances florais, especiadas e levemente defumadas .

  • Paladar fresco e equilibrado: estrutura média, acidez viva, taninos finos, frutado intenso e elegância sutil.

  • Ótima acompanhando carnes, pratos rústicos ou massas com ragu — clássicos toscanos ficam incríveis ao lado dele 

📊 Safras & preços

  • Bulgarelli aparece nas safras recentes (2019, 2021, 2022) com preços entre US $27–37 em lojas especializadas .

  • Amplamente elogiado por harmonizar frescor e profundidade, marcado por versatilidade e pureza varietal .


🧭 Conclusão

O Ficomontanino Bulgarelli é um Sangiovese autêntico e artesanal, que reflete a identidade do terroir toscano autêntico – entre oliverais, vinhas antigas e técnicas naturais. É leve, vibrante e gastronômico, especialmente para os fãs dos seus conteúdos sobre terror/scifi:

segunda-feira, junho 23, 2025

Vernissages

 

Texto publicado originalmente em O Globo



A plasticidade de uma taça de vinho e a disposição colorida de uma bandeja de canapés são, para muitos dos habitués das inaugurações de arte, os verdadeiros atrativos desses eventos. Conhecidos como "vernissages" (ou "verdússimos", na pronúncia local), esses personagens são figuras cativas do circuito artístico — sempre presentes, mesmo sem convite, para comer, beber e arriscar comentários estéticos sem cerimônia.

Emma Barrozo do Amaral, dona da galeria GB Arte em Copacabana, comenta: "Vernissages são abertos ao público. Não há como impedir a entrada de ninguém".

Quem são os "vernissages"?

  • Roberto da Silva, 35 anos, estudante de arquitetura, foi flagrado em um vernissage do pintor Caetano de Almeida após vários copos de vinho chileno. Vestindo bermuda surrada, declarou: "Um vernissage precisa ter pessoas bonitas, um bom artista e um ótimo serviço de vinho".

  • Orlando Penna Júnior, 28 anos, autoproclamado "crítico de arte", frequenta eventos "para conhecer gente e fazer confusão". Em uma exposição na galeria de Thomas Cohn, não soube identificar o autor das obras, mas aproveitou para socializar com universitários. O local já é apelidado de "Bar do Thomas Cohn" devido ao número de estudantes que aparecem para beber de graça.

  • Rafael Chaves, 26 anos, aluno da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, compareceu ao vernissage da artista Lúcia Peychaux em Botafogo. Apesar de achar as obras "horrorosas", permaneceu no local para aproveitar o coquetel e "fazer higiene mental entre a alta sociedade", como explicou.

Casos curiosos

Uma família de quatro gerações de mulheres também chama atenção no circuito. Vestindo roupas excêntricas, elas circulam pelos eventos com desinibição, muitas vezes "tirando a barriga da miséria" 

domingo, junho 22, 2025

Citações de Arthur Rimbaud

 


Alberto Giacometti - Portrait of Rimbaud (1962)


  • "Cristo! Oh, Cristo, eterno ladrão de energias" ("Les Premières communions")

  • "Não se é sério quando se tem 17 anos"

  • "Irei longe, bem longe, como um boêmio pela Natureza, — feliz como com uma mulher"

  • "Agora posso dizer que a arte é uma tolice"

  • "Como agir, oh coração roubado?" ("Le cœur supplicié")

  • "É preciso que eu encontre alguém capaz de me seguir em muitas peregrinações" (sobre a mulher ideal)

  • "Espero me tornar um louco ou um malvado"

  • "Por delicadeza, eu perdi minha vida"

  • "Voltai! É o século do inferno" ("Ce qu'on dit au poète à propos de fleurs")

  • "O silêncio atrapalha os Mundos e os Anjos" ("Voyelles")

  • "Como eu descia os rios impassíveis" ("Le Bateau ivre")

  • "Eu sou um peão, e nada mais"



Esta coleção de fragmentos captura a essência rebelde e visionária de Arthur Rimbaud (1854–1891), poeta francês que revolucionou a literatura com sua obra fulminante e vida iconoclasta. As citações abrangem desde sua adolescência irreverente ("Não se é sério quando se tem 17 anos") até reflexões sobre arte, amor e desespero ("Por delicadeza, eu perdi minha vida").

 Rimbaud, como o "peão" que declara ser, foi um mestre em sacrificar-se no tabuleiro da linguagem — e esses fragmentos são seus restos incandescentes.