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sexta-feira, abril 14, 2017

Não soubemos ver você

No ano de 2009, no átrio do convento de Mani de Iucatã, quarenta e dois frades franciscanos cumpriram uma cerimônia de desagravo à cultura indígena:

 – Pedimos perdão ao povo maia, por não haver entendido sua cosmovisão, sua religião, por negar suas divindades; por não ter respeitado sua cultura, por haver imposto durante muitos séculos uma religião que não entendiam, por haver satanizado suas práticas religiosas, e por haver dito e escrito que eram obra do Demônio e que seus ídolos eram o próprio Satanás materializado.

Quatro séculos e meio antes, naquele mesmo lugar, outro frade franciscano, Diego de Landa, havia queimado os livros maias, que guardavam oito séculos de memória coletiva.

(Eduardo Galeano em "O Filho dos Dias")

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