Título: Curtis
recupera título de rainha do grito
Data: 28/Dez/98
Autor: Cláudio
Castilho - Especial para a
Folha, em Los Angeles
Folha de São Paulo
Jamie Lee Curtis é uma cria legítima de Hollywood. Filha do
lendário galã Tony Curtis e de Janet Leigh -que se imortalizou no cinema com a
cena do chuveiro de "Psicose"-, Jamie Lee aproveitou a fama dos pais
debutando em 1978 na produção independente de terror "Halloween", de
John Carpenter. Por sua performance, ela ganhou US$ 8.000 dólares.
Hoje, aos 40 anos, famosa e milhões de dólares mais rica, a
atriz -chamada no fim dos anos 70 de a rainha do grito- volta ao papel de
Laurie Strode em "Halloween H20", versão comemorativa dos 20 anos da
série, que está em cartaz (confira os horários à pág. 2).
Ao falar à Folha, em um luxuoso hotel de Beverly Hills, em
Los Angeles, Curtis disse ter recuperado o título, roubado por Neve Campbell
com o blockbuster "Pânico".
Ela confessou não ser fã de filmes de terror e apontou o que
mais a aterroriza no fim desse milênio.
*
Folha - Na época do sucesso do "Halloween"
original, passou por sua cabeça a possibilidade de 20 anos mais tarde você
estar fazendo o papel de Laurie Strode?
Jamie Lee Curtis - De maneira alguma. Essa foi uma idéia
minha que surgiu somente há poucos anos. Diga-se de passagem, uma idéia que
veio à tona bem antes do lançamento de "Pânico". Eu sabia que, se
fizéssemos um bom filme, o mais realista possível, contando a história dessa
mulher que, após sofrer durante 20 anos, resolve recuperar sua própria alma,
enfrentando seus medos, a platéia ia invadir os cinemas. O sucesso não poderia
ter sido melhor. Fizemos um filme que custou uns US$ 15 milhões e que acabou
gerando quase US$ 60 milhões somente nos EUA.
Folha - "Pânico" foi a grande revelação dos filmes
do gênero desta década. Como você compara o filme protagonizado por Neve
Campbell e a série "Halloween"?
Curtis - Não vejo "Pânico" como sendo um filme de
terror em sua essência. "Pânico" é um filme que traz muito mais humor
do que o nosso. "Halloween H20" é mais pesado e gráfico e não tão
engraçado como "Pânico". Ele foi feito em especial para aqueles que
curtem ver na grande tela um terror de verdade. Com esse filme, eu reconquistei
o título de rainha do grito roubado por Neve em "Pânico" (risos).
Folha - Você gosta de filmes de terror?
Curtis - Nem um pouco. Filmes de terror não me amedrontam. O
que me apavora, por exemplo, são os dois adolescentes que enforcaram e mataram
recentemente aquele adolescente gay no Estado de Wyoming. Esse tipo de
comportamento, preconceito e ódio me deixa apavorada. Como posso ter medo do
personagem Michael Meyers, de "Halloween"? Ele é pura fantasia. Por
outro lado, os assassinos desse garoto inocente é que são os verdadeiros
monstros que ameaçam nossa sociedade.
Folha - Como foi contracenar com sua mãe nesse filme?
Curtis - Foi um momento muito especial e emocionante.
Queríamos desde o princípio que a participação dela fosse histórica. Quando, no
filme, mamãe se despede de minha personagem, ela na realidade está dando um
adeus à sua carreira, a seus fãs e fiéis admiradores de filmes de terror e suspense,
já que ela está idosa e não pretende mais participar de outros filmes.
Folha - Você poderia falar sobre seu próximo filme,
"Virus"?
Curtis - Muita gente pensa que estou fazendo outro filme de
terror, o que não é verdade. "Virus" é uma ficção-científica baseada
em uma revista em quadrinhos. Nele, uma nova forma de vida é criada em uma
espaçonave. É cheio de efeitos e me consumiu longos e cansativos sete meses de
trabalho. Acredito que foi o filme mais difícil de minha carreira.
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