Uma coisa a que sou grato ao Sr. Edson Arantes Nascimento, que vi jogar duas vezes em pleno apogeu, uma delas no Willie Davids no ano de 1964, foi que ele não deu a tristeza de vê-lo em sua decadência, por uma razão muito elementar. O fia da mãe não teve decadência. Eu vi Mané Garrincha jogar num dia de 1977, em Barbosa Ferraz, sendo marcado por um jovem lateral esquerdo que tinha dois dentes e acreditava que tinha diante dele o grande Mané. Uma situação ambígua: era o Mané que fora grande e eterno, mas ali estava apenas tropeçando na bola. Eu no alambrado olhei quando ele passou bem perto e nunca vi um jogador mais triste que ele em campo. Mané Garrincha foi tão bom quanto Pelé ou vice-versa, mas quis mais que um jogador, quis ser o último personagem shakespeariano, entre glórias e tragédias. O Grande Pelé nunca conseguiu nos fazer sofrer com suas dores, se é que as tinha. Mané, não, como um Otelo traído pelo destino, o seu Iago, fazia nossa as suas dores. Era botafoguense pelo preto e branco da camisa, por Mané Garrincha, por Nilton Santos, Didi, Quarentinha, Zagalo, Manga. Aquilo não era time: era uma seleção. E seleção que tem Mané no apogeu, é uma das melhores do mundo, de todos os tempos. Por falar, nisso, sorte ao Fogão na decisão. Que lugar de urubu é no lixão.
Descendo para ler os posts, li o do Picasso: "É preciso muito tempo para ser jovem". Aos oitenta e tantos, perguntaram para ele porque pintava como criança. Ele respondeu: aos oito anos pintava como um adulto e me disseram que eu era gênio. Depois descobri que gênios são as crianças. E quiseram saber porque ele demorou tanto tempo para descobrir isto (tempo em que ficou inventando o cubismo e passando por tantas e tantas fases). Aí ele respondeu isto. Que é preciso muito tempo para ser jovem.
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Uma coisa a que sou grato ao Sr. Edson Arantes Nascimento, que vi jogar duas vezes em pleno apogeu, uma delas no Willie Davids no ano de 1964, foi que ele não deu a tristeza de vê-lo em sua decadência, por uma razão muito elementar. O fia da mãe não teve decadência.
Eu vi Mané Garrincha jogar num dia de 1977, em Barbosa Ferraz, sendo marcado por um jovem lateral esquerdo que tinha dois dentes e acreditava que tinha diante dele o grande Mané. Uma situação ambígua: era o Mané que fora grande e eterno, mas ali estava apenas tropeçando na bola.
Eu no alambrado olhei quando ele passou bem perto e nunca vi um jogador mais triste que ele em campo.
Mané Garrincha foi tão bom quanto Pelé ou vice-versa, mas quis mais que um jogador, quis ser o último personagem shakespeariano, entre glórias e tragédias.
O Grande Pelé nunca conseguiu nos fazer sofrer com suas dores, se é que as tinha. Mané, não, como um Otelo traído pelo destino, o seu Iago, fazia nossa as suas dores.
Era botafoguense pelo preto e branco da camisa, por Mané Garrincha, por Nilton Santos, Didi, Quarentinha, Zagalo, Manga. Aquilo não era time: era uma seleção. E seleção que tem Mané no apogeu, é uma das melhores do mundo, de todos os tempos.
Por falar, nisso, sorte ao Fogão na decisão. Que lugar de urubu é no lixão.
Descendo para ler os posts, li o do Picasso: "É preciso muito tempo para ser jovem". Aos oitenta e tantos, perguntaram para ele porque pintava como criança. Ele respondeu: aos oito anos pintava como um adulto e me disseram que eu era gênio. Depois descobri que gênios são as crianças. E quiseram saber porque ele demorou tanto tempo para descobrir isto (tempo em que ficou inventando o cubismo e passando por tantas e tantas fases). Aí ele respondeu isto. Que é preciso muito tempo para ser jovem.
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