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sábado, julho 18, 2009

A Dama do Encantado


Conheci Aracy de Almeida naquelas tardes entediantes de Silvio Santos com seu show de calouros. Ela era uma das juradas. Seu estilo malandro e meio machão passava uma imagem folclórica, como era o Pedro de Lara e os demais jurados. Só mesmo entendendo e admirando a história da música popular brasileira para saber que uma das maiores interpretes de seu tempo terminaria seus dias em medíocres programas de tv. Aracy foi grande aos 15 anos de idade. E cresceu. Considerada a maior intérprete de Noel Rosa, Aracy de Almeida começou cantando em igrejas do subúrbio do Rio. Até então, era uma menina de rua. Entre 1950 e 1951 gravou dois álbuns dedicado a Noel Rosa que estão em primero lugar no livro ‘300 discos importantes da MPB’. Franca e boêmia, falava o que queria, Se tivesse nascido no Mississipi, seria daquelas cantoras de blues que cresceram na rua e se transformaram em estrelas. Ao menos, como jurada, era muito franca com suas notas baixas para os calouros. Ela sabia das coisas. E morreu com muitas histórias.
Para quem está chegando, recomendo o CD ‘A Dama do Encantado’, um tributo a Aracy de Almeida na voz de Olívia Byington. Mas antes, ouça a original. Aqui no Bar do Bulga, um vídeo de nossos arquivos, o programa Fantástico, 1976, da Globo. O colunista social Ibrahim Sued entrevista a dama do Encantado. É antológico. De um lado, a malandragem daquela senhora. Do outro, um colunista cara de pau metido a playboy e que não poderia mais existir em nosso tempo do ‘politicamente correto’. E para ouvir, ‘O X do Problema’, samba de Noel Rosa escrito no guardanapo de papel numa mesa de botequim. É que Aracy precisava de um samba novo para ‘ganhar uns trocados cantando nas rádio’, E Noel fez na hora, E assim assinou...

Nasci no Estácio
Eu fui educada na roda de bamba
Eu fui diplomada na escola de samba
Sou independente, conforme se vê
Nasci no Estácio
O samba é a corda e eu sou a caçamba
E não acredito que haja muamba
Que possa fazer gostar de você
Eu sou diretora da escola do Estácio de Sá
E felicidade maior neste mundo não há
Já fui convidada para ser estrela do nosso cinema
Ser estrela é bem fácil
Sair do Estácio é que é o X do problema
Você tem vontade
Que eu abandone o largo de Estácio
Pra ser a rainha de um grande palácio
E dar um banquete uma vez por semana
Nasci no Estácio
Não posso mudar minha massa de sangue
Você pode ver que palmeira do mangue
Não vive na areia de Copacabana


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