Citações Paulo Freire, no livro Pedagogia da autonomia.
“e uma das condições necessárias a pensar certo é não
estarmos demasiado certos de nossas certezas.”
“Faz parte igualmente do pensar certo a rejeição mais
decidida a qualquer forma de discriminação. A pratica preconceituosa de raça,
de classe, de gênero ofende a substantividade do ser humano e nega radicalmente
a democracia.”
“Está errada a educação que não reconhece na justa raiva, na
raiva que protesta contra as injustiças, contra a deslealdade, contra o
desamor, contra a exploração e a violência um papel altamente formador.”
“Só os seres que se tornaram éticos podem romper com a
ética. Não se sabe de leões que covardemente tenham assassinado leões do mesmo
ou de outro grupo familiar e depois tenham visitado os ‘familiares’ para
levar-lhes solidariedade. Não se sabe de tigres africanos que tenham jogado
bombas em ‘cidades’ de tigr es asiáticos.”
“Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que a minha
passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabelecida. Que o meu ‘destino’
não é um dado mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não
posso me eximir. Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os
outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de
determinismo.
Gosto der gente porque, inacabado, sei que sou um ser
condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele.
Está é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado. A
diferença entre o inacabado que não se sabe como tal e o inacabado que
histórica e socialmente alcançou a possibilidade de saber-se inacabado. Gosto
de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de minha
presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta da influência das
forças sociais, que não se compreende fora da tensão entre o que herdo social,
cultural e historicamente, tem muito a ver comigo mesmo.”
“Não podemos nos pôr diante de um aparelho de televisão
‘entregues’ ou ‘disponíveis’ ao que vier. Quanto mais nos sentamos diante da
televisão – há situações de exceção – como quem, em férias, se abre ao puro
repouso e entretenimento, tanto mais riscos corremos de tropeçar na compreensão
de fatos e de acontecimentos. A postura crítica e desperta nos momentos
necessários não pode faltar.”
“Não importa com que faixa etária trabalhe o educador ou a
educadora. O nosso é um trabalho realizado com gente, miúda, jovem ou adulta,
mas gente em permanente processo de busca. Gente formando-se, mudando,
crescendo, reorientando-se, melhorando, mas porque gente, capaz de negar os
valores, de distorcer-se, de recuar, de transgredir. Não sendo superior ou
inferior a outra prática profissional, a minha, que é a prática docente, exige
de mim um alto nível de responsabilidade ética de que a minha própria capacitação
científica faz parte. É que lido com gente. Lido, por isso mesmo,
independentemente do discurso ideológico negador dos sonhos e das utopias, com
os sonhos, as esperanças tímidas, às vezes, mas às vezes, fortes, dos educando
s. Se não posso, de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo, de
outro, negar a quem sonha o direito de sonhar. Lido com gente e não com coisas.
E porque lido com gente, não posso, por mais que, inclusive, por mais que me dê
prazer entregar-me a reflexão teórica e crítica em torno da própria prática
docente e discente, recusar a minha
atenção dedicada e amorosa a problemática mais pessoal deste ou daquele aluno
ou aluna.”
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