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domingo, maio 21, 2017

Dia da Diversidade Cultural


Em 1906, um pigmeu caçado na selva do Congo chegou ao zoológico do Bronx, em Nova
York.
Foi chamado de Ota Benga, e foi exibido ao público, numa jaula, junto com um
orangotango e quatro chimpanzés. Os especialistas explicavam ao público que aquele
humanoide podia ser o elo perdido, e para confirmar essa suspeita o mostravam brincando com
seus irmãos peludos.
Algum tempo depois, o pigmeu foi resgatado pela caridade cristã.
Fez-se o que foi possível, mas não teve jeito. Ota Benga se negava a ser salvo. Não falava,
quebrava os pratos na mesa, batia em quem quisesse tocar nele, era incapaz de fazer qualquer
trabalho, ficava mudo no coro da igreja e mordia quem queria se fotografar com ele.
No final do inverno de 1916, depois de dez anos de domesticação, Ota Benga sentou-se na
frente do fogo, se despiu, queimou a roupa que era obrigado a vestir e apontou para o coração a
pistola que havia roubado.
(Eduardo Galeano em "O Filho dos Dias")

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