Francis Jammes
(1868-1938)
Mon Humble Ami
Mon humble ami, mon chien fidèle, tu es mort
de cette mort que tu fuyais comme une guêpe
lorsque tu te cachais sous la table. Ta tête
s’est dirigée vers moi à l’heure brève et morne.
Ô compagnon banal de l’homme: être béni!
toi que nourrit la faim que ton maître partage,
toi qui accompagnas dans leur pèlerinage
l’archange Raphaël et le jeune Tobie...
Ô serviteur: que tu me sois d’un grand exemple,
ô toi qui m’as aimé ainsi qu’un saint son Dieu!
Le mystère de ton obscure intelligence
vit dans un paradis innocent et joyeux.
Ah! faites, mon Dieu, si Vous me donnez la grâce
de Vous voir face à face aux jours d’Éternité,
faites qu’un pauvre chien contemple face à face
celui qui fut son dieu parmi l’humanité.
Dans: “L’Église Habillée de Feuilles” (1906)
Meu Humilde Amigo
Meu cão fiel, humilde amigo, sucumbiste
Sob a mesa, fugindo à morte como à vespa
Tu fugias em vida. Ali tua cabeça
Voltaste para mim no passo breve e triste.
Companheiro banal do homem, tu que em teus dias
No que falta ao teu dono achas o que te baste,
Ó ser bendito que a jornada acompanhaste
Do arcanjo Rafael e do jovem Tobias...
Tal como um santo ama ao seu Deus, num grande exemplo
Amaste-me também, ó servo verdadeiro!
O mistério de tua obscura inteligência
Vive num paraíso inocente e fagueiro.
Ah se de vós, meu Deus, a graça eu alcançasse
De face a face vos olhar na eternidade,
Fazei que um pobre cão contemple face a face
Quem para ele foi um deus na humanidade.
Em: “A Igreja Coberta de Folhas” (1906)
Referências:
Em Francês
JAMMES, Francis. Mon humble ami. In: __________. Oeuvres de Francis Jammes. Paris, FR: Mercure de France, 1921. p. 317-318.
Em Português
JAMMES, Francis. Meu humilde amigo. Tradução de Manuel Bandeira. In: BANDEIRA, Manuel. Poemas traduzidos. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1956. p. 47. (Coleção ‘Rubáiyát’)
Fonte : Blog do Castorp
Fonte : Blog do Castorp
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