Memória perdida

Uma das grandes particularidades de Maringá, desde a sua concepção, são os seus sítios temáticos. Os bairros contam com nomes de ruas de diferentes temas: história do Brasil, Paraná, ruas com nomes de médicos, de pássaros... O Cidade Alta, por exemplo, é composto por ruas que homenageiam cantores brasileiros: Noel Rosa, Pixingunha, rua Carmem Miranda, Raul Seixas, Kuriango (vereador maringaense, famoso pelo cavaquinho) e outros. Meu interesse sobre essa particularidade que só enriquece a cidade aumentou com a produção da série Ruas da História, para a CBN Maringá.
Mas esses sítios temáticos estão se perdendo, se descaracterizando graças a visão míope dos nossos eleitos. E hoje a Câmara de Maringá aprovou o projeto de lei 11.340/2009, de autoria do Poder Executivo que altera para Avenida Guedner a denominação da Rua Erlon Chaves, no Cidade Alta. Foram 12 votos a favor. Ou seja, unânime.
Então, vão alterar mais um bairro com sítio temático e deixaremos de homenagear Erlon Chaves, um dos maiores maestros e arranjadores da nossa música popular. E Maringá é uma das poucas cidades a lembrar o famoso maestro que ficou nacionalmente conhecido após defender “Eu Quero Mocotó” de Jorge Ben durante o V Fic, transmitido pela TV Globo. Ali ele regeu um coral de quarenta vozes, a famosa Banda Veneno. Foi acusado de assédio moral ao ser beijado por diversas loiras na etapa internacional. A ditadura militar viu aquilo como um ato obsceno (Erlon Chaves era negro). Morreu em 1974 aos 41 anos, devido a uma parada cardíaca.
Entre seus discos, “As 10 canções Medalhas de Ouro’, produzido pelo Mazzola, o mesmo de Almanaque (Chico Buarque) e Realce (Gilberto Gil). Tive o prazer de entrevistar o Mazzola quando ele esteve em Maringá na época do estúdio Quality.