Essa é uma reportagem fascinante da Revista Planeta, escrita por Elsie Dubugras, que mergulha em um dos temas favoritos da publicação: fenômenos paranormais e parapsicologia. Vamos fazer a transcrição do texto primeiro e, em seguida, uma análise.
O RELÓGIO PERTENCIA AO MENINO. SEU PAI VOLTOU PARA ENTREGÁ-LO
Texto de Elsie Dubugras
Muitos casos misteriosos, sugerindo a sobrevivência da consciência humana à morte física, foram pesquisados pelo IBPP – Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, de São Paulo. Este que agora apresentamos é particularmente interessante, por se enquadrar numa rara categoria parapsicológica chamada drop-in – a manifestação de uma personalidade através de um médium (dando nome, endereço, dados gerais, etc.), personalidade esta completamente desconhecida por todos os presentes, inclusive o médium, e que depois se comprova ter tido uma existência real.
A matéria narra o caso de Hassim Said, um comerciante árabe residente em São Paulo que comprou um relógio em uma viagem e prometeu ao filho, Adnan, que o deixaria com ele caso morresse antes de adquirir outro. Pouco tempo depois, Hassim morre em um acidente na estrada entre Maracaí e Assis (em 19/1/1974). O corpo é recolhido, mas o relógio desaparece.
Após o enterro, três senhoras aparecem na casa da família de Hassim em Xavantes, trazendo um embrulho com o relógio. Elas dizem que o encontraram no local do acidente, mas o objeto havia sido guardado por um dos acompanhantes, que teve um comportamento estranho, acabou perturbado e foi levado até uma médium em Paraguaçu Paulista. Lá, em transe, um espírito se manifesta dizendo se chamar Hassim Said e pede que o relógio seja entregue ao filho.
As senhoras, então, localizam a família (que era totalmente desconhecida por elas) e entregam o objeto conforme pedido do espírito, relatando todos os eventos.
A reportagem explica que este é um caso típico de drop-in, fenômeno raro em que uma personalidade se comunica espontaneamente por meio de um médium, sem que ninguém presente a conheça. Detalhes fornecidos são posteriormente confirmados, o que reforça a autenticidade do fenômeno. O IBPP investigou e considerou o caso digno de registro por sua verossimilhança e pelo objeto físico (o relógio) como “prova”.
Análise crítica e contextual:
1. O que é um “drop-in”?
Na parapsicologia, um drop-in é um espírito que “aparece” espontaneamente durante uma sessão mediúnica, dando informações específicas e verificáveis, sem relação prévia com os presentes. É raro e valorizado como evidência da sobrevivência da consciência após a morte, pois foge do risco de fraude ou sugestão.
2. A credibilidade do caso
Esse relato apresenta vários elementos típicos de investigação parapsicológica:
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Identidade desconhecida previamente.
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Informações confirmadas depois (nome completo, endereço).
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Objeto físico (o relógio).
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Testemunhas (as três senhoras e a família).
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Investigação do IBPP.
Apesar da impressionante coincidência e detalhes verificados, o caso depende da veracidade dos relatos das testemunhas. Não há registro de exame forense do relógio nem gravações da sessão mediúnica.
3. O papel da Revista Planeta
Na década de 70, a Planeta era referência em temas esotéricos e científicos alternativos no Brasil, frequentemente divulgando casos do IBPP, que tinha forte ligação com o movimento espírita e parapsicológico. Elsie Dubugras, inclusive, foi figura-chave nesse jornalismo de fronteiras do invisível.
4. Elementos narrativos
O texto é construído como uma crônica paranormal com forte apelo emocional e uma estrutura clássica:
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Premonição (a promessa do relógio).
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Tragédia (o acidente).
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Mistério (relógio desaparecido).
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Intervenção espiritual.
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Resolução com entrega do objeto.
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Confirmação factual (nomes e endereços batem).
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