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segunda-feira, maio 26, 2025

**O DEUS DO SILÊNCIO**






*Luis Delfino (1834–1910)*  


Não sei por que; porque dizer não ouso:  

Seguindo estância e estância o antigo rito,  

No templo de Ísis, adorava o Egito  

O deus sem voz, o deus misterioso.  


Milhões d’olhos de um vago olhar aflito  

Cobrem-lhe o corpo; e em lânguido repouso,  

Guardando um gesto altivo e desdenhoso,  

Pousava à boca um dedo de granito.  


E como um ólho só, tudo isso olhava  

Do fundo de uma orelha, que o envolvia:  

E aos seus pés vendo a turba imbele e escrava,  


O mudo olhar inquieto ardia em lava...  

Porém... quanto mais via, e mais ouvia,  

Menos falava o deus que não falava.  



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