sexta-feira, setembro 04, 2009
Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta)
Sérgio Marcus Rangel Porto (Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 1923 — Rio de Janeiro, 30 de setembro de 1968) foi uma beleza radical. Existiu como cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro. Era mais conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta.
O personagem Stanislaw Ponte Preta está presente em suas crônicas satíricas e críticas. Foi inspirado no personagem Serafim Ponte Grande de Oswald de Andrade. É o autor da música "Samba do Crioulo Doido". Era boêmio e fazia piadas corrosivas contra a ditadura militar. Chegou a criar uma dupla caipira chamada 'Costa e Silva', uma clara referência ao presidente milutar Costa e Silva. Criou ainda o FEBEAPÁ - Festival de Besteiras que Assola o País. E ainda bolou oconcurso de beleza As Certinhas do Lalau. Frases inesquecíveis: "Duro que só nádega de estátua'; No regime capitalista, existe a exploração do homem pelo homem. No socialista, é ao contrário"; O disco esta tocando mais do que telefone de bicheiro"; "macrobiótica é um regime alimentar para quem tem 67 ano e quer chegar aos 68"; Apartamento tipo JK: janela e kitchinette".
Na foto abaixo, Sérgio Porto e uma das 'certinhas do Lalau'.
Os Sintomas
Há dias que vinha sentindo uma dorzinha fina na virilha. Rosamundo, com aquela distração que é a sua bandeira de comando, só começou a senti-la provavelmente depois de muito tempo, pois até para dor o Rosa é distraído. Na tarde em que percebeu a dorzinha, pensou: "Devo ter me contundido durante o futebol", sem se lembrar de um detalhe importante, ou seja, nunca jogou futebol.
À noitinha a dor diminuíra. Devia ser íngua. Mas Rosamundo é um sujeito muito impressionável. Para se sugestionar é quase um botafoguense, embora torça pelo Andaraí, time que já saiu da liga, mas ele ainda não percebeu. Dias depois, visitando um amigo, com o qual estava brigado mas não se lembrava, encontrou-o acamado, sob a ameaça de seguir a qualquer momento para uma casa de saúde, onde seria operado, em regime de urgência, de uma hérnia.
Entre gemidos o amigo explicava como aquilo começara. Sentira uma dorzinha na virilha. Logo que começou pensou que era uma íngua e nem deu importância. Já nem se lembrava mais da dorzinha quando ela voltou com uma violência quase insuportável. Sentiu primeiro a impressão de que as calças estavam lhe apertando, mas as calças que vestia eram até folgadinhas. A impressão, no entanto, ficara, até dar naquilo: ali deitado, à espera do médico para entrar na faca.
E o amigo gemia. Foi quando chegou o médico, examinou assim por alto e sentenciou: "Temos de operar imediatamente. É uma hérnia estrangulada". E lá fora o amigo de Rosamundo a caminho do hospital. O Rosa, por sua vez, foi para casa, mas não tirava da cabeça a lembrança da dorzinha que sentira, parecidíssima com a do doente.
Sua suspeita transformou-se em pânico na manhã seguinte. Acordara tarde e atrasado para um encontro. Vestira-se no quarto escuro, para não acordar a mulher, e se mandara. Ainda não chegara ao encontro e todos os sintomas que levaram o outro para a operação de emergência começaram a se manifestar nele. Até aquele detalhe da calça que parecia apertar, mas estava folgada a olhos vistos, ele sentia.
Disparou para casa e foi logo pedindo o médico. Estava com hérnia Deitou-se vestido mesmo, com medo de piorar, e a mulher apavorada começou a telefonar para o médico. Chamado assim às pressas, veio imediatamente. Entrou no quarto, olhou para a cara impressionantemente pálida de Rosamundo e mandou que ele se despisse para o exame. E foi aí que o Rosa percebeu que, em vez de cueca, vestira de manhã a calcinha da mulher.
Samba do Criolo Doido (Sergio Porto) com Quarteto em Cy
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