Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1962), o romance distópico de Anthony Burgess que explora violência, livre-arbítrio e condicionamento social
Trecho (Alex Descreve a "Ultraviolência"):
"Era lindo, lindo, aquela noite, meus irmãos. Um cheiro de cerveja e sangue no ar, e a velha sinfonia do estalo de ossos quebrando. Nós dançamos nossa dança de guerra, com nossas navalhas brincando de clarões sob os lampiões... Oh, era um espetáculo de glória!"(Parte 1, Capítulo 2 — A gangue em ação)
Linguagem Nadsat:
Burgess cria um idioma adolescente futurista ("ultraviolência", "meus irmãos") misturando inglês, russo e gírias, imersando o leitor no mundo perturbador de Alex.
Alex, o protagonista de 15 anos, lidera uma gangue que pratica crimes brutais por prazer. O trecho revela como ele romantiza a violência, associando-a à arte (Beethoven) e à liberdade.
O Tratamento Ludovico
"Eles me davam injeções e me obrigavam a assistir a filmes de estupros e espancamentos enquanto meus olhos ficavam presos com grampos... E então, quando eu me sentia mal, eles me davam mais remédios. Isso era justiça?"
(Parte 2, Capítulo 4 — A "cura" de Alex)
O governo condiciona Alex a sentir náuseas diante de violência, destruindo sua capacidade de escolha. Burgess questiona: é pior ser mau por vontade ou bom por coerção?
O Estupro ao Som de Beethoven
"Enquanto a Nona Sinfonia rugia, nós entrávamos nela, rolando e rindo, e ela gritava como um soprano atingindo notas altas. Lindo, pensei, a música e a dor juntas."
(Parte 1, Capítulo 4 — O ataque à casa do escritor)
A associação entre arte clássica e crueldade desafia o leitor a confrontar seu próprio fascínio pelo grotesco.
O título vem da expressão cockney "as queer as a clockwork orange" ("tão estranho quanto uma laranja mecânica"), simbolizando algo natural corrompido pela mecanização.
Stanley Kubrick adaptou o livro para o cinema em 1971, mas suavizou a crítica política — Burgess detestou.
O romance tem 21 capítulos (3x7), número simbólico da maioridade: Alex "renasce" no último capítulo.
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