Vermelho e o Negro (Le Rouge et le Noir, 1830), de Stendhal (pseudônimo de Marie-Henri Beyle), uma das obras-primas do realismo francê
Trecho:
"Aos vinte anos, a ideia do mundo e daquilo que nele se pode fazer é sobretudo o que se deseja. Julien, porém, era desgraçado: ele ambicionava diretamente a felicidade. [...] Julien não tinha ainda compreendido que, no mundo, é preciso fingir."
(Parte I, Capítulo 5 — "Uma Negociação")
O protagonista Julien Sorel, jovem plebeu ambicioso na França da Restauração, oscila entre a paixão (vermelho) e a ambição calculista (negro). Nesse trecho, sua ingenuidade e sede de ascensão social contrastam com a hipocrisia da sociedade que ele tenta conquistar.
o dilema moral de Julien
"O amor não é senão um acesso de loucura. [...] Se eu fosse um pouco menos desprezível, talvez me declarasse a ela... Mas não, meu coração está seco como um esqueleto."
(Parte II, Capítulo 19 — "O Coração de um Rei")
Julien debate-se entre o cinismo e o desejo autêntico, especialmente em seu relacionamento com Madame de Rênal. Stendhal explora a psicologia do herói com ironia e profundidade.
Crítica social: Stendhal expõe a corrupção e o conservadorismo da aristocracia pós-Napoleônica.
Psicologia moderna: Julien é um dos primeiros anti-heróis complexos da literatura, dividido entre idealismo e oportunismo.
Título simbólico: O "vermelho" representa o sangue da Revolução e a paixão; o "negro", a Igreja e o pragmatismo.
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