O Retrato de Dorian Gray" (The Picture of Dorian Gray, 1890), a obra-prima decadentista de Oscar Wilde que explora beleza, moralidade e a duplicidade humana:
Trecho (Prefácio - O Manifesto Estético de Wilde):
"Não existem livros morais ou imorais. Livros são bem escritos ou mal escritos. Isso é tudo. [...] Todo arte é ao mesmo tempo superfície e símbolo. Aqueles que mergulham abaixo da superfície fazem-no por sua própria conta e risco."
Este prefácio, adicionado após a polêmica inicial, serve como defesa da arte pela arte — atacando os críticos vitorianos que acusaram o livro de "imoral".
O Pacto de Dorian
"Se fosse eu quem permanecesse jovem, e o retrato envelhecesse! Por isso — por isso — eu daria tudo! Sim, não há nada no mundo que eu não daria! Daria até minha alma!"
(Capítulo 2 — O desejo fatal)
Neste momento crucial, Dorian expressa seu desejo egoísta que amarra seu destino ao retrato pintado por Basil Hallward. A partir daí, o quadro absorverá todos os vestígios de seus vícios e envelhecimento.
A Corrupção de Dorian
"O retrato seria para ele o espelho de sua consciência. Ele veria sua própria degradação. E no entanto continuaria... Pois era a própria perversidade que agora o atraía — a perversidade e o prazer mais sombrio de saber-se duplo."
(Capítulo 11 — A transformação interna)
Culto à Beleza: Dorian idolatra a juventude como valor supremo, refletindo o movimento estético do século XIX.
Dualidade Humana: O retrato funciona como "alma" visível, enquanto Dorian mantém aparência imaculada.
Hedonismo vs. Moralidade: Lord Henry Wotton incentiva Dorian a buscar prazeres sem limites, levando-o à ruína.
O Retrato Revelado
"O rosto no quadro estava irreconhecível — uma coisa horrível, viscosa, com sorriso hipócrita. As mãos estavam vermelhas... Era sangue? Dorian sentiu nojo de si mesmo, mas não podia deixar de admirar a crueldade daquela imagem."
(Capítulo 20 — O clímax)
A descrição grotesca do retrato corrompido contrasta com a beleza intacta de Dorian, simbolizando o preço do pecado não confessado.
O livro foi usado como prova contra Wilde no julgamento por "indecência" (homossexualidade) em 1895.
A frase "Todo assassinato é vulgar, como tudo o que é vulgar" foi citada como evidência de sua "depravação".
Dorian Gray nunca envelhece, mas Wilde morreu prematuramente aos 46 anos, arruinado pelo escândalo.
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