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quinta-feira, julho 31, 2025

Meus filmes favoritos de terror

Meus filmes favoritos de terror mas não necessariamente nessa ordem. Todos empatam.



Década dominante: Anos 70, com forte presença do horror sobrenatural e início do slasher.

 Há uma progressão do gótico para o psicológico, e depois para o social e o grotesco nos anos 2000+.

Temas predominantes: Religião (Exorcista, Profecia, Rosemary), identidade (Corra!, Nosferatu), isolamento (Iluminado, Alien) e corpo (A Mosca, Lobisomem...).


1. O Exorcista (1973) – William Friedkin

Sinopse: Uma jovem é possuída por um demônio, levando sua mãe a buscar ajuda de dois padres para realizar um exorcismo.
Análise: Ícone do horror sobrenatural, mistura fé, culpa e terror visceral. Marcou a cultura pop com realismo e tensão psicológica.


2. O Iluminado (1980) – Stanley Kubrick

Sinopse: Um homem enlouquece lentamente enquanto cuida de um hotel isolado com sua família.
Análise: Horror psicológico que explora isolamento, loucura e violência familiar, com direção estilizada e ambígua.


3. Violência Gratuita (1997/2007) – Michael Haneke

Sinopse: Uma família é aterrorizada por dois jovens sádicos durante férias.
Análise: Metafilme cruel que critica o voyeurismo no horror e confronta o espectador com sua própria complacência.


4. Invasão Zumbi (Train to Busan, 2016) – Yeon Sang-ho

Sinopse: Passageiros de um trem tentam sobreviver a um surto zumbi na Coreia do Sul.
Análise: Mistura ação e drama humano com tensão crescente, trazendo renovação emocional ao gênero zumbi.


5. Midsommar (2019) – Ari Aster

Sinopse: Jovens participam de festival sueco que esconde rituais pagãos macabros.
Análise: Folk horror diurno que usa luto e relacionamentos tóxicos como motor para um terror psicológico perturbador.


6. Halloween (1978) – John Carpenter

Sinopse: Um assassino mascarado persegue adolescentes na noite de Halloween.
Análise: Pioneiro do slasher moderno, com atmosfera econômica e trilha icônica. Influência duradoura.


7. A Profecia (1976) – Richard Donner

Sinopse: Casal descobre que o filho adotivo pode ser o Anticristo.
Análise: Mistura paranoia religiosa e conspiração satânica com tensão crescente e mortes criativas.


8. Tubarão (Jaws, 1975) – Steven Spielberg

Sinopse: Um enorme tubarão aterroriza uma cidade litorânea.
Análise: Thriller que funde horror naturalista com suspense hitchcockiano. Inaugura o "blockbuster" moderno.


9. O Homem de Palha (The Wicker Man, 1973) – Robin Hardy

Sinopse: Policial investiga o desaparecimento de uma menina em ilha com rituais pagãos.
Análise: Folk horror britânico com crítica religiosa e atmosfera ambígua; final icônico.


10. Psicose (Psycho, 1960) – Alfred Hitchcock

Sinopse: Mulher em fuga encontra um motel isolado comandado por um homem estranho.
Análise: Marco do terror psicológico, com reviravolta narrativa e construção de tensão exemplar.


11. O Bebê de Rosemary (Rosemary’s Baby, 1968) – Roman Polanski

Sinopse: Jovem grávida suspeita que seus vizinhos têm planos sinistros para seu bebê.
Análise: Horror paranoico urbano que explora controle sobre o corpo feminino e ocultismo com sutileza crescente.


12. Os Inocentes (The Innocents, 1961) – Jack Clayton

Sinopse: Governanta acredita que as crianças sob seus cuidados estão possuídas.
Análise: Horror gótico ambíguo e atmosférico, com subtexto sexual e psicológico refinado.


13. O Silêncio dos Inocentes (1991) – Jonathan Demme

Sinopse: Jovem agente do FBI busca ajuda de um serial killer preso para capturar outro.
Análise: Thriller psicológico com tensão constante e performances memoráveis; mistura terror e procedural policial.


14. Corra! (Get Out, 2017) – Jordan Peele

Sinopse: Jovem negro visita a família branca da namorada e descobre um plano sinistro.
Análise: Terror racial moderno com crítica social incisiva, humor ácido e construção de tensão eficiente.


15. Nosferatu (2024) – Robert Eggers

Sinopse: Releitura sombria e expressionista do clássico de Murnau, com nova estética e clima gótico.
Análise: Ainda recente, mas já reverenciado por sua fidelidade sombria ao espírito do original e estética rigorosa.


16. O Bar Luva Dourada (Der Goldene Handschuh, 2019) – Fatih Akin

Sinopse: Retrato grotesco e realista de um serial killer na Hamburgo dos anos 70.
Análise: Horror visceral e sujo, com abordagem quase documental e foco no grotesco humano.


17. A Mosca da Cabeça Branca (The Fly, 1958) – Kurt Neumann

Sinopse: Cientista se funde acidentalmente com uma mosca durante experimento de teletransporte.
Análise: Sci-fi trágico e clássico do corpo modificado, precursor do horror biológico moderno.


18. Alien, o Oitavo Passageiro (1979) – Ridley Scott

Sinopse: Tripulação de nave espacial enfrenta criatura mortal em missão.
Análise: Mistura de sci-fi e horror claustrofóbico com subtexto sexual e atmosfera opressiva.


19. Drácula (1958) – Terence Fisher

Sinopse: O conde Drácula espalha terror na Inglaterra vitoriana.
Análise: Estilizado e sensual, trouxe cor e erotismo ao vampirismo. Clássico da Hammer Films.


20. Frankenstein de Mary Shelley (1994) – Kenneth Branagh

Sinopse: Cientista dá vida a um ser feito de cadáveres e enfrenta as consequências.
Análise: Adaptação mais fiel ao romance, com tom operístico e foco no drama moral do criador e criatura.


21. Um Lobisomem Americano em Londres (1981) – John Landis

Sinopse: Jovem americano é atacado por lobisomem e sofre transformações em Londres.
Análise: Combina terror corporal brutal com humor negro e efeitos práticos lendários. Cultuado.



Anne Frank


A única filmagem de vídeo conhecida de Anne Frank.

...:


:

Trama Macabra (Intriga em Família) (Family Plot) (1976)



Falsa medium e seu amante, um taxista psicopata, planejam roubar uma grande quantia em dinheiro de uma idosa, alegando ter encontrado seu sobrinho há anos desaparecido. Sem saber, os trambiqueiros encontram o rapaz, agora como um esperto ourives, e que está envolvido com um sequestro.




Direção:Alfred Hitchcock

Roteiro: Ernest Lehman (roteiro), Victor Canning (livro "The Rainbird Pattern")



Elenco:

Karen Black...Fran

Bruce Dern...George Lumley

Barbara Harris...Blanche Tyler

William Devane...Arthur Adamson

Ed Lauter...Joseph Maloney

Cathleen Nesbitt...Julia Rainbird

Katherine Helmond...Mrs. Maloney

Warren J. Kemmerling...Grandison

Edith Atwater...Mrs. Clay

William Prince...Bishop Wood

Nicholas Colasanto...Constantine

Marge Redmond...Vera Hannagan

John Lehne...Andy Bush

Charles Tyner...Wheeler

Alexander Lockwood...Parson

Martin West...Sanger





Curiosidades:



-É o último filme do Mestre do Suspense Alfred Hitchcock



-Adaptação do romance "The Rainbird Pattern", de Victor Canning, publicado em 1972.



-O diretor pensou em Al Pacino para o papel de Lumley, mas o cachê do ator estava muito alto na época por conta dos recentes sucessos O Poderoso Chefão (1972) e Serpico (1973).

Jack Nicholson recusou o mesmo personagem em favor de Um Estranho no Ninho (1975).



-Trilha de John Williams. Foi a primeira e única parceria entre o compositor e Hitchcock. Globo de Ouro



-Em 1977 Barbara Harris foi indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz comédia/musical por seu trabalho no filme.





Memórias Póstumas de Brás Cubas

 Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), obra-prima de Machado de Assis que revolucionou a literatura brasileira


Trecho (O Defunto Autor):

"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas."
(Dedicatória inicial)


Esta abertura irreverente, onde um morto dedica seu livro a um verme, já estabelece o tom cáustico e anti-romântico da obra. Brás Cubas narra sua vida post mortem, expondo sem pudor suas falhas e a hipocrisia da sociedade.


"Teoria do Humanitismo"

"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. E não careço de imitar o Cristo, que amava tanto os homens que lhes deixou... piolhos."
(Capítulo CXXXIX — O último capítulo)


No fechamento do livro, Brás Cubas faz um balanço niilista de sua vida, celebrando não ter perpetuado o "legado da miséria" humana. A comparação sacrílega com Cristo resume o humor ácido machadiano.



  1. Ironia Ferina: Crítica disfarçada de humor ("A alma é uma doença" / "A morte é uma negativa sem retórica").

  2. Narrador Não-Confiável: Brás Cubas mente, omite e justifica seus atos mesquinhos.

  3. Experimentalismo: Digressões, diálogos com o leitor e capítulos curtíssimos (como o famoso "O Delírio", de 3 linhas).


 "Pai Contra Mãe"

"O menino morreu. Não chegou a conhecer este mundo, onde seria talvez um ridículo, como o pai, ou uma infeliz, como a mãe."

(Capítulo sobre o filho que não sobreviveu)

Impacto:
Machado condensa em poucas linhas toda a crueldade do destino e a futilidade da existência, temas centrais do livro.



  • Foi o primeiro romance realista brasileiro, publicado no mesmo ano que "O Primo Basílio" de Eça.

  • O personagem Quincas Borba (que aparece aqui) ganharia depois seu próprio romance.

  • A frase "Não consegui ser ministro, não consegui ser casado, não consegui ser poeta" sintetiza o fracasso como projeto existencial.


quarta-feira, julho 30, 2025

Bia Grabois

 

Bia Grabois



  1. Origem e Início:

    • Natural do Paraná, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1983.

    • Iniciou a carreira abrindo shows para o poeta e músico Jorge Mautner.

  2. Estilo Musical:

    • Conhecida por seu "blues brasileiro", distante do modelo tradicional americano, com letras existenciais e influências locais.

    • Também explorou rock e canções autorais, muitas compostas em parceria com seu irmão, Mário Grabois (publicitário).

  3. Trajetória Artística:

    • Começou cantando covers de ícones como Bessie Smith (blues) e Patsy Cline (country).

    • Integrou a banda Ipanema Blues antes de partir para projetos solo.

    • Seus shows em casas como JazzmaniaLaura Alvim e Mistura Up (onde se apresentou com um quarteto) consolidaram sua presença no circuito alternativo carioca.

  4. Repertório Autoral:

    • Destaques: "Os meninos" (blues brasileiro) e "O céu negro" (temática existencial).

    • Descrita como uma artista "intuitiva", que priorizava a emoção à técnica vocal.



Transcrição da matéria "Bia Grabois mostra ‘blues brasileiro’ no Mistura Up"

Jornal do Brasil – 18 de maio de 1992
Por Mauro Ferreira


Bia Grabois mostra ‘blues brasileiro’ no Mistura Up

A roteirista do novo show da cantora Bia Grabois — em cartaz somente hoje no Mistura Up — não deixa por menos no texto de apresentação do espetáculo: Mathilda Kóvak diz que Bia tem "um par de artérias no lugar de cordas vocais". Seja como for, a voz dessa paranaense de 25 anos pulsa agora num trabalho mais pessoal. Depois de fazer covers de cantoras como Bessie Smith e Billie Holiday, Bia resolveu mostrar suas próprias músicas, algumas compostas com seu irmão, o publicitário Mário Grabois.

"O trabalho é tão pessoal que eu nem canto com muita técnica. É tudo bem intuitivo. Já em um projeto, canto o que vem à mente", diz Bia, que integrou a banda Ipanema Blues.

Bia chama sua apresentação de "demo-show", ou seja, show demonstração. Ela já canta há dois anos, mas nunca havia explorado os blues e rocks de sua autoria.

"Na realidade, não componho o típico blues americano. Meu blues é nacional e tem uma cara bem brasileira", avisa.


O repertório e a trajetória

"Os meninos" é um dos blues brasileiros incluídos no roteiro. Já "O céu negro" tem temática existencial, como muitas das composições de Bia Grabois, que mora no Rio desde 1983 e iniciou sua carreira abrindo shows de Jorge Mautner.

Ela não canta apenas blues, mas foi com o gênero que ensaiou seus primeiros passos artísticos. Há dois anos, montou um show somente com blues antigos, a maioria do repertório de Bessie Smith. Antes, fez um show com covers do repertório de Patsy Cline, cantora americana de country, falecida nos anos 60.

Com fitas nas mãos de produtores musicais, Bia já pisou em palcos de casas como o Jazzmania, a Laura Alvim e o próprio Mistura Up, onde canta hoje acompanhada por um quarteto formado por:

  • Dois guitarristas: Helinho e Carlos Garcia

  • Baterista: Álvaro Albuquerque

  • Baixista: Paulo Peninha

O show começa às 22h.


terça-feira, julho 29, 2025

Arte de protesto “Dia de muertos”

 Arte de protesto “Dia de muertos” em solidariedade aos trabalhadores migrantes na fronteira com Calexico, Califórnia, 1º de novembro de 2009.



Edgar Allan Poe

 Edgar Allan Poe (1809-1849), o mestre do terror gótico e pai do conto policial, cuja obra mistura melancolia, horror psicológico e beleza macabra




Trecho de "O Coração Denunciador" (1843):

"É verdade! — nervoso — muito, muito terrivelmente nervoso eu estava e sou; mas por que insistem em dizer que sou louco? A doença aguçara meus sentidos — não os destruíra — não os embotara. Acima de tudo, era o olho... sim, aquele olho! Um olho pálido, azul, com uma membrana sobre ele. Sempre que me caía sobre ele, meu sangue gelava."


Este monólogo de um assassino obcecado pelo olho "de abutre" de sua vítima é um estudo perfeito da paranoia e culpa. O ritmo acelerado e repetitivo ("Nervoso — muito nervoso") imita a mente em colapso.


 "O Corvo" (1845):

"E o Corvo, imóvel, pousa, pousa ainda
Sobre o busto pálido de Palas, logo acima da porta;
E seus olhos têm a aparência
Dos olhos de um demônio que sonha;
E a luz da lâmpada, sobre ele a escorrer,
Lança sua sombra no chão;
E minha alma, dessa sombra que flutua no chão,
Não se libertará — nunca mais!"


Neste poema gótico, o corvo repetindo "Nunca mais" ("Nevermore") torna-se um símbolo do luto inconsolável. A métrica e aliterações ("weak and weary") criam um efeito hipnótico.



  1. Morte e Beleza: Fusão de imagens líricas e macabras ("Annabel Lee", "Ligeia").

  2. Narradores Não-Confiáveis: Loucos, assassinos e moribundos contam suas histórias ("O Gato Preto", "O Barril de Amontillado").

  3. Precisão Matemática: Poe defendia que cada palavra num conto deve servir ao clímax ("Filosofia da Composição").


 "A Queda da Casa de Usher" (1839):

"Havia uma fissura quase imperceptível que se estendia da base do telhado até o solo. Eu a observei, e então — com um estrondo como se o mundo rachasse — a velha casa caiu sobre si mesma, tragando para sempre o último dos Usher nas águas negras do lago."


A casa como extensão da mente doentia de Roderick Usher é um dos primeiros exemplos de patrimônio gótico na literatura.



  • Poe inventou o detetive literário (C. Auguste Dupin em "Os Crimes da Rua Morgue").

  • Morreu misteriosamente aos 40 anos, encontrado delirante em Baltimore com roupas que não eram suas.

  • Sua frase "Tudo o que vemos ou parecemos é apenas um sonho dentro de um sonho" inspirou gerações de surrealistas.

segunda-feira, julho 28, 2025

POLTERGEIST NO RIO GRANDE DO SUL

 



Por Philippe Piet van Putten

Contexto e Introdução

A matéria, publicada na edição de julho de 1990 da revista Planeta, relata um caso intrigante de poltergeist na Vila Santa Rosa, bairro periférico de Porto Alegre (RS). O fenômeno, que durou mais de dois anos, envolvia uma família que testemunhou eventos como fogo espontâneo (parapirogenia), deslocamento de objetos e vozes misteriosas. A reportagem contou com investigações apoiadas pela Academia Brasileira de Paraciências (ABP) e registros televisivos (RBS TV e SBT), raros por capturarem os fenômenos em ação.


Principais Pontos da Investigação

  1. O Epicentro: Marli Freitas de Oliveira

    • Uma jovem de 26 anos, aparentemente comum, era o foco dos fenômenos. Os eventos começaram em 1988 e cessavam quando ela se ausentava (como em sua viagem a Alegrete).

    • Características: introvertida, sem histórico religioso conhecido, mas associada a atividades paranormais mesmo durante o sono (ex.: colchão pegando fogo com ela deitada).

  2. Manifestações Documentadas

    • Parapirogenia: Fogo surgia sem causa aparente, queimando roupas (inclusive molhadas), móveis e até partes da estrutura das casas. Um "pó cinza misterioso" era encontrado após combustões.

    • Telecinesia: Objetos se moviam ou flutuavam (ex.: fogão suspenso no ar, louças rodopiando).

    • Vozes e Agressões Invisíveis: Lucrécia, filha de Blonilda, relatou vozes de crianças e empurrões.

  3. Tentativas de Intervenção

    • Padre Jesuíta Edvino Friederichs: Atribuiu o fenômeno a "telefonia" (energia psíquica inconsciente), mas suas orações falharam.

    • Religioso Alaor Geisel: Tentou exorcismos sem sucesso.

    • Espiritistas: Sugeriram "tratamento desobsessivo" para entidades (psi-teta), não realizado pela família.

  4. Danos Materiais e Impacto Psicológico

    • A família perdeu roupas, móveis e até a máquina de costura. Blonilda, aposentada, enfrentou prejuízos financeiros irreparáveis.


Comentários Críticos

  1. Abordagem Científica vs. Espiritual

    • A matéria equilibra explicações parapsicológicas (como a teoria do epicentro humano, defendida pelo pesquisador Hernani Guimarães Andrade) com interpretações espiritualistas (mediunidade, possessão).

    • Destaque para a falta de consenso: enquanto cientistas viam Marli como um "vetor de energia", religiosos culparam "entidades malignas".

  2. Implicações Culturais

    • Reflete o contexto dos anos 80/90, quando fenômenos paranormais ganhavam espaço na mídia, mas ainda eram marginalizados pela academia tradicional.

    • cobertura televisiva (RBS/SBT) foi pioneira em documentar poltergeists, normalmente evasivos diante de testemunhas.

  3. Lacunas Investigativas

    • Não houve análise laboratorial do "pó cinza" ou do ambiente para descartar fraudes.

    • A família, vulnerável economicamente, pode ter sido alvo de sensacionalismo midiático.


Conclusão

O caso da Vila Santa Rosa permanece um enigma aberto, ilustrando a complexidade dos poltergeists, que desafiam fronteiras entre ciência e espiritualidade. A matéria da Planeta é um documento histórico valioso, mas também um convite à reflexão: como distinguir entre fenômenos genuínos e histeria coletiva em contextos de vulnerabilidade social?

Leitura recomendada: O livro Poltergeists (Gauld & Cornell, 1979), citado na reportagem, oferece um paralelo internacional para esses fenômenos.


ILUSTRAÇÃO


FENÔMENOS PARANORMAIS: POLTERGEIST NO RIO GRANDE DO SUL
Revista Planeta - Julho de 1990
Por Philippe Piet van Putten


Introdução

A televisão brasileira recentemente noticiou um caso extraordinário de poltergeist que vem ocorrendo há mais de dois anos em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Uma família inteira tem testemunhado fenômenos inexplicáveis, incluindo combustões espontâneas e objetos que se movem sozinhos. O repórter Philippe van Putten visitou o local e relata suas descobertas.


O Fenômeno

Os poltergeists (do alemão "espírito barulhento") são conhecidos por causar:

  • Movimentos anômalos de objetos

  • Pancadas misteriosas (raps)

  • Fogo espontâneo (parapirogenia)

O caso da Vila Santa Rosa se destaca pela intensidade e duração dos fenômenos, que começaram em 1988 e continuaram até pelo menos 1990.


Os Fatos Documentados

  1. A Família Atingida

    • Blonilda Andrades Cardoso, 55 anos, é a matriarca

    • Fenômenos ocorrem em três casas da propriedade

    • Marli Freitas de Oliveira, 26 anos, identificada como "epicentro" do fenômeno

  2. Manifestações Paranormais

    • Combustões espontâneas: Roupas, móveis e até colchões pegando fogo sem causa aparente

    • Objetos em movimento: Copos, cadeiras e até o fogão foram vistos se movendo sozinhos

    • Vozes e agressões invisíveis: Relatos de empurrões e vozes de crianças chorando

  3. Registros Impressionantes

    • Equipes da RBS TV e SBT conseguiram filmar alguns fenômenos

    • Câmeras capturaram roupas pegando fogo e objetos se movendo


Tentativas de Explicação

  1. Hipótese Parapsicológica

    • Hernani Guimarães Andrade (IBPP) sugere que Marli atua como "vetor" inconsciente das manifestações

  2. Interpretações Religiosas

    • Padre Edvino Friederichs (jesuíta) atribui a "telefonia" (energia psíquica)

    • Alaor Geisel tentou exorcismos sem sucesso

    • Espiritistas sugerem tratamento desobsessivo


Impacto e Consequências

  • Danos materiais extensos: a família perdeu móveis, roupas e eletrodomésticos

  • Prejuízos psicológicos: medo constante e estresse emocional

  • Situação financeira precária agravada pelos fenômenos


Conclusão

O caso permanece sem explicação definitiva, representando um dos poltergeists mais bem documentados do Brasil. A matéria destaca:

  • A dificuldade em estudar fenômenos tão evasivos

  • O conflito entre explicações científicas e espirituais

  • O impacto devastador na vida das famílias envolvidas

Contato para colaborações:
Academia Brasileira de Paraciências (ABP)
Caixa Postal 57041, Moema, São Paulo, SP
CEP 04093


COMENTÁRIO: Esta matéria histórica da revista Planeta captura um momento fascinante da pesquisa paranormal no Brasil. Enquanto alguns aspectos poderiam ser investigados com maior rigor científico (como análise do "pó cinza" mencionado), o caso permanece como um importante registro de fenômenos que desafiam nossa compreensão da realidade. A combinação de testemunhos familiares, registros em vídeo e a participação de pesquisadores renomados como Hernani Guimarães Andrade fazem desta uma das melhores documentações brasileiras de atividade poltergeist.


sábado, julho 26, 2025

Carmilla

 Carmilla (1872), a pioneira novela gótica de Sheridan Le Fanu que inspirou Drácula e estabeleceu os códigos do vampiro feminino na literatura



Trecho (A Sedução Vampírica):

"Às vezes, após horas de silêncio, Carmilla me dizia, com um suspiro: 'Você é minha, você será minha, e você e eu somos uma só para sempre'. Então seus lábios se aproximavam do meu pescoço, e eu sentia duas agulhas finas perfurando minha carne — mas era um sonho... era sempre um sonho... ou não?"
(Capítulo 4 — Os beijos noturnos)



A jovem Laura narra suas experiências ambíguas com a misteriosa Carmilla, que chega à sua casa após um "acidente" suspeito. A cena mistura erotismo e horror, desafiando os tabus vitorianos sobre sexualidade feminina.


A Revelação

"No caixão aberto, vestida de branco, com os lábios rubros como sangue fresco, jazia Millarca — ou Carmilla — ou Mircalla, Condessa Karnstein, morta há 150 anos! Seu rosto estava rosado, suas unhas crescidas como garras... e em seu peito, uma estaca de madeira."
(Capítulo 15 — A verdadeira identidade)


Le Fanu baseou sua vampira em lendas reais da Europa Oriental, dando nome histórico ao mito (Condessa Mircalla Karnstein) e influenciando Stoker.



  1. Lesbianismo Gótico: A relação entre Carmilla e Laura é a primeira representação de atração vampírica entre mulheres na literatura.

  2. Histeria Feminina: Os desmaios e febres de Laura refletem diagnósticos médicos da época para sexualidade "desviante".

  3. Duplicidade: Carmilla alterna entre ternura e predação, questionando quem é a verdadeira vítima.


O Ataque na Cama

"Acordei com um peso sobre meu peito — Carmilla estava sobre mim, seus olhos brilhando no escuro como os de um gato. Sua boca estava manchada de vermelho, e quando gritei, ela fugiu pela porta... mas a porta estava trancada por dentro."
(Capítulo 8 — O primeiro ataque)


Essa cena estabeleceu o tropo do vampiro que invade quartos à noite, depois replicado em Drácula e milhares de outras obras.



  • Publicada 25 anos antes de Drácula, Carmilla já usava técnicas como diários médicos e documentos históricos para dar veracidade.

  • O nome "Carmilla" vem do latim carmen (encantamento) + illa (diminutivo feminino) — "pequena feiticeira".

  • A obra inspirou filmes como The Vampire Lovers (1970) e a série Carmilla (2014-2016).


sexta-feira, julho 25, 2025

Grandes Naufrágios- Andrea Dória

 


Na noite de 25 de julho de 1956, o majestoso e luxuoso paquete italiano Andrea Doria navegava através do nevoeiro rumo ao porto de Nova Iorque, com 1706 pessoas a bordo. Encontrando-se já a sul de Nantucket, repentinamente, emergindo da escuridão, cintilaram as luzes do Stockholm, o paquete sueco.

O choque foi violento. A proa do Stockholm penetrou cerca de 40 m no costado do Andrea Doria, que ficou gravemente danificado. Mesmo o Stockholm, um dos mais bem sucedidos navios construídos pela Suécia, não saiu incólume e teve 5 mortos a bordo.

O Andrea Doria ficou imediatamente ameaçado de naufrágio. Mais de 50 pessoas perderam a vida, mas não fosse a eficiente operação de salvamento, o número de vítimas teria sido muito maior. Os S.O.S prestaram auxílio imediato e os sobreviventes foram recolhidos por vários navios que se encontravam nas proximidades.

Um dos mais reconfortantes foi o do magnífico paquete francês Ile de France que se dirigiu a toda a velocidade para o local do sinistro. O trabalho da tripulação do Andrea Doria foi notável e a disciplina a bordo admirável. O paquete escorou o navio que facilitou grandemente a manobra dos botes de salvados, cuja tripulação trabalhou incansavelmente durante toda a noite.

Às 10.09 da manhã do dia seguinte, o Andrea Doria soçobrava finalmente, em obras de metal já rendido. Uma semana antes, já ainda ao largo da costa de Nantucket, afundava-se a 70 m.


1. Um desastre em câmera lenta

  • O Andrea Doria não desapareceu como o Mary Celeste, nem explodiu tragicamente como o Sultana. Mas seu naufrágio foi lento, visualmente impactante e repleto de tensão dramática, como num filme de desastres dos anos 70.

  • A colisão no nevoeiro com o Stockholm revelou falhas técnicas e humanas: confusões de radar, julgamentos errados e uma perigosa confiança em tecnologia recém-introduzida.

2. Um cenário de filme

  • A operação de salvamento foi épica: mais de 1600 pessoas salvas no mar, à noite, no meio do nevoeiro. O Ile de France, iluminado como um castelo flutuante, aparece como um verdadeiro herói de aço.

  • A disciplina da tripulação italiana contrasta com a tragédia — um tema clássico de resiliência humana diante da catástrofe.

3. Repercussão e legado

  • O naufrágio do Andrea Doria foi o “Titanic do pós-guerra”, ganhando espaço na mídia e no imaginário popular.

  • Até hoje, mergulhadores se aventuram nos destroços a 70 metros de profundidade — e muitos perderam a vida nesse desafio.