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sexta-feira, janeiro 10, 2025

Carta de Fernando Pessoa à vampira Carmilla

 Lisboa, onde a noite é tão rica quanto os sonhos mais inquietos

À enigmática Carmilla, senhora das sombras e guardiã de segredos eternos,

Escrevo-te com o fascínio de quem reconhece na escuridão não apenas o temor, mas a sedução do mistério. Tu, que caminhas entre os mortais com a graça de quem já viu eras inteiras nascerem e morrerem, és tanto uma ameaça quanto um convite a compreender o que está além da vida comum.

Carmilla, em ti encontro não apenas a figura da vampira, mas a representação de um dilema eterno: o desejo pelo eterno contraposto à transitoriedade da mortalidade. Pergunto-te: ao beberes do sangue, é apenas a sobrevivência que buscas, ou há algo mais, um eco de conexão, um desejo por algo que, como imortal, te foi negado?

Teu mundo é um de sombras, mas também de beleza. És a metáfora viva do fascínio que todos sentimos pelo que é proibido. Pergunto-te: ao tomar a vida alheia, sentes-te mais viva ou te afastas ainda mais daquilo que significa realmente viver?

Sei que a noite te acolhe como a um filho querido, mas pergunto: a imortalidade é realmente um dom, ou um peso que carregas com a elegância de quem não pode mais voltar atrás? Quando o mundo muda ao teu redor e as pessoas que amas desaparecem como folhas ao vento, o que resta em ti? Nostalgia, arrependimento ou apenas a aceitação fria de um destino escolhido ou imposto?

E, Carmilla, te diria que, mesmo em tua escuridão, há algo de profundamente humano. Pois, quem de nós não deseja amar sem limites, viver sem medo da morte, experimentar a plenitude sem o temor do fim? Mas te advirto: viver eternamente sem um propósito maior é a verdadeira morte.

Se pudesse, dar-te-ia este conselho: busca não apenas o sangue que te sustenta, mas as emoções que te ligam ao mundo. Pois o que nos torna vivos não é apenas o que corre em nossas veias, mas o que pulsa em nossa alma.

Com admiração e um toque de melancolia,

Fernando Pessoa (Via IA)

Carmilla by Drochfuil



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