Lisboa, onde o vento sussurra segredos antigos, como os ecos de um amor imortal
Aos irreconciliáveis Cathy e Heathcliff, cujos destinos se entrelaçam nas tempestades da alma,
Escrevo-vos com a consciência de que o amor de vocês transcende o mero afeto humano, sendo mais próximo de uma força natural, que não obedece às regras nem ao tempo. Vossos nomes, ligados para sempre à terra de Wuthering Heights, são sinônimos de paixão que arrebenta e destrói, de uma união que é ao mesmo tempo vida e morte.
Cathy, tu, que amaste Heathcliff com uma intensidade que queimava tudo ao seu redor, questiono-te: o que é o amor, se não um fogo que consome até os próprios corações que acende? Não foste tu a mais responsável por essa dor infinita, por essa falta que permeia toda a vossa existência? E, mesmo assim, não posso condenar o que era, na verdade, o mais puro reflexo do desejo humano por algo que transcende o mundano.
Heathcliff, tu que, ao teres perdido Cathy, mergulhaste na escuridão de uma vingança que não te trouxe paz, mas apenas mais angústia, mais solidão. Ao amar Cathy com tamanha força, acabaste por aprisionar-te, não em seu coração, mas nas correntes de uma obsessão que nunca poderia ser saciada. Pergunto: o que é o amor que não traz libertação, mas aprisiona até os sonhos e as memórias?
O que vejo em vós, ao olhar para vossa história, é que o amor, no seu estado mais puro e destrutivo, pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição. Pois, como vós, quantos não nos perdemos em desejos intensos, que nos afastam do que é real, para nos lançar numa busca incessante por algo que nunca pode ser nosso completamente? O amor que une é, muitas vezes, o mesmo que destrói. E vocês são a personificação disso.
Se pudesse oferecer algum conselho, diria: não é o amor que deve ser eterno, mas a capacidade de deixar o outro ir, de entender que, em sua ausência, o próprio amor se transforma. Pois, ao insistir no impossível, corroímos as próprias fundações de nossa alma. A verdadeira liberdade vem não da união inquebrantável, mas do aprendizado de viver, mesmo que, às vezes, amemos com a dor de quem foi abandonado pelo próprio desejo.
Com pesar e admiração,
Fernando Pessoa (via IA)
Wuthering Heights (1951) |
Nenhum comentário :
Postar um comentário