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sexta-feira, janeiro 10, 2025

Carta de Fernando Pessoa para o Fantasma da Ópera

 Lisboa, sob o peso de um silêncio que ainda ecoa nas paredes da alma

Ao enigmático Fantasma da Ópera, mestre das sombras e da melodia esquecida,

Escrevo-te com a curiosidade de quem busca compreender o mistério de uma alma atormentada, cuja beleza reside tanto no talento quanto na tragédia. Tu, que habitaste os recantos mais sombrios da ópera e da mente humana, és, ao mesmo tempo, uma figura de horror e de arte, uma fusão de criação e destruição.

Pergunto-te: quando tocavas o órgão nas profundezas do teatro, procuravas apenas a perfeição musical ou, por detrás de cada nota, tentavas capturar a atenção de um mundo que te ignorava? A música, essa arte sublime, era tua libertação ou tua condenação?

Teu rosto, oculto pelas sombras, é a metáfora perfeita para a natureza humana. Todos nós escondemos algo de nós mesmos — seja no olhar, nas palavras, ou no silêncio. E tu, Fantasma, ao esconder tua face, revelas a nossa própria incapacidade de aceitar as imperfeições, de ver a beleza que reside no que não pode ser visto. Pergunto-te: ao te ocultares atrás da máscara, o que temias mais — a rejeição do outro ou a tua própria visão distorcida de quem realmente eras?

Tu, que amavas com a intensidade de um homem que sabe o quanto o amor é fugaz, te vejo não apenas como um monstro, mas como alguém que foi tragado por seu próprio desejo de pertencimento. A tua paixão por Christine é a mais pura das obsessões, mas também a mais trágica, pois és prisioneiro de um amor que não pode ser correspondido. Pergunto: não é este o dilema eterno da alma humana? Amar e não ser amado, buscar e não encontrar, criar e destruir?

Se há algo em tua história que nos ensina, é que a beleza verdadeira não reside nas máscaras que usamos, mas naquilo que somos, por trás delas. Pois o verdadeiro horror não está na aparência, mas no vazio que criamos dentro de nós ao tentar ocultar quem realmente somos.

Se pudesse te aconselhar, diria: liberte-se, não da sua paixão, mas de sua prisão emocional. Pois, assim como a música transcende a dor, também o amor pode ser a chave para uma liberdade maior — aquela que vem do entendimento profundo de si mesmo.

Com respeito e reflexão,

Fernando Pessoa (Via IA)




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