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segunda-feira, janeiro 20, 2025

Carta de Fernando Pessoa para Machado de Assis

 Lisboa, onde as palavras ecoam com a ironia do destino e a verdade se esconde nas entrelinhas

Ao grande Machado de Assis, mestre da letra e da alma humana,

Escrevo-te com a reverência de quem se vê diante da obra de um homem cuja visão da sociedade nunca se afastou da complexidade da condição humana. Tu, que sondaste os labirintos do comportamento humano com uma precisão cirúrgica, mostrando, em cada palavra, o que se esconde nas entrelinhas da vida cotidiana. A tua literatura, carregada de ironia e crítica, é um espelho cruel da sociedade, mas também uma expressão da alma que, por mais que se esconda, nunca se pode disfarçar completamente.

Machado, tu enxergaste a hipocrisia da sociedade brasileira com um olhar afiado, capaz de revelar a fragilidade das instituições e a falsidade dos valores que sustentam o que chamamos de civilização. Pergunto-te: ao retratar os homens e suas fraquezas, não sentias também a solidão de quem vê mais do que os outros, mas encontra apenas um mundo em frangalhos? Pois, embora em tuas obras haja uma crítica implacável, também há uma tristeza, como se, ao observarmos as falhas dos outros, acabássemos por reconhecer nossas próprias imperfeições.

A ironia que permeia teus textos é, para mim, uma das mais profundas expressões da sabedoria. Pois, não é no excesso de afirmações que encontramos a verdade, mas na maneira como o jogo de palavras revela o que é dito e o que permanece oculto. Tu compreendeste que o homem, em sua busca por grandeza e status, se perde, não apenas na ambição, mas na tentativa de esconder sua essência. E, ao fazer isso, desmascaraste não apenas os outros, mas a própria natureza humana.

E, ainda assim, questiono: se o mundo que descreves é tão falho e repleto de dissimulação, o que resta para o homem? Qual é o caminho que, após a sabedoria e a dor, ele deve seguir? Talvez, como tu mesmo mostraste, a resposta não esteja em procurar uma verdade absoluta, mas em aceitar as contradições e as imperfeições da vida. Para ti, a grandeza não estava em buscar uma virtude impossível, mas em compreender a complexidade do ser humano e sua relação com o mundo.

Se eu pudesse te dar um conselho, diria: continuarias a fazer o que melhor sabias — escrever. Pois, a tua palavra, cheia de sutilezas e verdades incômodas, é um farol para aqueles que buscam, não respostas fáceis, mas uma visão mais profunda do mundo. A tua obra, Machado, é a janela pela qual vemos a sociedade brasileira do teu tempo, mas também o reflexo das falhas universais do ser humano.


Com grande admiração e reflexão,

Fernando Pessoa (Via  IA)





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