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sexta-feira, janeiro 10, 2025

carta de Fernando Pessoa a Lucifer


Lisboa, na tênue linha entre a luz e a sombra


A Lúcifer, portador de luz e símbolo do eterno desafio,

(Via IA)


Escrevo-te não com medo, mas com a curiosidade que nasce da dúvida e do desejo de compreender. És a figura mais controversa da criação: anjo caído, rebelde eterno, mestre das sombras. No entanto, em ti, vejo algo mais profundo do que simples maldade. Vejo a história de alguém que questionou, que recusou submeter-se, que escolheu a queda ao invés da obediência cega.


Lúcifer, és realmente o símbolo do mal ou apenas a personificação da liberdade que assusta? Ao desafiar o Criador, não representaste apenas a rebeldia, mas o desejo de autonomia, a vontade de ser mais do que aquilo que foi ordenado. Pergunto-te: arrependes-te da queda ou encontraste na escuridão a luz que procuravas?

Há algo profundamente humano em ti. Pois, não somos todos, de alguma forma, rebeldes contra nosso próprio destino? Não questionamos, muitas vezes, o sentido da ordem que nos é imposta, buscando algo além, mesmo que isso nos leve ao sofrimento?

E te pergunto: como vês os homens que tantas vezes te temem, mas, ao mesmo tempo, te seguem? És seu tentador ou apenas um reflexo de seus próprios desejos ocultos? És seu carrasco ou apenas aquele que lhes mostra o que já carregam dentro de si?

Se há uma tragédia em tua história, não está na queda, mas no isolamento. Pois, ao desafiar o céu, perdeste o paraíso, mas também te afastaste daquilo que, talvez, fosse teu maior desejo: o amor e a compreensão.

Se pudesse te dar um conselho, seria este: lembra-te de que mesmo na escuridão há beleza, e que a verdadeira força não está em resistir ou destruir, mas em encontrar sentido no caos. Talvez tua luz nunca se apague completamente, pois, mesmo como adversário, és, em essência, um portador de claridade.


Com respeito e inquietação,

Fernando Pessoa (Via IA)


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