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sábado, setembro 12, 2009

É uma agapone!

 
O periquito visitou a sacada do apartamento na manhã de 11 de setembro.
- Tem um lindo periquito aqui!, disse Ana por telefone.
Então, tá. Deixa ele ir embora. Já temos três tartarugas de aquário no apê, sendo uma delas com quase três quilos e uma outra de comportamento bipolar.
Mas Ana estava eufórica. Tirou foto do bicho, filmou, pediu autógrafo e o escambau. Porém, pouco antes do almoço, tristeza. Periquito comeu, bebeu e se mandou. Será que ele volta?
Manhã de sábado, dia 12. Ele voltou. Eu estava na redação da TV quando recebi a noticia. O que faço com um bicho desses? É filhote? É um pássaro nativo ou exótico? Macho ou fêmea? Toda a redação se interessou pelo fato.
Pra mim, pássaros são livres para voar. Mas e o gavião? Sim, temos gaviões no nosso bairro que adoram pegar filhotes das pombinhas amargosas. Já tivemos essa experiência. Adotamos um casal de pombinhas, acompanhamos a gestação (ou chocamento, sei lá) e vimos os filhotes nascerem.. E o gavião foi lá e almoçou. A pombinha ficou desesperada e nós com cara de coió.
Voltemos ao novo visitante. Ana lembra: Não é periquito verde. É azul. Ana escreveu e assinou embaixo: O nome é Cielo. É um pássaro exótico e vai morrer se ficar solto. Ou seja, uma escolha de Sofia. Se soltar, o bicho morre. Se prender, o bicho vive.
Tudo bem. Ana armou uma arapuca tosca, feita de caixa de sapato. O periquito entrou, comeu e saiu sem ser preso. E tem cara de periquita. Esperta.
Na loja de animais, um trato. Vai nos emprestar uma gaiola. Se a gente pegar o bicho, pagaremos por ela. Se não der para engaiolar o bicho, vamos devolver a gaiola na segunda-feira. Não vou pagar mais de 40 reais para algo que sei lá se vai dar certo.
Sinceramente, eu torcia para um desfecho de telenovela juvenil mexicana. Quem sabe vai aparecer uma garotinha feliz ao reencontrar a periquita!
Mas eu estava ainda na loja de animais, a periquita ainda solta na sacada do apê e eu pronto para morrer em 40 mangos. Voltamos para o apartamento. E com a gaiola.
Ana foi cuidar da captura. “Consegui!”, gritou.
E lá estava o periquito preso. Seria ele mais feliz em meio às arvores e aos perigos dos gaviões? Resolvemos voltar para a loja de animais. Ana achou a gaiola pequena.
E não é periquito! É um Alcapone Colifornis ou algo parecido. O Google ajuda: é um pássaro Agapornis de origem africana, comercializado no Brasil desde a década de 80. É conhecido como o pássaro do amor, pois os casais se amam até o final da vida. “Então ela precisa de um companheiro!”, adiantou Ana, sempre entusiasmada.
Calma. Não sabemos se é periquito ou periquita, se é algapórnio ou algapornia. E nada de mais bicho nesse apê!
E um algapornis merece uma gaiola maior. Quanto? Essa custa 55. E tem banheira para ele tomar banho por sete reais.
Nesse altura do campeonato eu já estava andando em círculos pela loja de animais repetindo para mim: isso não está acontecendo comigo!
E tem ração balanceada para Algapornis! Tem por oito reais... E eu que fiquei sem almoço devido ao periquito africano! E a banheira! Eu mesmo não tenho uma!
Ana estava feliz, o dono da loja mais ainda, eu ria de nervoso e o Algapornis com aquele olhar meigo, carinhoso, pedindo para voar. Ou era um olhar solicitando atenção, carinho e agradecido pela proteção contra os gaviões?
O dono da loja ainda deu o empurrão final: “Ainda bem que vocês encontraram esse pássaro. É um filhote e com certeza vai morrer se deixarem solto”. – Era a sentença que eu precisava ouvir.
Voltei com dona Ana, com o Algapornis, com a gaiola duplex com direito a hidromassagem, ração especial e com menos 80 reais no bolso e ainda sem almoço.
Agora Ana está lá, cuidando da cria. Diz que eu sou o pai. Lembro que até hoje, pela manhã, acordei com cara de tartaruga. Agora sou um Algapornis. Macho, é lógico.
Posted by Picasa

5 comentários :

Anônimo disse...

Meu irmão, se é o pássaro do amor, fique com ele, cuide dele, alimente-o, se possível leve-o para passear. O amor sempre vale a pena.
Grande abraço. Vito Diniz.

Antonio Roberto de Paula disse...

Caro senhor Algapornis

Que crônica maravilhosa o senhor escreveu!! Seu texto me fez acompanhá-lo nesse périplo caseiro e, por isso, recheado das coisas simples da vida, que fazem toda a diferença.
Parabéns Marcelão, pela sensibilidade das palavras e parabéns à senhora Algapornisia, digo, Ana, pela sensibilidade bem maior que a sua pelos bichos.
Nesse domingo, com o céu indefinido entre a alegria do azul e a sisudez do cinza, sua crônica relatando uma experiência avícola-maternal me levou para quintais de uma infância que as primaveras vão, inexoravelmente, desbotando.
Viva o amor, viva a vida. Vida longa ao novo companheiro de bico e penas. Vida longa a todos nós. Sempre com amor.
Abração.
De Paula

Caroline Rocha disse...

Kakakakakakakakakakakaka...

Outro dia vi um deste na UEM. Só que era verdinho (verdinho, diminutivo de verde. Não viadinho viu).
Fale para a Ana levar a arapuca dela lá na UEM, quem sabe ela não encontra um par romântico para o seu novo filho, ou filha?! Hahahahahaha...

Olha, um toque: estes passarinhos são caros pra caramba. Quando não tiver dim dim* para tomar cerveja vende ele. Tenho certeza que vai ter um bom dim dim para o resto da semana.

(que a Ana não leia este comentário infame)Hahahahahaahahahha...

* Não sei se dim dim tem hífen. Hahahahahahhahahahahaha...

Bulga, o mais novo bicho silvestre da imprensa maringaense.. hahahahahahahahahaha...

Beijos para a Ana e outro para você.

Caroline Rocha disse...

Só um desabafo... eu nunca consigo ser tão poética quanto o De Paula...snif snif!(MOMENTO DE REFLEXÃO). As palavras dele, no comentário acima, me deixam até envergonhada.. hahahahahahaa..

Quando eu crescer eu ainda vou escrever assim. Hahahaha...

Um beijo enorme para você De Paula.

Anônimo disse...

Amigo... cria ele solto, dentro do apê... ele vai amar... esse espécie adora passear no ombro do dono (tem q cortar uma das asinhas)... e é mto carinhoso, ensinando, ele come na mão, e vem no dedo... Boa sorte!