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terça-feira, dezembro 23, 2025

JACK THE RIPPER (1959)


JACK THE RIPPER
Autor: Stuart James
Editora: Monarch Books (35 cents)
Chamada no topo:

(“Um épico arrepiante de um assassino diabólico obcecado pelo impulso de mutilar e destruir mulheres de virtude fácil”)


 ASSASSINATO SEM LIMITES

Lá embaixo, no Salão de Música de Burnett, Anne Ford observava, enfeitiçada, enquanto um rufião sorridente enfiava a mão pela frente do vestido de sua parceira…

No andar de cima, Hazel estava sendo brutalmente estuprada por um dos “cavalheiros” frequentadores… No quarto ao lado, Margaret estava sendo possuída — mas não à força… Do lado de fora, um marinheiro negociava os encantos de uma prostituta gasta pelo uso…

Na esquina, JACK, O ESTRIPADOR, espiava a névoa rodopiante, pronto para mais uma investida contra as rameiras e prostitutas de Londres. Com 29 assassinatos atrás de si, toda mulher temia ser o próximo alvo desse assassino diabólico, que atacava com um bisturi afiado como navalha e deixava suas vítimas abertas como peixes em algum canto escuro.

Sobre o filme:

“Eu vi JACK, O ESTRIPADOR, de Joe Levine. Não é para crianças nem mesmo para beatniks. Estes últimos podem ficar tão assustados que acabem indo trabalhar!” — HEDDA HOPPER

Uma cena dramática de JACK, O ESTRIPADOR, uma apresentação cinematográfica de Joseph E. Levine.
Veja o filme — leia o livro!

Publicado por
MONARCH BOOKS, INC.

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Esse texto é um exemplo cristalino da retórica sensacionalista das novelizações e paperbacks exploitation dos anos 1950, especialmente aquelas ligadas a filmes de terror “adultos” ou de apelo controverso.

Alguns pontos centrais:

1. Exploitation sexual explícita

O texto não apenas sugere violência sexual — ele a descreve de forma direta e deliberadamente chocante. O uso de termos como “brutally raped”, “being had—but not by force” e “streetwalker” cria uma gradação moral perversa que explora fantasias e medos masculinos, algo muito típico do pulp americano pré-Código mais rígido.
Isso não é mero pano de fundo narrativo: é o principal atrativo comercial.

2. Jack, o Estripador como marca

Jack não é tratado como mistério histórico, mas como marca de horror serial, quase um supervilão urbano. A menção a “29 murders behind him” ignora precisão histórica e reforça o mito hiperbólico. O foco está menos no terror psicológico e mais no sadismo gráfico (“gutted like fish”).

3. Moralismo hipócrita

Embora descreva prostituição e violência com deleite, o texto mantém um verniz moralizante: as vítimas são “harlots”, “prostitutes”, “streetwalker”. Isso cria a velha lógica exploitation: choque + punição moral, muito comum no cinema e na literatura popular da época.

4. Marketing cruzado agressivo

O trecho “See the picture—Read the book!” explicita a estratégia de sinergia industrial entre cinema independente e mercado editorial barato. Joseph E. Levine foi mestre nisso, vendendo escândalo como espetáculo cultural proibido.

5. Legitimação pela imprensa conservadora

A citação de Hedda Hopper não é casual. Ela funciona como selo paradoxal: se até uma colunista moralista se chocou, então o produto é “forte”, “adulto” e, portanto, desejável. É o medo vendido como entretenimento.

6. Importância histórica

Esse tipo de material antecipa:

  • o giallo italiano em sua exploração erótica da violência,

  • o slasher enquanto narrativa de corpos punidos,

  • e a transição do terror clássico para um terror urbano, sexualizado e cruel, que vai explodir nos anos 60 e 70.



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