texto publicado em 03 de Junho de 1990, Matutina, O Mundo
MADRI — Situado na Praça de Cibeles, no centro da capital espanhola, o Palácio Linares, construído em 1873, deverá ser reformado para em 1992 se tornar a sede da Casa da América, um dos centros nos quais serão organizadas as cerimônias pelos 500 anos do Descobrimento da América. Nos últimos dias, o belo mas decadente palacete vem sendo alvo de enorme curiosidade popular, não tanto por sua futura destinação mas sim pela revelação de que ele é assombrado pelos fantasmas do casal incestuoso que nele viveu no fim do século XIX.
Embora a lenda em torno das assombrações neste palácio seja antiga, só agora a psiquiatra Carmen Sanchez de Castro afirma ter comprovado cientificamente que fatos estranhos, como vozes não identificadas e móveis que se deslocam sozinhos, ocorrem lá.
Tudo começou quando o filho de José de Murga, o Marquês de Linares, criado sem preconceitos sociais, contou ao pai que estava apaixonado pela filha de uma vendedora de cigarros. O nobre empalidece ao ouvir a notícia, repreende o filho e o manda estudar em Londres. Ainda sem entender o que acontecera, o rapaz, mal chega à Inglaterra, recebe a notícia da morte do pai. De volta à Espanha e, já como o novo Marquês de Linares, o jovem se casa com sua amada para descobrir, pouco depois, que ela era sua meia-irmã.
Apaixonados, porém muito católicos, os dois jovens recorrem ao Papa Leão XIII. O Pontífice lhes dedica uma bula especial, intitulada Casta Convivência. Para seguir as instruções papais, o Marquês mandou construir o suntuoso palácio da Praça Cibeles, onde ele e a mulher ficavam em aposentos separados.
Existem versões tanto de que os jovens seguiram a bula e adotaram uma menina, Raimunda, quanto de que não resistiram à paixão que os unia. Por ter sido cenário de um amor proibido é que o palácio seria assombrado, afirmam os que conhecem a história. A psiquiatra gravou no interior do palacete uma frase, de voz masculina, dizendo: “Aqui estamos para sempre”.

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