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quarta-feira, outubro 08, 2025

Bruxaria e Inquisição

  A matéria da revista História Viva nº 101, intitulada "Bruxas nos Trópicos", escrita por Geraldo Pieroni, oferece um panorama detalhado e crítico sobre a perseguição de mulheres acusadas de feitiçaria e pacto com o demônio entre os séculos XVI e XVIII, especialmente aquelas que foram deportadas para o Brasil pela Inquisição portuguesa. Aqui vai uma análise e resumo do conteúdo:


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1. Bruxaria e Inquisição: o contexto europeu

  • A matéria começa com o caso de Ana Antônia, condenada por realizar um ritual de adoração ao diabo em Portugal, e deportada ao Brasil.

  • Margarida Gonçalves é outro exemplo: acusada de fazer pacto com o demônio, foi levada à penitência pública e deportada.

  • Esses casos mostram como o Santo Ofício via as mulheres: como criaturas fracas, facilmente seduzidas pelo demônio por sua natureza “perversa”.

2. A construção da imagem da bruxa

  • A perseguição a bruxas se intensificou a partir do fim da Idade Média, com tratados demonológicos como o Malleus Maleficarum (Martelo das Feiticeiras).

  • Bruxas eram vistas como “noivas de Satanás”, participantes de sabás e orgias demoníacas.

  • A misoginia era evidente: as mulheres eram associadas à fraqueza espiritual e sexual.

3. A chegada das bruxas ao Brasil

  • As mulheres deportadas da metrópole, ao chegarem ao Brasil, tornaram-se figuras difíceis de rastrear, já que os registros inquisitoriais encerravam-se na condenação.

  • No entanto, visitas do Santo Ofício à Bahia, Pernambuco e Grão-Pará revelam práticas sincréticas: pajelanças indígenas, curandeirismo africano e feitiçaria europeia se misturavam.

  • Casos como o de Antônia Maria, que invocava entidades demoníacas em Pernambuco, ou de Maria Barbosa e Ana Coelha, que faziam previsões e usavam objetos ritualísticos, ilustram essa mescla cultural.

4. O caso de Sabina e a força da tradição indígena

  • Sabina, uma indígena curandeira no Pará, foi acusada de realizar práticas mágicas para curar doenças e de ser autora de um feitiço mortal.

  • Apesar da pressão, confessou e descreveu um ritual que envolvia objetos simbólicos como ossos e penas.

  • Ela foi submetida a penitência, mas não se sabe o destino final.


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  • O texto mostra que a caça às bruxas foi um instrumento de controle social e religioso, dirigido principalmente contra mulheres — especialmente as mais velhas, viúvas, curandeiras ou que viviam à margem da sociedade.

  • A matéria revela como no Brasil a bruxaria se reconfigurou ao misturar práticas de diferentes matrizes culturais, resultando em um caldeirão mágico-religioso complexo e único.

  • Destaca-se também o contraste entre a fantasia inquisitorial (sabás, orgias, pacto demoníaco) e os registros reais, que mostram práticas populares de cura, adivinhação e religiosidade marginal.




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