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| O monstro da bomba H, do japonês Oshiro Honda |
Jornal do Brasil 1994
HUGO SUKMAN
QUANDO não há recursos o cinema inventa. Arte de fazer o que se pode com o que se tem sempre caracterizou a produção cinematográfica mais esperta e, mais especificamente, o chamado filme B, em geral realizações de baixo orçamento, feito nas horas vagas e com doses cavalares de criatividade compensando a falta de recursos. Hoje, a Cinemateca do MAM inicia uma mostra — Escolha sua fantasia — que até domingo exibe pérolas deste tipo de cinema. Em a mostra começa em alto estilo: com O monstro da bomba H, do japonês Oshiro Honda, assistente de Akira Kurosawa e criador do Godzilla. Nesta produção de 1958, Honda despreza tudo que o bom gosto vai estabelecer para os efeitos especiais numa história de um navio que passa por uma zona de testes nucleares e começa a expelir um líquido radioativo que transforma seres humanos em gosma.
Completando a programação de hoje, pode ser vista a primeira produção do mestre do filme B, Roger Corman: O monstro do fundo do mar, dirigido por Wyott Ordung em 1954. Corman volta como diretor em mais dois filmes. Em Ata do pavor, cartaz de sábado, caranguejos enormes e comedores de cérebros apavoram um grupo de cientistas. O mais horripilante nesta produção de 1957 é que cidadãos devorados pelos caranguejos andam através deles. Mais horripilante ainda é A mulher vespa, que passa domingo, onde uma típica americana, ansiando por mais beleza, vai nas águas de um cientista maluco e se utiliza de um creme feito a partir de geléia de vespas.
As fitas em série, sobretudo nas décadas de 30 e 40, foram a principal fonte para o espírito dos filmes B. E a Cinemateca exibe dois destes produtos: amanhã, Chanda na ilha mágica e domingo Charlie Chan no serviço secreto. Mas o filme B não vive apenas de fanfarronices. No auge da guerra fria, em 1956, Don Siegel fez Vampiros de almas, que passa sábado, onde comunistas são metaforizados em alienígenas que acossam uma pacata cidadezinha americana. Complementando a mostra, amanhã passa A mão do diabo, e no domingo O palácio das 1001 noites.

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