Evandro Ramos Caetano, 6, desapareceu em Guaratuba (PR) em 6 de abril de 1992 |
Entenda o caso
O menino Evandro Ramos Caetano, 6, desapareceu em Guaratuba (PR) em 6 de abril de 1992, a caminho da escola.
Seu corpo foi encontrado em um matagal cinco dias depois, com cortes na cabeça, tórax e abdômen, os dedos e o coração arrancados e a cabeça raspada. Ele foi morto por asfixia e estrangulamento.
A polícia do Paraná prendeu, em 1º de julho de 1992, sete pessoas acusadas de envolvimento na morte do garoto -entre elas, a filha e a mulher do então prefeito da cidade, Aldo Abagge (PTB), Beatriz e Celina Cordeiro Abagge.
O pai-de-santo Oswaldo Marcineiro, também foi preso e, segundo a polícia, ele confessou ter matado o menino Evandro a mando da mulher e da filha do prefeito.
Beatriz e Celina confessaram, segundo mostra uma fita de vídeo divulgada pela polícia na época, que pagaram a Marcineiro para que o menino fosse sacrificado para que não faltassem dinheiro, justiça e saúde aos Abagge.
Depois, elas afirmaram que haviam sido torturadas para confessar o crime.
Foram presos ainda Davi dos Santos e Vicente de Paula Ferreira, que eram assistentes de Marcineiro no Centro Espírita Beneficente e Filantrópico Abassa Deoe, em Guaratuba, e os assessores do prefeito Airton Bardelli e Francisco Cristofolini.
A associação do crime com suposto ritual de magia negra causou comoção na população de Guaratuba, que, revoltada, chegou a depredar a casa do prefeito e a prefeitura por sete horas.
A polícia encontrou um caderno com cerca de 400 nomes de pessoas que encomendariam "trabalhos" a Marcineiro.
A polícia chegou a levantar a hipótese de que existiria uma rede de rituais satânicos no país com ligações na Argentina.
Em agosto de 92, o prefeito foi cassado. Ele morreu em dezembro de 95, em Curitiba.
A mulher e filha do prefeito deixaram a penitenciária de Piraquara (PR) para cumprirem prisão domiciliar em abril de 96 por decisão do Superior Tribunal de Justiça.
CRONOLOGIA
6.abr.92 - Evandro Ramos Caetano, 7, desaparece enquanto vai à escola, em Guaratuba.
11.abr.92 - Um corpo de criança é encontrado mutilado em um matagal. Ademir Caetano, pai de Evandro, reconhece o corpo como sendo o de seu filho
9.jun.92 - O engenheiro Diógenes da Silva Filho denuncia Celina e Beatriz Abagge ao Ministério Público como as responsáveis pela morte de Evandro em suposto ritual de magia negra
1.jul.92 - A P2, serviço secreto da PM, prende Oswaldo Marcineiro e Davi dos Santos, que confessam a participação de Celina e Beatriz no crime, como mandantes da morte de Evandro
2.jul.92 - A juíza Anésia Kowalski, da comarca de Guaratuba, decreta a prisão de Celina e Beatriz.
3.jul.92 - O prefeito de Guaratuba, Aldo Abagge, marido de Celina, pede licença do cargo sob pressão da opinião pública. Airton Bardelli, Sérgio Cristofolini e Vicente de Paula Ferreira são presos em Guaratuba.
14.jul.92 - O inquérito policial é concluído. Celina, Beatriz e os cinco indiciados são acusados pelos crimes de sequestro, cárcere privado, homicídio e ocultação de cadáver.
4.ago.92 - A Câmara Municipal de Guaratuba cassa o mandato de Aldo Abagge.
11.dez.92 - Testes de DNA mostram que os restos mortais encontrados no matagal são de Evandro.
9.jun.93 - Celina e Beatriz dizem que foram torturadas por policiais para admitir a autoria do crime.
13.set.93 - O Ministério Público pede a condenação dos sete acusados.
25.nov.93 - A juíza Anésia Kowalski, da comarca de Guaratuba, decide mandar os acusados a júri popular.
2.abr.96 - Celina e Beatriz deixam a cadeia e passam a aguardar o julgamento em prisão domiciliar.
18.set.96 - O Supremo Tribunal de Justiça concede prisão domiciliar aos outros acusados.
10.mar.98 - Começa o julgamento de Oswaldo Marcineiro, Vicente de Paula Ferreira e Davi dos Santos Soares no Fórum de São José dos Pinhais. Um jurado passa mal. O julgamento é adiado.
23.mar.98 - Começa o julgamento de Celina e Beatriz, no Fórum de São José dos Pinhais.
26.abr.98 - Celina e Beatriz são absolvidas pelo júri popular -por quatro votos a favor e três contra, e cinco a favor e dois contra, respectivamente. A promotoria anuncia que deverá recorrer.
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