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sexta-feira, abril 03, 2009

geração Marginal

 

Na foto de Eurico Dantas, de 27 de novembro de 1979, o grupo Nuvem Cigana: Charles (à esquerda), Chacal, Ronaldo Santos e Bernardo Vilhena. Eles estão na antológica antologia '26 Poetas Hoje' de Heloísa Buarque de Holanda, obra síntese da poesia marginal dos anos 70, editada em 1976. Esses caras faziam livrinhos artesanais, mimeografados ou xerocados, e que eram vendidos em mesas de bar. Hoje, a literatura dessa geração é respeitada e considerada como uma das mais importantes manifestações da cultura brasileira, um símbolo de resistencia.

Papo de Índio
"Veio uns ômi de saia preta
cheiu di caixinha e pó branco
qui eles disserum qui chamava açucri
Aí eles falarum e nós fechamu a cara
depois eles arrepetirum e nós fechamu o corpo
Aí eles insistirum e nós comemu eles"
(Chacal)

Perpétuo Socorro
"O operário não tem nada com a minha dor
Bebemos a mesma cachaça por uma questão de gosto
ri do meu cabelo
minha cara estúpida de vagabundo
dopado de manhã no meio do trânsito
torrando o dinheirinho miúdo a tomar cachaça
pelo que aconteceu
pelo que não aconteceu
por uma agulha gelada furando o peito" (Charles)

Epopéia
"O poeta mostra o pinto para a namorada
E proclama: eis o reino animal!
Pupilas fascinadas fazem jejum" (Cacaso)

Manhã de frio
Trata-se de uma certa dama
que acorda aflita pelo dia
observando da janela do seu
Disco-Voador
o cinza que se irradia
desde a música —
Romântica e Alemã
até a cor fria da Dor. (Isabel Câmara)


Aquela Tarde
Disseram-me que ele morreu na véspera.
Fora preso, torturado. Morreu no Hospital do Exército
O enterro seria naquela tarde.
(Um padre escolheu um lugar de tribuno.
Parecia que ia falar. Não falou.
A mãe e a irmã choravam.) (Chico Alvim)
Posted by Picasa

Um comentário :

Diniz Neto disse...

Muito bom, Bulga!