Quem vê a Kris Schornobay hoje, jornalista experiente e articulada, talvez nem imagine que tudo começou meio por acaso, com um vestibular feito nas férias, sem muita pretensão. Nascida em Foz do Iguaçu, ela cresceu ouvindo três idiomas e convivendo com turistas, exilados e todo tipo de história de fronteira. “Eu só percebi o estigma de Foz quando saí de lá”, contou. Mas, apesar da fama da cidade, ela se orgulha profundamente de suas raízes.
A entrada no jornalismo veio depois de uma tentativa frustrada de cursar psicologia. O curso na UEPG, com foco mais voltado para o impresso, não impediu Kris de seguir para a televisão – onde, aliás, construiu praticamente toda a sua carreira. “Eu sempre me considerei jornalista, não só repórter ou produtora”, disse, destacando que o jornalismo de TV muitas vezes peca pelo personalismo e pela aparência, especialmente no caso das mulheres. E ela falou disso com muita franqueza: “As pessoas não ouviam o que eu dizia, só reparavam na cor da blusa”.
A passagem por várias cidades, como Guarapuava, Ponta Grossa e, claro, Maringá, foi recheada de histórias. Foi em Maringá, inclusive, que ela se estabeleceu com o companheiro, também da área, e conciliou maternidade com redação. Seu filho literalmente cresceu no meio da equipe de TV. Mas nem tudo são flores: Kris também falou com coragem sobre o ambiente machista e tóxico das redações. “Eu era tida como brava, mas era o meu jeito de me proteger”, explicou.
A entrevista também teve espaço para reflexões mais profundas sobre o atual momento do jornalismo. Kris criticou o modelo do vídeo repórter, que acumula funções em nome da economia, e falou com propriedade sobre os perigos dessa precarização. “Tem jornalista sendo assaltado ao vivo. Isso não é normal, não é seguro”. E ela defende a regulamentação da internet com argumentos firmes, especialmente quando o tema envolve a exposição de crianças.
Para fechar, Kris falou de saúde mental na profissão – assunto que conhece bem, inclusive por experiência própria. “Você se protege de um lado e se expõe de outro”, disse, ao comentar como lidava com o assédio e a pressão no trabalho. A jornalista deixou claro que, apesar de tudo, ainda acredita na importância do bom jornalismo, com ética, conteúdo e responsabilidade social. Uma conversa potente, humana e cheia de histórias que merecem ser ouvidas.
Encontros com a Imprensa” é um programa semanal que reúne jornalistas, repórteres, fotógrafos, radialistas, cinegrafistas e colunistas para celebrar suas histórias mais marcantes. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras, às 13h, e aos sábados, às 16h, na rádio UEM FM 106,9, no YouTube da UEM TV e no Spotify.
Andye Iore, Antonio Roberto de Paula, Bruno Gerard, Claudio Viola, Cleber França, Diniz Neto, Eduardo Cavalari, Fernando Beteti, Milton Ravagnani, Natalya Garay, Renata Mastromauro, Roberta Pitarelli, Robson Jardim, Rogerio Recco, Ronaldo Nezo, Sergio Mendes e Rose Machado, Silvio Rocha
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