MÊS DAS BRUXAS
Matéria "Mês das Bruxas" publicada na revista Video Business - década de 1980 - de autoria de Dulce Damasceno de Brito
Agosto — e em especial o dia 5 — marca uma série de tragédias em Hollywood. Nessa data, astros idolatrados como Carmen Miranda, Marilyn Monroe e Richard Burton deixaram de representar.
*Dulce Damasceno de Brito*
O primeiro ífdolo de Hollywood a sucubir em de agosto foi Carmem Miranda. Era uma quente madrugada americana de 1955, quando, horas após ter gravado o show especial de televisão de Jimmy Durante — e já de volta à mansão em Beverly Hills —, Carmen caiu no quarto de vestir, a caminho do banheiro, para nunca mais se levantar. Na época, foi diagnosticado ataque cardíaco, hoje comumente chamado de infarto. Não importa a denominação. O que importa é a perda da maior figura popular que o Brasil já teve em termos internacionais.
Bidu Sayão pode ter cantado na suntuosa Metropolitan Opera House, Villa-Lobos regido em pleno Hollywood Bowl, mas pergunte ao povo americano quem foi a expressão máxima do Brasil por lá. A resposta é uma só, da geração da sua época até a atual, que nem era nascida quando ela morreu: Carmen Miranda. Porque é o único nome que os turistas encontram gravado no histórico saguão do Chinese Theatre, também com uma estrela de ouro na calçada de Hollywood Boulevard. Até hoje, são vendidos cartões com o retrato dela, camisetas e canecas, lembranças de todo o tipo com seu exuberante sorriso, cercada de balangandãs e coroada com os turbantes de banana.
Na tarde desse 5 de agosto de 1955, todos os vespertinos dos Estados Unidos dedicaram suas primeiras páginas à tragédia, esquecendo as sempre pirracentas notificabilícias. A manchete mais dramática é sugestiva: “CARMEN DANÇOU ATÉ MORRER... Dance Her Heart Out to Real TV Style Deadline”, que sugeria que ela havia esgotado seu coração de tanto dançar para se adiantar à data prevista para a greve dos técnicos de TV.
Nascida em Portugal, Maria do Carmo Miranda da Cunha veio à luz no dia 9 de fevereiro de 1909, em Marco de Canavezes, província do Porto, mas foi trazida para o Rio de Janeiro com menos de um ano. Mais brasileira do que muitos, tornou-se, logo após a gravação do disco “Taí”, a melhor *chanteuse* do País, passando à frente de consagradas cantoras como Aracy de Almeida, as Irmãs Pagãs, Linda Batista e Isaurinha Garcia.
A consagração veio após o contrato com a 20th Century Fox, em filmes como “Serenata Tropical” (1940), “Uma Noite no Rio” (1941), “Minha Secretária Brasileira” (1942) e “Entre a Loura e a Morena” (1945). Em 1945, conseguiu um recorde: é a artista femi[...]
Naquela cidade, passaram centenas de celebridades por suas mãos. Mas, o que ele recorda com um misto de carinho, revolta e tristeza é do cadáver colocado à sua frente às 10:30 da manhã do dia 5 de agosto de 1962. Nome: Marilyn Monroe. Ele pensou: “Como cortar um mito? Como destruir toda esta beleza?” Após a autópsia, o aparentemente apático legista Thomas Noguchi escreveu: “Será que alguém gostaria de saber que o coração de Marilyn — o sofrido coração de uma estrela famosa e admirada no mundo inteiro — pesa exatamente 300 gramas, como um pedaço de carne que você compra no açougue?”
As rádios da época anunciaram que Marilyn Monroe havia sido encontrada morta, na cama da sua casa em Brentwood, nua, telefone à mão, provavelmente evidenciando um caso de suicídio ou overdose acidental de barbitúricos. De novo, 5 de agosto, domingo de 1962.
Norma Jeane Baker Mortenson nasceu em 1° de junho de 1926, na enfermaria geral do hospital municipal de Los Angeles. Sua mãe, Gladys Baker, tinha como profissão cortar as cenas de filmes exigidas pelo montador. Seu pai, Edward Mortenson, era ausente e desconhecido. Com Gladys constantemente internada em sanatórios para doenças nervosas (acabou morrendo louca, sem conhecimento da fama da filha), Marilyn passou a infância e parte da adolescência em *foster homes* — casas particulares designadas pelo governo para acolher órfãos. Um tipo de Febem disfarçada. Para fugir dos *foster homes*, Norma Jeane casou-se aos 16 anos com Jim Dougherty, marinheiro mercante, sempre ausente.
Para chegar ao estrelato, ela lutou oito anos, posando para fotografias e fazendo testes de sofá com diversos produtores, até conhecer o homem que lhe abriu as portas de Hollywood — o agente Johnny Hyde, que se apaixonou por ela e até abandonou a mulher. Embora ele tivesse morrido de problemas cardíacos um ano depois, Norma Jeane já estava contratada pela Fox com o nome artístico que a imortalizaria. Ao assistir ao seu teste, encantado com sua exuberante sensualidade, o chefe de elenco do estúdio, Ben Lyon, quis rebatizá-la como Marilyn Miller, vedete já falecida. A nova atriz, porém, sugeriu o sobrenome da sua avó materna, Monroe. O estrelato aconteceu em 1953, com “Niágara”, seguido por “Os Homens Preferem as Loiras” e “Como Agarrar um Milionário”.
“Não me faltam homens, me falta amor!”, dizia o novo símbolo sexual do cinema. E, nessa carência, casou-se mais duas vezes: com o herói do beisebol Joe DiMaggio, e com o teatrólogo Arthur Miller. Ambos acabaram em dolorosos divórcios, sem os filhos que ela tanto desejava. Em 19 de maio de 1962, Marilyn abandonou a já tumultuada filmagem de “Something’s Got to Give” para cantar “Happy Birthday, Mr. President” para John Kennedy no Madison Square Garden, com quem tivera um breve romance.
O telefonema daquela última noite foi registrado como tendo sido para a casa do senador Robert Kennedy. Quando a polícia chegou, alguém já havia limpado todos os vestígios (diários, agendas, cartas) de envolvimento com os ilustres irmãos.
RICHARD BURTON: O GÊNIO TUMULTUADO
A terceira celebridade a morrer num dia 5 de agosto foi Richard Burton, em 1984. Tinha 58 anos, era alcoólatra assumido, mas continuava tão talentoso e charmoso como no passado. Foi sua última mulher, Sally Hay, quem o encontrou morto (derrame cerebral) sobre o sofá de sua casa na Suíça.
Décimo-segundo dos 13 filhos de um mineiro galês, Richard Jenkins nasceu em Pontrhydyfen em 10 de novembro de 1925. Aos 16 anos, ganhou uma bolsa para Oxford, onde conheceu o professor Philip Burton, que o adotou artisticamente. Já consagrado como ator shakespeariano, estreou em Hollywood em 1952 com “Minha Prima Rachel”.
Em 1963, durante as filmagens de “Cleópatra”, ele e Elizabeth Taylor apaixonaram-se, apesar de casados. Casaram-se em 1964, vivendo um dos casamentos mais glamourosos e conturbados de Hollywood. Divorciaram-se em 1974, casaram-se novamente em 1975, e separaram-se definitivamente meses depois. Três semanas antes de morrer, Burton disse ao irmão: *“Elizabeth e eu somos como aqueles pares de suportes de livros: há algo entre nós, mas jamais ficaremos separados.”*


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