Mas o fator surpresa é preocupação menor para JP. Seu compromisso maior é o desafio às leis da física, ao mundo ordinário, massivo. É subversão em estado puro.
A exposição abre com um belo poema sobre relógios e cucos e personaliza numa instalação, O Imersível, onde um relógio gira ao contrário, mas que conta com dois espelho para corrigi-lo. Já não sabemos a hora certa, quem é senhor da razão, o futuro esquecido pelo passado.
Passamos para sala de enormes relógios parados em momentos importantes da curta (ou longa?) história da humanidade. São 8h15 quando explode a bomba em Hiroxima. Ou são “cinco em punto de la tarde”, como escreveu Lorca.
No espaço Daisansha há um “tempurá de relógios”. Haverá uma refeição, um banquete oriental em que os relógios serão degustados.
Já no “Pátio das Esculturas”, temos 15 relógios funcionando, uma ampulheta feita com garrafões de vinhos. Aqui tempo está esculpido.
E haverá tempo para ler os poemas de José Arthur Molina, Marcelo Gomes e Nailor Marques Jr. Os mais exigentes podem achar que os textos contribuem para um excesso desnecessário de informações para uma exposição tão densa, mas isso é questão de tempo.
E é olhando para os relógios que saímos do Teatro Calil Haddad. Precisamos de mais tempo, de mais Jorge Pedro e todo o seu material é bruto, sua madeira, seus metais.
Como um escultor do tempo, Jorge Pedro teima em fazer arte para o absoluto. (Marcelo Bulgarelli)
Jorge Pedro – Ad Tempora
De 12 de novembro a 6 de dezembro
Teatro Calil Haddad – Maringá
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