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sábado, março 08, 2008

REPRESSÃO INTRANSITIVA

As cercanias da UEM presenciaram na noite de ontem, quinta-feira, dia 6, mais uma noite de intensa repressão.
Seguindo a truculência do último vestibular - manobra amplamente aprovada pela grande mídia e comunidade residencial não universitária que povoa a região - a polícia manteve o "pulso firme" e protegeu a paz, a ordem e o silêncio na sétima zona da cidade.
Inspirados pelo cinema, os "Nascimentos" de pé-vermelho acham que vivem sob uma guerrilha urbana. E como não há um inimigo, propriamente, visível, um alvo fácil e absolutamente inofensivo foi escolhido: os estudantes da UEM.
É bom dizer que esse grupo não se encontra inserido em uma lógica de resistência anti-sistêmica ou, ao menos, com alguma proposição ideológica politizada que eles julgassem subversiva ou ameaçadora à disposição jurídico-burocrática estatal. Se fossem, a discussão seria outra, e com certeza, estaríamos ainda mais ao lado da vanguarda. Mas o conservadorismo é tanto (inclusive do lado dos agredidos) que não é nem de perto esse o caso. A repressão reprime o nada, intransitiva.
A perseguição se dá como resposta a uma grita dos residentes das cercanias, que querem os imóveis valorizados porque estão em uma região nobre, mas, ao mesmo tempo, não vislumbram arcar com o mínimo ônus que pode haver em morar em volta de um local universitário: a presença de universitários.
Em contato com a entidade máxima dos estudantes da UEM, o DCE, soube que há a intenção, já para a próxima semana, da divulgação de uma carta-protesto assinada pelo diretório e de ainda encarar um debate jurídico através de um processo. É verdade que vale mais pelo símbolo do que pela esperança de mudar a ordem a partir da ordem, mas, se consolidado, o ato trará ao menos algum holofote contra-hegemônico para a questão absurda que permeia o cerceamento básico da liberdade.
Atualmente, o debate fica no campo moral e discute-se muito mais sobre a perdição da "juventude transviada" do que sobre a legitimidade dos atos de violência legalizada. Fica a pergunta: fossem os meninos que são arrastados e invadidos pela pimenta do spray policial, filhos de Maringá e não de gente de outras cidades e estados, a virilidade seria a mesma? E as autoridades e órgãos de imprensa, aceitariam tais manobras de forma pacata, como têm feito, se os meninos agredidos fossem filhos de seus patrocinadores e/ou eleitores?

Guilherme Tadeu de Paula
Acadêmico de Ciências Sociais/UEM e Coordenador do Grupo Discente GEPOL (Grupo de Estudos Políticos)
guilhermetadeu@yahoo.com.br
gepol-uem.blogspot.com

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