atômica, a cidade e sua gente viraram carvão num instante.
Os poucos sobreviventes perambulavam, mutilados, sonâmbulos, no meio das ruínas
fumegantes. Andavam nus, e em seus corpos as queimaduras haviam estampado as roupas que
usavam quando houve a explosão. Nos restos das paredes, o relâmpago do fogo da bomba
atômica tinha deixado impressas as sombras do que houve: uma mulher com os braços erguidos,
um homem, um cavalo amarrado...
Três dias depois, o presidente Harry Truman falou pelo rádio.
Disse:
– Agradecemos a Deus por ter posto a bomba em nossas mãos e não nas mãos dos nossos
inimigos; e rogamos a Deus que nos guie em seu uso, de acordo com seus caminhos e seus
propósitos.
(Eduardo Galeano em "O Filho dos Dias")
Japão, um mês após Hiroshima, em 1945 |
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