Assisti agora a pouco a excelente animação As Bicicletas de Belleville que será o filme em debate no programa Cinema Falado da Radio Cesumar, nesta sexta, as 20h30. Adorei. Tem várias citações a um dos meus cineastas favoritos: Jacques Tati. Abaixo, uma mostra da ótima trilha-sonora, a crítica de Elton Telles e o trailler do filme. Adorável.
“As Bicicletas de Belleville” é um filme atrativo por ser, principalmente, aquém da maioria das animações. Seja pelo gráfico desestruturado, quase cubista, pelos personagens que transbordam carisma sem nem mesmo proferir uma palavra durante a projeção ou pela aura que beira o bizarro e o pitoresco. Trata-se de uma animação que não se apropria da técnica para atrair público, foi apenas a alternativa, o método adotado pelo diretor francês Sylvain Chomet para contar sua fábula. Sem necessidade de embasar a trama, somos apresentados, de imediato, à velha matriarca portuguesa Madame Souza, que divide a casa com seu triste e cabisbaixo neto, o pequeno Champion – nome mais que sugestivo. Dentre as tentativas frustradas de ver o garoto esboçando um mero sorriso, sua avó acaba lhe presenteando com uma bicicleta, e o garoto recebe a novidade com a maior alegria, demonstrando amor incondicional pela “magrela”. O tempo passa e Champion, ciclista profissional com as panturrilhas maiores que a cabeça, vai disputar o concorrido Le Tour de France. Durante a competição, o jovem é sequestrado por dois homens de preto e a avó diligente, com a ajuda das novas amigas cantoras – as Trigêmeas de Belleville, o nome original do filme – partem em busca do cativeiro onde ciclista está clandestinamente hospedado.
Já ficou maçante bater na tecla de que “animação não é mais filme para crianças”, mas este, definitivamente, não é mesmo. Alguns conseguem conciliar o prazer infantil com algum senso de conscientização coletiva ou conteúdo mais adulto – a Pixar tá aí pra isso – mas acredito que “Belleville” seja muito complexo para ser compreendido e apreciado por mentes puras e imaturas. A principal justificativa para tal constatação é a crítica ao consumismo implícita na estética da cidade francesa presente no título. Aqui, Belleville é estruturada sobre os alicerces da futilidade e do capitalismo que destrói tradições, é a “americanização” da sociedade, a destruição de identidades próprias que se acomodam nos modismos e na superficialidade imperceptível. Um dos grandes destaques do filme é mesmo as desengonçadas e carismáticas trigêmeas francesas, cuja excentricidade é natural e cativante. Concordo com aqueles que afirmam que o filme merecia uma garimpada em algumas cenas muito longas, mas Chomet merece todo o reconhecimento pela condução de um filme que se sustenta apenas por imagens, desprovido (quase) totalmente de diálogos, presenteando a todos com uma animação diferente, cínica e, ao mesmo tempo, encantadora. (Elton Telles)
ACOMPANHE O PROGRAMA CINEMA FALADO – SEXTA - 13/08, ÀS 20h30, AO VIVO
FILME EM CARTAZ: “AS BICICLETAS DE BELLEVILLE” (2003)
O Cinema Falado é um programa semanal transmitido pela Rádio Universitária Cesumar. Atualmente na 5ª temporada, toda sexta-feira Apresentação de Elton Telles, Thiago Ramari e Marcelo Bulgarelli,atendimento@radiocesumar.com.br
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Sessões semanais são às sextas-feiras, ao vivo, às 20h30.
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