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sábado, agosto 13, 2011

Emil Cioran



Emil Cioran (Raşinari, 8 de abril de 1911 — Paris, 20 de junho de 1995) foi um escritor e filósofo romeno radicado na França. Em 1949, ao publicar "précis de decomposition", passa a assinar E.M. Cioran, influenciado por E.M. Forster -esse "M" não tem nenhuma relação com outros nomes do filósofo (como Michel, Mihai, etc.)
Emil Cioran nasceu em Răşinari, Condado de Sibiu (na Transilvânia, parte do território Austro-Húngaro na época). Seu pai, Emilian Cioran era um padre Romeno Ortodoxo e a mãe, Elvira Cioran (sobrenome Comaniciu) era originária de Veneţia de Jos, um povoado próximo a Făgăraş. O pai de Elvira, Gheorghe Comaniciu, era tabelião e ganhou o título de barão pelas autoridades imperiais. Assim, pode-se dizer que Emil Cioran, em virtude da linhagem materna pertencia a uma pequena família de nobres na Transilvânia.
Após estudar Ciências Humanas no colégio Gheorghe Lazăr em Sibiu, Cioran começou a estudar Pedagogia na Universidade de Bucareste aos 17 anos. Ao ingressar na Universidade, aproximou-se de Eugène Ionesco e Mircea Eliade, os três permaneceriam amigos por muitos anos. Fez amizade com os futuros filósofos romenos Constantin Noica e Petre Ţuţea durante o período em que receberam ensinamentos de Tudor Vianu e Nae Ionescu. Cioran, Eliade e Ţuţea tornaram-se adeptos das idéias de seu mestre Nae Ionescu – ou seja, uma corrente denominada Trăirism, que mesclava o Existencialismo com idéias comuns às várias formas do Fascismo.
Absorvendo influências Germânicas, seus primeiros estudos centralizaram-se em Emmanuel Kant, Arthur Schopenhauer, e principalmente Friedrich Nietzsche. Tornou-se um agnóstico, tomando por axioma "a inconveniência da existência". Durante seus estudos na Universidade, Cioran também foi influenciado pelas obras de Georg Simmel, Max Stiner, Ludwig Klages e Martin Heidegger, e também pelo filósofo russo Lev Shestov, que aliou a crença na arbitrariedade da vida à base de seu pensamento. Cioran graduou-se com uma tese sobre Henri Bergson; mais tarde, porém, renegaria Bergson, alegando que este não compreendera a tragédia da vida. (Wikipédia)
Conheça melhor o pensamento de Cioran abaixo:
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O verdadeiro contacto entre os seres só se estabelece pela presença muda, pela aparente não-comunicação, pela troca misteriosa e sem palavras que se assemelha a uma prece interior.

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O que eu sei aos sessenta, já o sabia aos vinte. Quarenta anos de um longo, de um supérfluo trabalho de verificação...

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Se nos pudéssemos ver com os olhos dos outros, desapareceríamos no próprio instante.

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A única confissão sincera é aquela que fazemos indirectamente — ao falar dos outros.

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Se, à medida que envelhecemos, remexemos cada vez mais o nosso próprio passado em detrimento dos "problemas", é sem dúvida porque é mais fácil revolver as memórias do que as idéias.

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Vivíamos no campo, eu ia à escola, e, detalhe importante, dormia no mesmo quarto que os meus pais. À noite, o meu pai costumava ler para a minha mãe. Embora fosse padre, ele lia não importa o quê, pensando sem dúvida que, dada a minha tenra idade, não era suposto eu entender. Em geral, eu não ouvia e adormecia, salvo se se tratasse de uma história que me agarrasse. Uma noite agucei o ouvido. Tratava-se, numa biografia de Rasputine, da cena em que o pai, às portas da morte, chama o seu filho e diz-lhe: "Vai para São Petersburgo, faz-te dono da cidade, não recues perante nada, não temas ninguém, pois Deus é um velho porco."
Uma tal enormidade na boca do meu pai, para quem o sacerdócio não era uma piada, impressionou-me tanto como um incêndio ou um terramoto. Mas também me lembro muito claramente — e já lá vão mais de 50 anos — que a minha emoção foi seguida por um prazer estranho, não ouso dizer perverso.

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Queria uma oração com palavras-punhais. Infelizmente, assim que nos pomos a rezar, rezamos como toda a gente. É aí que reside uma das maiores dificuldades da fé.



Emil Cioran, De l’inconvénient d’être né

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