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terça-feira, junho 24, 2008

UMAS E OUTRAS

De volta
A mais um módulo de ‘jornalismo básico para principiantes’ ou ‘como manter os adolescentes longe do jornalismo’. Chegamos ao módulo V.

Barriga
Nome dado à publicação de notícia falsa. Lembra uma repórter que ‘resolveu adiantar o serviço’ deixando pronto um texto sobre a visita do presidente na cidade de Palmas onde ‘foi muito aplaudido pela multidão’. Só que o presidente sequer foi lá naquele dia.

Furo
É a notícia em primeira mão, quando um jornal, rádio ou tevê é o primeiro a publicar uma informação. Hoje, devido a internet, os blogs entraram na parada. O furo é irmão da barriga. Às vezes é melhor perder um furo do que a credibilidade, mas tem gente que não se importa com isso e vai levando o barco.

Espelho
Ou boneco. desenho da página onde entrará a matéria. É muito usado em jornais. Em tevê, é quase um roteiro com a ordem das matérias. Fica tudo espelhado. Teve o caso daquela editora que correu ao banheiro para dar uma olhada no espelho.

Lead
O primeiro parágrafo do texto, onde estão (ou deveriam) as principais informações da notícia e deve responder as questões básica: O que? Quando? Como? Onde? e Por que? Um bom exercício: tente explicar ‘para quê’ ou ‘por que’ você foi fazer jornalismo.

Estagiário
Nome proibido dentro do Sindicato dos Jornalistas. O estagiário é aquele que entra num jornal a fim de aprender e em exatos dois meses descobre que é mão de obra barata. Quando se forma, não consegue emprego, pois os jornais estão cheios de estagiários.

Noticia de Jornal
É uma composição de Luis Reis e Haroldo Barbosa (esse último também jornalista). Repare que há uma tentativa de lead logo nos primeiros versos:
“Tentou contra a existência /Num humilde barracão /Joana de tal, por causa de um tal João. Depois de medicada, Retirou-se pro seu lar...”

Urubu
Termo muito utilizado por político quando acha que a imprensa só gosta de publicar noticias ruins, principalmente quando envolve a administração dele. Quando a imprensa releva maracutaias do inimigo, o urubu se transforma em cisne num piscar de olhos.

Empata foda
Termo chulo dirigido ao comportamento de jornalistas picaretas em coletivas. É quando um bom repórter faz perguntas pertinentes a uma determinada autoridade e o picareta corta a entrevista com assuntos banais e de puro puxasaquismo. Ex. “O senhor está feliz com a inauguração do novo hospital, não é prefeito?”

Lauda
Uma medida padrão para o texto impresso por página. Como cada veículo tem sua forma, o recém contratado fica torrando o saco do colega mais antigo para tentar entender o esquema.

Ombudsman
Em tese, é um profissional contratado para representar os interesses do público junto a instâncias superiores. Serve como bom marketing nos grandes jornais. Nos do interior, a liberdade desse profissional termina quando começa os interesses do patrão.

Imprensa Marrom
O termo é utilizado para jornais sensacionalistas. Esse tipo de jornal é execrado por boa parte dos jornalistas, mas como o grande público lê, eles acabam lendo também.

Apuração
É o levantamento de dados para uma reportagem. Trabalho do pauteiro, do editor e também do repórter. Matéria mal apurada é sinônimo de erro, barriga, calúnia e até de processo. Apuração é o que também ocorre na hora do fechamento do jornal.

Fonte
Fonte é a procedência de uma notícia, geralmente uma pessoa. Tem jornalista que é tão ligado à fonte que acaba dormindo com ela. Já testemunhei casamentos.

Pirulito
Um texto bem pequeno. Ou mesmo que uma Josi.

Link
Termo usado pela televisão. É quando o repórter entra ao vivo de fora do estúdio com informações adicionais para a reportagem ou com um entrevistado. Um verdadeiro ‘frisson’ para os editores responsáveis. Garanta um link e terás um editor-chefe feliz. Hoje, com a internet, virou sinônimo de ‘ligação’: ‘vamos linkar essa sua matéria com aquela feita pelo fulano’.


Repórter esportivo
No país do futebol, leia-se ‘repórter futebolístico’. Suas fontes geralmente são técnicos, jogadores e até massagistas. Tem vários amigos no futebol, um é mais feio do que o outro. Teoricamente, é o profissional que mais viaja para poder acompanhar torneios, campeonatos e olimpíadas. Tudo vai depender do veículo em que trabalha. Sendo assim, ele pode viajar para a histórica Pequim, a moderna Los Angeles ou a prosaica cidade de Engenheiro Beltrão.

Linha Editorial
Em tese, é o rumo, o segmento, a orientação editorial e política de um veículo. Em muitos jornais, a linha editorial é tão virtual como a linha equatorial.

Leitor
É um ser que todos os profissionais dos veículos de comunicação gostariam de entender. Ignora a fome no Quênia, mas é capaz de escrever comoventes cartas quando vê a foto de um cachorrinho abandonado no Jardim Alvorada. Para o leitor, todo o veículo é tendencioso. Sendo assim, é capaz de elogiar um repórter pessoalmente, mas quando quer criticá-lo, telefona para a diretoria.

Tá fraco
É quando o dia tá fraco de pauta. Em Maringá, os dias de carnaval formam o período mais fraco de pauta justamente pela falta de carnaval. Assim, se você quer ter mídia garantida para um determinado evento, agende tudo numa tarde de sábado de carnaval.É possível que você tenha garantido a cobertura da imprensa. Não porque seu evento seja importante, mas é que ela não terá outra coisa pra fazer.

Filhos da Pauta
Termo utilizado por jornalistas quando resolvem montar um time ou um bloco carnavalesco. Em 1999, em Maringá, foi montado um catastrófico bloco com esse nome, organizado por Élvio Rocha, Ana Paula Machado e por esse blogueiro.

Impagável
O bloco Filhos da Pauta que em tese seria formado só por jornalistas, saiu do Paço Municipal e desfilou pela avenida Tiradentes. Elvio vestia um capacete viking e uma roupa de bailarina.

Acidente
Mas quando o bloco passou em frente a Importados Brasil, perto do Kampai, Elvio não percebeu o quebra-mola e tropeçou. Resultado: naquele Carnaval, uma bailarina roliça desceu rolando a avenida Tiradentes.

5 comentários :

Anônimo disse...

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Puts!!! Adorei saber sobre o bloco carnavalesco. O Elvio com um capacete viking e uma roupa de bailarina deve ter ficado LINDO. E rolando em plena Tiradentes deve ter sido a imagem mais grotesca que alguém tenha visto nesta cidade. Hahahahahahahahahahahahahahahahahhahahahahahahaha....

Bulga, se tiver fotos desta cena, por favor, encaminhe para mim vou tirar sarro do Elvio. Assim que ele resolver entrar no msn novamente.

Quanto a aula "5 Passos para afastar adolescentes do mundo sofrido d jornalismo" (Quase: "10 coisas que eu odeio em vc").. SEM COMENTÁRIOS, sempre MARAVILHOSOS seus tópicos..

Anônimo disse...

Sabe Bulga, depois desses seus tópicos, começo a pensar que escolhi o curso errado...
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Octávio Rossi disse...

Genial! Principalmente o bloco de carnaval! Só de imaginar a cena dou muita risada.

Anônimo disse...

Grande Bulga,

Estou acompanhando essas suas "aulas" de jornalismno, e estou achando geniais.
Lembrei do saudoso Barão de Itararé quando dizia "Um bom jornalista é um sujeito que esvazia totalmente a cabeça para o dono do jornal encher nababescamente a barriga".

Um grande abraço

Nanda disse...

Tem que fazer um livro com isso tudo! hehehe
A Ana Paula Machado foi minha orientadora na faculdade. Acabou virando uma amiga! Ela é super divertida, deve ter sido o máximo esse carnaval!
abraço