Dei a volta ao mundo em oitenta dias
Viajei pelas vinte mil léguas submarinas
Na minha fronte, vi crianças em desengano
E da lua, vi a Terra se por no horizonte
Minha mochila está pesada de lembranças
E na palma da mão, só me resta o mapa dos ciganos...)
Voltei para saber que os amigos foram à guerra
Sem deixar de lado as nossas partidas de botão
Sem esquecer os flertes de viúvas
As súplicas, o porão e as quimeras
(Na minha carteira, resta
O retrato três por quatro
Da namorada que deixei em Cingapura)
De tudo restou o corpo coberto de cores
Para brincar com Ianomanis
E conhecer a violência das flores
Só deixei pelo meu caminho
A impressão de que não falei sozinho
Meu passaporte, de agora em diante,
Sou Eu, diálogo constante
(Marcelo Bulgarelli]
Primavera, 1991
Um comentário :
Belo texto, menino Bulga. Depois disso, passaram 17 primaveras, mas tua sensibilidade continua intacta, apesar dos verões, outonos e invernos. Abraço...
De Paula
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