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quarta-feira, junho 11, 2008

UMAS E OUTRAS

Módulo III
Dando continuidade a nossa campanha “afaste os adolescentes do jornalismo”, seguimos agora com outras expressões utilizadas entre os ‘coleguinhas’.

Sessão remela
Geralmente é atribuída a entrevistas marcadas pela manhã. Lembra muito aquelas entrevistas ao vivo pela TV em que o entrevistado – cheio de sono e boa vontade - é obrigado a madrugar para estar no local marcado por volta das seis da matina.

O Entrevistado
Além da indisfarçável cara amarrotada, ele parece sentir frio e torce para o repórter não estar ainda com o bafo de quem acabou de acordar. Depois de esperar uma hora para entrar no ar, descobre que a entrevista vai durar exatos 43 segundos. Ao voltar pra casa, percebe que ninguém viu a entrevista pois todos estavam dormindo.

Baia
Espaço de uma redação dedicado a equipe de uma determinada editoria. Pejorativamente é chamado de curral. Trabalhava-se em equipe. Recentemente, as redações modernas separaram os editores dos repórteres colocando os primeiros numa mesa, batizada de ‘mesa central’. Até hoje não há estudos conclusivos sobre a eficácia desse sistema de castas.

Dromedário
Expressão meio extinta que significa jornalista veterano. Sua foto deveria estar nas feiras de ciências das escolas de jornalismo com a seguinte advertência: “Pare agora ou você vai ficar assim!”.

Picareta
Nome atribuído a pseudo-jornalistas que retiraram a palavra ‘ética’ do dicionário e sublinharam a palavra ‘extorsão’. E ainda dizem que dão duro para conseguir um dinheirinho. Vivem encostados em prefeituras, políticos e órgãos públicos em geral.

Comportamento
Picareta é aquele que faz uma ‘reportagem’ e depois manda a fatura. Eles estão presentes em todas as mídias: TV, rádio, jornal e revista. Presença constante em boca-livres, conforme podemos conferir no próximo tópico.

Boca-livre
Ou bocada. É aquele evento ‘free’ para a imprensa. Geralmente são coquetéis, jantares ou até churrascadas oferecidas por entidades, empresários e políticos. Os picaretas são figurinhas fáceis nesses eventos. Bebem de tudo e retornam várias vezes para a fila do self-service.

Como identificar
Alguns são mais íntimos do garçom do que do anfitrião. Claro: eles fotografam e entrevistam todo mundo. Se bobear, para não perderem o hábito, ainda mandam a fatura (é claro!).

Networking
Palavra da turma do marketing que foi incorporada pelo pessoal da imprensa. Dizem que significa “troca de informações’ entre diferentes fontes. É um nome babaca para substituir ‘amizade’.

Buraco de rua
Eu já fiz muito disso aí. Típica matéria deixada para os focas e desprezada pelos dromedários. São aquelas matérias comunitárias em que o repórter vai aos bairros recolhendo reclamações dos moradores.

Resultado
Como os moradores geralmente não têm boa retórica e o foca fica meio nervoso, o resultado é tosco. Pior em televisão: o repórter quer aparecer fazendo uma passagem dentro do buraco!

Na prática
O morador reclama do buraco na rua junto ao repórter. Esse, então, vai tentar alguma resposta para a situação junto ao secretário de obras. Esse último, por sua vez, diz que ‘as obras naquele local já estão previstas até o final do ano’.

Resultado
O morador fica feliz pela atenção da reportagem e o repórter se orgulha em ter ajudado. Na verdade o secretário deu apenas uma das centenas respostas prontas e paliativas(conforme havia combinado com a assessoria de imprensa).

Caiu a pauta
Significa que aquela matéria programada não poderá ser feita por uma série de fatores. Alguns repórteres adoram derrubar pautas, para desespero de seus editores que passaram a manhã inteira atrás das informações.

Dica
Repórter esperto é aquele com moral para derrubar uma pauta e apresentar outra bem melhor. Aqui vale uma versão daquela historinha: você é pautado para entrevistar o palhaço, mas retorna com um furo de reportagem: o circo pegou fogo! De qualquer forma vai levar um esporro do chefe por não ter entrevistado o palhaço.

Colaborador
Pessoa que presta qualquer tipo de serviço jornalístico a uma publicação, sem vinculo empregatício. Pode ser ou não jornalista. Geralmente é uma pessoa feliz por ver o seu texto publicado no jornal. Felicidade também compartilhada pelo dono do jornal que não precisa pagar um puto sequer para o feliz colaborador.

Clichê
Sinônimo de ‘lugar comum’. São expressões utilizadas comumente por apresentadores de rádio e daqueles programas toscos de tevê. Também serve para repórteres policiais do interior que gostam de dar o nome e a patente de todos os policiais que participaram de uma determinada e bem sucedida operação.

Razão
É uma forma de puxar o saco dos policiais que por sua vez guardam a matéria na esperança de uma promoção.

Hipomóvel
Uma das expressões da polícia rodoviária que até mesmo jornalistas veteranos não sabem explicar. E jamais vão confessar isso para os focas. Procurando bem, você vai descobrir que ‘hipomóvel’ significa ‘carroça’.

Coleguinhas
Tratamento irônico ou pejorativo utilizado pelos jornalistas entre si. Eu, por exemplo, tenho uma porrada de coleguinhas.

Copy desk
Função extinta há mais de 15 ou 20 anos. Ele geralmente refazia todo o texto do repórter. A intenção era melhorar ou colar todas as informações, mas acabava corrigindo muitos erros de português.

Revisor
Mas como o revisor também é um cargo extinto, o repórter corre sérios riscos de ver um grosseiro erro gramatical numa reportagem assinada por ele. Quando ocorre, a sensação é de que todos na cidade estão sabendo e comentando o seu erro, até mesmo o jornaleiro que lhe vendeu o jornal.

Cozinhar
É reescrever uma reportagem, geralmente divulgada em outro órgão de imprensa. Atividade perigosa. Me lembro que quando estagiava na Rádio Tupi, no Rio, o editor chefe gravava o noticiário da Rede Manchete e depois ‘cozinhava’ a informação para divulgar no noticiário da rádio.

Errou feio
E a Rede Manchete disse ‘Sarney é hospitalizado no Maranhão’. O editor-chefe chegou a interromper um programa para dar a noticia, e não teve tempo de ouvir a correção feita pela própria Manchete : “Sarney foi hostilizado, e não hospitalizado”. O chefe ficou com cara de coió.

Escuta
Atividade em ouvir os programas da concorrência. Também serve para acompanhar as atividades da polícia através de um radinho, o HT. A escuta policial, em tese, não é permitida legalmente, mas todo mundo faz vista grossa. É um jeitinho brasileiro para fazer inveja aos coleguinhas do primeiro mundo.

Créditos
E quando a operação for bem sucedida, não esqueça de mencionar nominalmente os policiais envolvidos. Assim, eles estarão pouco se linchando se você tem ou não um HT ou qualquer trambolho semelhante a um radinho de escuta.


Acadêmico
Jornalista acadêmico é aquele que se dedicou à vida acadêmica jogando a toalha na agitada vida dentro das redações. São professores dedicados e sabem que na prática, a teoria será outra (Mas nunca vão confessar isso)

Quem são
São jornalistas que em tese, dão aulas para futuros jornalistas. Ou para futuros professores de jornalismo. Além de dizer que o mar não está pra peixe, deveriam ensinar que foca bem informada não vira banquete de tubarão.

2 comentários :

Anônimo disse...

Hmmmm... Picaretas.
Maringá é cheio deles!

Nanda disse...

Clap clap clap! Mtas palmas pra esses três posts, que só me fizeram ter a certeza de que fiz o curso errado!!! hehehehe
abraços