Voltamos
Com o nosso curso de ‘Jornalismo Básico para Principiantes’, criado justamente para afastar os adolescentes da profissão. Depois de postado uma série de curiosidades e expressões, descobri que esqueci de outros tópicos também interessantes.
Anúncios
Ou publicidade. É a principal fonte de renda das editoras. Os donos do jornal sabem disso e a contabilidade também. Só os jornalistas ainda acreditam que o faturamento do jornal é fruto somente de suas matérias espetaculares.
Espaço
É onde entram os anúncios numa página. Parece que é proposital: quando o editor prepara uma belíssima matéria com direito até a um infográfico, surge um horroroso anúncio de meia página estragando todo o trabalho.
Ou...
Quando o editor ainda tem uma página inteira para fechar, sonha com um belíssimo material publicitário de meia página.
Boneco
É o termo atribuído a foto de um personagem. Atualmente esse tipo de foto (parecido com uma foto três por quatro) está sendo abolido dos jornais. Alegam que ela não informa nada. Na verdade, é porque as personagens são geralmente muito feias.
Coletiva
Entrevista em que vários jornalistas, de diversos veículos de comunicação, são chamados no mesmo dia e horário para que o entrevistado fale de uma só vez. Depois de falar de uma só vez, o entrevistado é obrigado a repetir tudo de novo para as “exclusivas” das rádios e tevês.
Colunista social
Não precisa ser jornalista. E também não precisa ter um bom texto (mas isso não significa que não precisa saber escrever!). Gosta de criar bordões e citar frases em inglês ou francês. É chique ter a foto na coluna social. Esses são conhecidos como colunáveis. Atualmente os colunáveis também são chamados de seqüestráveis.
Jornalista Policial
Às vezes é mais policial do que jornalista. Vibra com as grandes tragédias e se frustra quando faz uma ronda em que não aconteceu nada. Sonha em ser correspondente do jornal na Baixada Fluminense. Quando falta noticias quentes, tem o hábito de jogar ‘boi no rio’.
Boi no Rio
A expressão exata é ‘Jogar boi no rio’. É o mesmo que forçar a barra para fazer uma matéria, imagem ou foto. A lenda conta que tudo começou quando uma repórter de tevê maringaense sugeriu que se jogasse um boi no rio para mostrar o animal no meio das cheias provocadas pela chuva. Difícil foi tirar o boi depois.
Jornalista cultural
Repare na redação: o jornalista cultural parece viver em outro mundo. Tem um olhar blasé, meio fugidio e não consegue entender como os colegas da redação nunca ouviram falar em Maiakovski. É uma boa fonte para se conseguir ingressos, mas geralmente ele ganha um só.
Deadline
É horário-limite para o jornalista entregar as matérias ao editor. Essa pressa é devido ao cronograma de fechamento de todo processo industrial do jornal. Ou motivada pelo próprio editor que tá doido para tomar uma cervejinha.
Diagramador
É a pessoa que distribui o texto, as fotos e as ilustrações em cada página da revista. Tem dificuldades para explicar ao genial editor de que duas fotos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. Ou que a idéia de fazer o texto ‘em ondas como o mar’ vai ficar ridículo. No final, o diagramador sempre obedece, a página fica ridícula e o editor evita comentar o assunto no dia seguinte.
Chargista
É quem faz as charges, o humor crítico. Talvez seja o único ser pensante da redação justamente por nunca colocar os pés na redação.
Editor
Responsável pela publicação. Cabe a ele orientar os repórteres, fotógrafos e ilustradores sobre o que vai ser publicado. Muda de opinião conforme os ponteiros do relógio, pois descobre que nem tudo sairá conforme planejava. Conseguiu incorporar diversas palavras de baixo calão como uma forma de externar seu sofrimento. Vive bufando.
Fechamento
É o horário de concluir determinada página ou todo o jornal. É um momento tenso, corrido e estressante. Portanto, jamais visite uma redação depois das 18 horas. Você corre o risco se ser demitido sem nunca ter trabalhado lá.
Infografista
É o responsável por aqueles formidáveis desenhos gráficos do jornal. É uma novidade nas redações e muitos editores ainda não sabem o que fazer com ele. Às vezes esquecem que ele existe. Em outras, abusam. Pior: acham que tudo é rápido e fácil.
Nuvens
“As nuvens mudam de lugar” é uma expressão geralmente utilizada pelo proprietário de um jornal para indicar que o veículo poderá mudar de opinião de uma hora para outra. Tudo vai depender das condições do tempo e da temperatura.
Editorial
Geralmente é um texto na segunda página que apresenta as opiniões do veículo sobre determinado assunto. Mas como as ‘nuvens mudam de lugar’ de uma hora para outra, muitos jornais aboliram o editorial. No lugar do editorial, colocaram as previsões meteorológicas do Simepar. São mais confiáveis.
Fonte
Uma pessoa que passa informações importantes ao repórter. Uma agenda cheia de telefones de boas fontes vale mais do que um diploma da MBA. Em Maringá, as agendas do Marcos Zanatta e da Elci Nakamura são as mais disputadas. Já houve B.O. de tentativa de furto de uma dessas super-agendas. Aleguei inocência.
Free-lancer
O mesmo que frila. É o jornalista sem vínculo empregatício com a empresa e que não precisa cumprir horários de trabalho. Na verdade, free-lancer é o termo chique para ‘bico’.
Flagrante
Todos temem em perder essa oportunidade. Imagine você tendo que cobrir uma greve de professores e ao chegar no local descobrir que a polícia, minutos antes, desceu o cacete num grupo de inocentes professores. Porém, se você for da Globo, é só pedir que eles repetem a cena.
Periodicidade
É a freqüência com que a revista vai para as bancas. Pode ser semanal, quinzenal, mensal, etc. Os jornais que circulam todos os dias são chamados de diários. Bem, nem todos. Há diários que não são diários, se você me entende...
Projeto gráfico
É o planejamento do conjunto gráfico da revista. São geralmente reformados a cada cinco anos para tentar atrair mais leitores. Um belo projeto gráfico é tão belo como um cavalo de raça. Em seis meses, o cavalo se transforma em camelo.
Piso
Jornalista não fala de números ou salários. Fala ‘piso’. Exemplo: ‘vou ganhar um piso’, ou ‘vou ganhar dois pisos’ ou ‘meio piso’. É como se fosse uma moeda própria da categoria. Às vezes o piso é o teto. E lembre-se: O limite não é o teto, mas a rua.
Café
A hora do café é o momento do pessoal da redação colocar a fofoca em dia em menos de dois minutos. É o ‘lugarzinho de se falar mal dos outros’. Quando uma bela repórter ganha promoção, o maldoso pessoal do café diz que ela andou saindo com o editor-chefe. Na verdade, bem que o editor-chefe gostaria que essa fofoca fosse verdadeira.
6 comentários :
Caro Bulga, pode ter certeza de que um simples post teu ensinou muito mais sobre jornalismo do que algumas coisas absurdas que acontecem nas faculdades de jornalismo, sem citar nomes...
Hah, lembrei. Um dia, fazendo compras também no Super Mufato, na época de Fatão, encontrei o caro Elias, o dono da voz. Mas ele não me viu e nem tenho tanta intimidade com ele para trocar oito minutos de papo. Mesmo assim, acho uma ótima pessoa.
Uma dica: está caro este mercado hein? A boa latinha de Antartica está R$ 1,25!!!!!!! Fui no Mercadorama e comprei por R$ 1,05.
Forte abraço!!
Muuuuuuuuuuuito bom!!!
Fala aí Bulga. Sensacional, esse é o termo para rotular seu esforço em "clarear" o jornalismo. Estou ancioso pelos esclarecimentos para o termo "linha editorial" (a qual classifico como posições intransigentes sócio/políticas do dono do veículo). hahaha um grande abraço.
Também vale uma citação ao "escrever nas entrelinhas" (essa, então, é imperdível)
raí
Excelente, Bulga! Uma verdadeira lição sobre ambiente de jornal. Continue, que vira uma enciclopédia. Gostei de todas, inclusive - e principalmente - a que diz "o editor-chefe gostaria que fosse verdade".
Bulga, você seria um ótimo professor de jornalismo.
Hahahahahaha...
ADOREI!!!
A minha sorte que já terminei a faculdade de jornalismo.
Se tivesse lido este textos antes de entrar na faculdade... acredito que teria largado. Hahahahahahaa...
Continue Bulga. Está DEMAIS!!!
Dou BOAS (e más) risadas.
Estas frases é BEM a sua cara MARCELO BULGARELLI: engrassadinha, irônicas e informativas (chegando ao educativo)..
Assim como o Thiago (Fininto), acho que deveria largar o jornalismo e dar aula na faculdade. Hahahahhahahahaha..
Beijos para vc e para a Ana
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