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sábado, abril 12, 2025

O Anjinho de Petrópolis-

 Publicado em Tribuna de Petrópolis 


**O Anjinho de Petrópolis: A Tocante História de um Santo Milagreiro**  

No Cemitério Municipal de Petrópolis, a sepultura 685 chama a atenção pelos inúmeros brinquedos e flores que a adornam. Ali repousa Francisco José Alves Souto Filho, um bebê de apenas três meses, neto do Visconde de Souto (amigo próximo de D. Pedro II), que faleceu em 9 de abril de 1872. Com o tempo, o túmulo — marcado por uma estátua de anjo — tornou-se local de devoção popular, ganhando o carinhoso apelido de "Anjinho de Petrópolis".  

**A Origem da Devoção**  

A fama de milagreiro surgiu décadas após sua morte, quando um funcionário do cemitério, conhecido como "o baiano", pediu a cura para uma úlcera e atribuiu a melhora à intercessão do anjinho. Em agradecimento, deixou um brinquedo no túmulo e espalhou a história. Desde então, fiéis passaram a depositar brinquedos, especialmente no Dia das Crianças e Finados, como forma de pedidos ou gratidão por graças alcançadas.  

**O Mistério da História Familiar**  

A vida do Anjinho é envolta em curiosidades:  

- Contradição nos Registros: A lápide indica que sua mãe era Maria Luiza de França e Silva, primeira esposa de seu pai, Francisco José Alves Souto. Porém, documentos históricos sugerem que o casal não teria tido filhos. O bebê pode ter sido fruto de um relacionamento não oficializado ou de um casamento breve.  

- Esquecimento pela Família: Em 2014, um sobrinho-neto do Anjinho, Francisco Souto Neto, descobriu acidentalmente a existência do túmulo durante pesquisas sobre o Visconde de Souto. A família ignorava completamente a criança, cuja memória se perdeu no tempo.  

**A Jornada de Redescoberta**  

Francisco Souto Neto e sua prima Lúcia Helena Souto Martini dedicaram anos a reconstruir a árvore genealógica da família. Surpresos com a descoberta, planejaram visitar o túmulo para homenagear o parente desconhecido que, ironicamente, tornou-se uma figura de fé para tantos.  

**Fé e Folclore**  

A devoção ao Anjinho reflete a cultura popular brasileira, onde figuras infantis (como o "Menino Jesus de Praga" ou o "Anjo de Catas Altas") são associadas a milagres e proteção. A história também ecoa tragédias do século XIX, quando a alta mortalidade infantil era comum, e túmulos de crianças muitas vezes viraram símbolos de esperança.  


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