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quarta-feira, abril 30, 2025

De Oscar para Nohemia


fragmento  da carta escrita pelo meu avõ materno , Oscar Rocha Paes, para minha avó, Nohêmia Crass onde ele a pede em casamento. Creio que foi no fim da década de 1920, pois minha mãe, Martha Rocha Paes, nasceu em 1929.

No fragmento,   o português foi modernizado  pela IA. 




Àquela a quem respeito,

Peço que compreenda o que me levou a agir desta forma, ou mesmo o que já possa ter feito em meu proceder, desde o momento em que, respeitosamente, lhe pedi o fim destas minhas humildes palavras. É justo que estranhe meu ato, talvez inesperado. Mas não importa; tenha certeza de que, se foi necessário entregar-lhe esta carta por meio de estranhos — algo aliás natural —, ao ler ou ao tomar conhecimento do motivo que me obrigou a escrevê-la, compreenderá plenamente a justiça da minha conduta, confirmando que não aja mal. Pelo contrário, diante de uma situação delicada, era necessário que eu tomasse providências.

Permita-me dizer que este foi o único meio que encontrei. À primeira vista, pode parecer estranho, mas não é; Deus sabe que lhe pedi orientação, que busquei em você um modo de resolver o que me afligia, e só encontrei esta solução. Por isso, escrevo-lhe...

 OBS: 

Termos arcaicos: Substituí expressões como "fi-mais" (provavelmente "fim") e "pro-voverão" (possivelmente "provocação") por equivalentes modernos.

Estrutura: Mantive a formalidade, mas simplifiquei frases truncadas (ex.: "É justiça no mesmo que haja estranhado" → "É justo que estranhe").

Contexto: O tom sugere um apelo por compreensão, quase um desabafo justificativo.

A COPA DO MUNDO DE 1958 - por RENARD PEREZ


ACORDEI com um barulho no mundo. Um barulho atrodor, de foguetes a se sucederem, que me deu, de súbito, a impressão de que alguma coisa se desmoronava. Que horas seriam? Atravessando as frestas da veneziana, a luz do dia me cegava. Fôra, na véspera, a uma festa junina na Floresta da Tijuca, chegara em casa às cinco da manhã, aos trancos. E aquele despertar, entre explosões me desorientava.

Foi quando me veio, de longe, o som vibrante do Hino Nacional. “E’ o jôgo! E’ o jôgo!” — lembrei-me, concatenando idéias, despertado completamente. E’ o jôgo, e nós ganhamos!” — conclui, emocionado, diante daquele clamor. NÓS SOMOS CAMPEÕES DO MUNDO! Então, foi o sofrimento: eu perdera a irradiação da partida vitoriosa — e era como se tivesse perdido, irremediavelmente, hora e meia de vida.

Desolado, estendi o braço para o rádio a um metro da cama, liguei-o, passei os ponteiros no mostrador. O jôgo apenas se iniciava. E, de repente, a angústia de ter perdido a irradiação, foi substituída por uma outra, muito pior: não tínhamos vencido, eu devia enfrentar ainda noventa minutos. Agora, preferia ter perdido a irradiação, mas estar diante de uma vitória garantida... E me lembrei daquele dia trágico de oito anos atrás, o silêncio que descera sobre a cidade em 1950, um silêncio doloroso... Tudo ia recomeçar...

A ressaca voltou, abandonei-me à cama, destruído. Acompanhar tal partida representava, para mim, doloroso patriotismo. Bebia as palavras do locutor, o coração aos solavancos, mas me dispunha a mergulhar covardemente no sono se a irradiação fosse ingrata.

Vieram os minutos preliminares, acompanhados num longe. Sibito, um grito de gol, ao qual se sucedeu um silêncio de morte. Era o gol sueco. Ah, 50!... E me imobilizei sob as cobertas, infeliz. Não queria mais ouvir.

Adormeci? Sei que fui surpreendido com novo grito, esganiçado e longo, interrompido por uma salva frenética: um troar de foguetes, que abafa as palavras do locutor. Era o segundo gol — o do empate, que me reconfortou.

E’ preciso contar o resto? Cada brasileiro, naquela manhã, a princípio terrível, depois gloriosa de domingo, sofreu como eu. Os gols que se sucederam me levaram definitivamente à ressaca. Mas não me tranquilizaram. Cheguei a desejar um avanço no tempo — chegar logo ao fim da partida, qualquer que êle fôsse. O horrível era aquele martírio lento, martírio chinês.

Termina a primeira etapa no 2x1, aumenta a nossa vantagem no segundo tempo. Mas aqueles triunfos não me apaziguam — nem tão pouco ao locutor — única vida, além da minha, no pequeno apartamento. Babe-se lá! — os suecos lutam, desesperados, por um empate, e faltam ainda trinta minutos para terminar a partida... Ah, Pelé! Ah, Vavá! Deus nos ajude...

— Estamos atravessando os vinte minutos mais lentos da história do futebol brasileiro — murmura o locutor, ansiado.

Somos, eu e êle, duas almas irmanadas no mesmo desespero. Malditos minutos que não passam nunca. Vou ao banheiro, faço a toilette, querendo me enganar. Daí a pouco, novo uivo, seguido do ribombar reconfortante. Venho do banheiro, a correr. O gol, seguido do tiroteio, sai do peito do speaker num grito feroz.

Agora, faltam apenas cinco minutos — o placard é 4x2 — os suecos poderão fazer apenas um gol. Dois — é impossível. Enquanto faço a barba, diante do espelho, invade-me aquela certeza.

— Faltam três minutos para o Brasil ser campeão do Mundo — grita, lá da sala, o locutor, e eu sinto um nó na garganta. E’ apenas questão de segundos — não podemos mais perder, não há tempo. E, de repente, o jogo acaba — justamente com um gol no seu fecho e um talho no meu rosto — e NÓS SOMOS CAMPEÕES DO MUNDO. Diante do espelho, eu vejo caírem minhas próprias lágrimas.

Tenho um aperto na garganta. Mas me sinto um tanto sem graça, ali sózinho no apartamento, de pijama e dorso nu, sem ninguém a quem comunicar a minha felicidade. Os livros enfileirados na estante me parecem absurdos, é ridículo o jornal jogado por baixo da porta, com seus conscienciosos prognósticos sobre uma partida futura...

Só o rádio é presente, e aquela vitória que toma posse da rua, da cidade, do mundo.

Entendo patriotismo — patriotismo é vitória do futebol no estrangeiro. Pátria é êsse orgulho que me enche o peito, e me engrandece, dá-me vários metros de altura. De súbito, o Brasil é a mais soberana das nações, e as grandes potências de dez minutos atrás de repente se amesquinham e olham para nós lá de baixo, respeitosamente. Heróis são Bellini e Pelé — pelo menos hoje.

Visto-me, abro a porta. No corredor estreito, a cena é impressionante: seis ou sete senhoras de meia idade, em quimono e chinelos, vêm do elevador a cantar, num cordão carnavalesco:

— A Taça do Mundo é nossa,

Com brasileiro, não há quem possa...

Desço o elevador, e recebo, na porta, uma chuva de confete. No saguão em alvoroço, uma senhora do quarto andar que conheço apenas de vista, põe, subitamente, algo diante de mim. Recuo surpreendido, e olho o que ela me oferece. E’ uma bala de chupar:

— Para ficar com a boca mais doce...

Choro, como um cretino.

RENARD PEREZ

REVISTA DA SEMANA

12 JULHO 1958

bardobulga.blogspot.com

terça-feira, abril 29, 2025

Causos da Imprensa

 Percival de Sousa: A armadilha do "foca"

Percival de Sousa, o melhor repórter policial de São Paulo, tinha duas marcas: pregava a Bíblia e era o terror dos novatos ("focas"). Em 1969, ele enviou Randau Marques (hoje especialista em ecologia, mas na época um iniciante) para apurar um crime fictício: um tenente do Exército teria matado a esposa.

Randau chegou à delegacia, onde um policial já combinara tudo com Percival:

— "Vim apurar o crime de um tenente que matou a mulher."

O delegado fingiu espanto:

— "Quer repetir?"

Randau repetiu. O policial então disparou:

— "Só dois grupos sabem disso: o Exército e os terroristas. Do Exército, o senhor não é. Então..."

Randau gritou: "Sou do Jornal da Tarde*!"*

Não adiantou. Sem credencial (por ser novo), ficou quase duas horas preso...


(Revista da Comunicação 1986)



segunda-feira, abril 28, 2025

Carolina Maria de Jesus



A Antologia Pessoal de Carolina Maria de Jesus* organizada por José Carlos Sebe Bom Meihy, é uma obra que transcende o literário para se tornar um documento histórico e social. Carolina, conhecida por seu diário *Quarto de Despejo*, revela nesta antologia sua faceta menos explorada: a de poeta. A obra reúne textos em prosa e verso, destacando sua linguagem crua e autêntica, marcada pela luta contra a discriminação social e a opressão.

A antologia expõe as contradições de uma sociedade que marginaliza os pobres, especialmente mulheres negras, enquanto ignora suas vozes. Carolina denuncia a desigualdade com uma poesia que mistura ingenuidade e crítica ferina.  

 Sua escrita, embora por vezes considerada "ingênua", carrega um peso político inegável. Ela transforma a dor em arte, como no trecho que aborda "o preço da dor" como mote criativo.  

 A organização de Meihy contextualiza a obra dentro da trajetória de Carolina, lembrando seu reconhecimento tardio pela elite literária, como a admiração de Drummond e sua relação ambígua com figuras como Lygia Fagundes Telles.  

 Alguns poemas e textos parecem desconexos, refletindo talvez a edição ou as condições precárias em que foram escritos. A estrutura pode desafiar o leitor menos familiarizado com sua obra.  

Como aponta a resenha original, há um risco de reduzir a literatura de Carolina à sua biografia de fome e exclusão, o que pode limitar a análise estética de sua poesia.  

Esta antologia é essencial para entender não apenas Carolina Maria de Jesus, mas o Brasil que ela retratou com raiva e beleza. A obra desafia o cânone literário ao unir denúncia social e arte, provando que sua voz — antes confinada aos "quartos de despejo" da história — merece ecoar como parte do patrimônio cultural brasileiro. Recomenda-se tanto para estudiosos de literatura engajada quanto para leitores em busca de uma narrativa que recuse silêncios.  




domingo, abril 27, 2025

Elizabeth Bishop


 Os fragmentos de cartas de Elizabeth Bishop (1911-1979), escritos entre 1952 e 1968, revelam uma relação profundamente ambivalente com o Brasil — país onde viveu por quase duas décadas com sua parceira, a arquiteta Lota de Macedo Soares. A seleção expõe desde o encantamento inicial até o desgaste político e emocional que marcou seus últimos anos no Rio.

TRECHOS

Em cartas aos amigos, como a também poetisa Marianne Moore e seu psicanalista, entre outros, Elizabeth Bishop mostra como foi experiência brasileira.

"Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 1952

Lota vendeu uma das suas propriedades para um famoso zoólogo polonês e você só tem que andar por dois minutos pela montanha para ver um jaguar negro, um camelo e todos os pássaros mais lindos do mundo. Penso em você a todo instante.

O zoólogo me deu um tucano de aniversário no outro dia. Ele ou ela (o tucano) é muito manso e travesso — joga moedas por todo o quarto — voa carregando minha torrada do café da manhã. Ele é preto, mas com olhos de um azul elétrico, um bico azul e amarelo, garras azuis e penas vermelhas aqui e ali — várias embaixo de sua cauda com um pôr-do-sol quando ele vai dormir. De qualquer maneira nunca ganhei presente mais belo".

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"Samanthaia, Petrópolis

13 de março de 1952

O correio de Petrópolis para o Rio — 30 ou 40 milhas — muitas vezes demora duas semanas. Não quero reclamar do correio: ele é parte da sublime imprecisão do Brasil... onde uma nuvem está entrando neste exato instante em meu quarto".



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"26 de julho de 1952

Enquanto estávamos fora a cozinheira se iniciou na pintura, provando que arte só floresce em tempos de ócio, presumo — e acabou por se tornar uma primitiva maravilhosa ... Lota disse a ela para limpar as latas de lixo — ela é quase selvagem e muito suja! apesar de excelente cozinheira — e dez minutos depois achamos as latas pintadas em violentos vermelhos e rosas. Lota tem alguns potes que Porfínari fez para ela e nós temos que admitir que os da cozinheira são muito melhores...

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"22 de outubro de 1964

O parque (Aterro do Flamengo) está ficando cada vez mais bonito. Lota está se tornando tão famosa que até vendedores de sapato à reconhecem. Ela teve essa grande idéia de construir salas de leitura para crianças nos playgrounds. Há uma escassez delas aqui".

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"15 de março de 1966

Lota teve uma verdadeira crise — uma crise nervosa e física — devido aos anos de trabalho excessivo e preocupação — e agora eu desejo não ter aceito o convite para ir a Seattle, mas me parecia a melhor coisa a fazer na ocasião. O parque dela — ela fez um magnífico trabalho, mas de que adiantar trabalhar para qualquer governo?"

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"4 de janeiro de 1968

Deixei o Brasil com o coração carregado e espero nunca mais ver o Rio de novo. Os últimos anos foram tão horríveis e exaustivos."

Você tem que acreditar quando eu lhe digo como nós nos amávamos. Nunca vai haver alguém como ela nesse mundo ou em minha vida, e nunca vou deixar de sentir saudades dela"

sábado, abril 26, 2025

O Bom e o Mau Fã -


VINICIUS DE MORAES



Ser bom fã não é só gostar de ir ao cinema. (Cf.: O sertanejo é, antes de tudo, um forte.) É preciso também saber ir ao cinema. O sujeito, por exemplo, que senta muito longe da tela bem para mim o estigma de mau fã. A dignidade é sentar nas dez primeiras filas, variando a distância conforme o cinema a que se vai. No Metro, a boa fila é a quinta. Distância justa, a imagem tem no foco visual; perfeita. Já no Sol Luis gosto mais da terceira. São coisas. Agora: da décima fila para trás é positivamente indigno. Esses sujeitos então – a não ser em casos de força maior – que semiam lá nas cadeiras do fundo, me dão sempre uma impressão suspeita de que vieram ali para fazer quinta-coluna.

Há, desses, uns fabulosos. Primeiro, se instalam para acomodar a vista. Pouco a pouco vão saltando, tal salmoes, ao saber das tentativas escusas junto às nereidades inglesas, até as filas da frente. Aboleiram-se por várias vezes to lado de inúmeras senhoras.

Agora, o grande traço do mau fã é falar ao cinema. O indivíduo, ou indivíduo, que fala durante o polego, morre a força. E os há de varriga-las espécies. Há os que lêem alto os letreiros, e esses são a peste. Há os sonambólicos, que murmuram contra o vilão, torcem pelo "mocinho", avisam o hotel do perigo que o espreita, engrolam pequenas frases a propósito de determinadas atitudes da heroína. São fãs idióticos, menos decares, às vezes até gozados.

No entanto, dentro do tipo em epígrafe, o mais irritante é o que chuchota histórias que não têm a ver com o que se está passando ali. É uma especialidade de mulheres, que vão com suas amigas ao cinema, para fazer hora. "Porque dona fulanina disse, patatá-patatá, mé-mê-mê, au-au-au, ela está com um vestido, minha filha, um amor!" Já agente vira a cabeça para trás, olha a faladeira, pensa mal dela, pigarreta e volta à posição normal. O encarejo se smorza, mas é por pouco tempo. Mulher tem uma facilidade fabulosa para passar por cima dessas coisas. É um animal de repetição. Se possui o mau hóbulo de não ter o dinheiro pronto na hora de saltar do ônibus, repeti-lo-á pelo resto da existência. É inútil. Trinta e duas pessoas com presas que esperem.

Outro mau fã de grande vulto é o que senta nas cadeiras da esquerda ou da direcificando de três quartos para a tela. São sujeitos que têm vocação para tabela. O chupador de caramelos é outro. É ichoc, ichoc, ichoc no ouvido da gente, como se estivesse andando na lama ou coisa para recida. O fã cuidando-o para desembruchar balas também é um errado. O barulho do papel de

senbrulhado devagar é muito mais irritante que o de desembrulhar rapidamente e acabou-se a questão.

E os casais enamorados, que desgraça!

"Você gosta de mim?"

"Gosto!"

"Mas gosta mesmo?"

"Mesmo!"

"Muito?"

"Muito!"

"Mês jura?"

"Juro, juro e juro, pronto, tá satisfeito?"

Depois, dois suspiros fundos como os cariocas no último jogo com os paulistas (eu sou carioca, vejam lá), e a reconheça: "Mas você gosta mesmo?... Ele...".

A fauna é grande. Poderia citar muitos outros casos. Mas percebi, de repente, que nada disso tem a menor importância diante da lua que está no céu. Procurad pagar a lua, ficar quieto vendo a lua. Sou um bom fã de cinema, mas muito maior da lua. Hoje ela está cheia e ausente, imparticipante. Me perderei de tudo, olhando a lua.

Vinicius de Moraes, "O cinema de meus olhos", Companhia das Letras – 1991. Artigo escrito em 1943.

sexta-feira, abril 25, 2025

Lana Del Rey

 




"Quando a felicidade de alguém se torna a sua felicidade, isso é amor."

— Lana Del Rey


(Tradução livre do inglês: "when someone else's happiness is your happiness, that is love.")

quinta-feira, abril 24, 2025

Eduardo Galeano

 “Sei que saber que há alguém que acredita em você é o suficiente para salvá-lo, e que coisas importantes morrem quando são nomeadas, e que devemos desconfiar de palavras, corrompidas pelo uso.”


- Nossa Canção (Eduardo Galeano)


Eric Nepomuceno, Eduardo Galeano e Fernando Morais


quarta-feira, abril 23, 2025

"Drácula no Cinema" (Jornal do Brasil, 1979)

 

 trechos-chave extraídos do artigo "Drácula no Cinema" (Jornal do Brasil, 1979),

 Sobre o Vampiro como Símbolo Sexual

*"O novo Drácula, com Frank Langella, é a produção mais luxuosa até hoje. O personagem é agora um aristocrata elegante, bem-falante e sensual, que cultiva um gosto pelo que há de melhor em tudo — as mais belas mulheres, o mais fino Borgonha entre os sangues. [...] O filme descreve uma batalha de usos e costumes na cama — Drácula à noite, Dr. Van Helsing de dia."*  

*"Carmilla, do escritor escocês Sheridan Le Fanu, é uma vampira que sente atração por outras mulheres. O livro é um exemplo clássico de sexualidade reprimida expressa na inocência da história de horror."*

### **2. Raízes Históricas**  

*"Em tempos de peste, quando os carroceiros percorriam as ruas gritando 'Tragam seus mortos', não era comum enterrarem pessoas ainda vivas. [...] Se ladrões de sepulturas descobriam um cadáver contorcido em posição estranha, era fácil atribuí-lo ao vampirismo."*  

*"Gilles de Rais, nobre francês do século XV, foi condenado por assassinar 140 crianças. A Condessa Báthory banhava-se em sangue, acreditando que isso a manteria jovem."*

. Christopher Lee e a Hammer Films**  

Lee apresentou um Drácula com longos caninos, e os banquetes de sangue eram mostrados com exagerado realismo. [...] 'Obviamente, Stoker não inventou o nome Drácula. Vlad, o Empalador, pertencia à Ordem do Dragão (Drakul).'"*  

*"O Horror de Drácula (1958) ganhou oito vezes seu custo em dois anos. Mas a Hammer explorou o tema até o esgotamento, com filmes cada vez mais decadentes."*

4. Crítica Freudiana**  

*"Ernest Jones, psicanalista, disse que as histórias de vampiro são 'metáforas sobre um amante irresistível que suga energia, ambição ou a vida por motivos egoístas', dirigidas a pessoas com sexualidade reprimida, regredindo a formas como o sadismo oral."*  

"O público prefere o calafrio ao riso porque o vampiro permite contemplar desejos que não ousamos admitir."*

5. Trecho Final (Langella como Drácula)**  

*"'Vocês acham que me confundem', Stoker o faz dizer. 'Acham que me deixaram sem um lugar para repousar, mas tenho outros. Minha vingança apenas começou. Estende-se por séculos, e o tempo está do meu lado.'"*  


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terça-feira, abril 22, 2025

segunda-feira, abril 21, 2025

Grandes Naufrágios- Sultana




O Sultana percorria regularmente o rio Mississipi, fazendo carreiras entre Nova Orleães e St. Louis e recebendo passageiros e carga, com exceção de um pequeno número de soldados. Em Abril de 1865, pouco após o fim da Guerra Civil, o Sultana estava lotado de prisioneiros libertados, anteriormente mantidos nos campos de Andersonville e Cahaba, que estavam a regressar para casa. A maioria era do centro-oeste dos EUA e a Guerra tinha-lhes oferecido poucos triunfos, que tivessem finalmente justificado os sacrifícios suportados.

O vapor podia transportar 376 passageiros, mas levava a bordo um número estimado de 2.300 prisioneiros. Embora o número exato nunca tenha sido determinado, é certo que o navio estava perigosamente sobrecarregado. Após uma pequena escala em Vicksburg, o Sultana prosseguiu, a 24 de Abril, a sua viagem em direção ao Norte. À medida que se aproximava de Memphis, Tennessee, uma repentina explosão de uma das suas caldeiras destruiu toda a seção central do navio. Os sobreviventes saltavam para o rio Mississipi, procedendo a uma fuga desesperada. Os fogos alastraram mais vagarosamente, mas violentamente.

Desconhece-se até hoje o que provocou a explosão, mas supõe-se que se tratou de uma fenda numa caldeira já danificada, que se propagou rapidamente. No dia seguinte, o navio desaparecera por completo e os corpos começaram a ser arrastados até à costa. O número oficial de vítimas é de 1.538, total que faz do Sultana a maior calamidade fluvial da história americana.



  • O desastre do Sultana ocorreu em abril de 1865, apenas dias após o fim oficial da Guerra Civil Americana (com a rendição do general Lee em 9 de abril).

  • A bordo estavam milhares de prisioneiros de guerra recém-libertados, muitos deles em estado de saúde precário após meses ou anos de cativeiro.

  • A pressa em levá-los de volta para casa, somada à corrupção e à negligência de oficiais que lucravam com o transporte de soldados, culminou no maior desastre fluvial dos EUA — ironicamente ofuscado pela recente morte de Abraham Lincoln.

 A Tragédia

  • O Sultana era um vapor com capacidade para 376 passageiros, mas levava a bordo mais de 2.300 pessoas — um número absurdo, que excedia seis vezes o limite seguro.

  • A explosão de uma das caldeiras, possivelmente causada por reparos malfeitos ou desgaste extremo, destruiu o centro da embarcação.

  • O incêndio e o afundamento foram rápidos, e a maioria das vítimas morreu afogada no rio Mississippi ou queimada nas chamas.

 Consequências e Memória

  • Apesar da dimensão da tragédia (1.538 mortos), o desastre foi pouco noticiado na época, pois dividia as manchetes com o assassinato de Lincoln (14 de abril de 1865).

  • O Sultana permanece como um símbolo de negligência institucional e das falhas na gestão da reintegração dos veteranos após a guerra.

  • Até hoje, muitos dos corpos jamais foram identificados. O naufrágio marcou a maior perda de vidas em um desastre fluvial da história dos EUA.



O Assassinato de Martin Luther King Jr. (4 de abril de 1968)


No dia 4 de abril de 1968, o mundo foi abalado pelo assassinato de Martin Luther King Jr., um dos maiores líderes do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. O crime ocorreu em Memphis, Tennessee, e marcou um dos momentos mais sombrios da história americana do século XX.




Contexto Histórico

  • Luta pelos Direitos Civis: King estava na linha de frente da luta contra a segregação racial e pela igualdade de direitos, promovendo protestos não violentos e discursos inspiradores, como o famoso "I Have a Dream" (1963).

  • Campanha dos Pobres: Em 1968, King estava organizando a "Poor People's Campaign", uma iniciativa para combater a pobreza e a injustiça econômica nos EUA.

  • Viagem a Memphis: Ele foi a Memphis para apoiar uma greve de trabalhadores sanitários, majoritariamente negros, que protestavam por melhores condições de trabalho e salários justos.


O Assassinato

  • Local: King estava hospedado no Lorraine Motel, um local frequentado por ativistas dos direitos civis.

  • O Momento do Crime: Por volta das 18h01, enquanto conversava na varanda do hotel, King foi atingido por um único tiro de rifle no pescoço, disparado por um atirador de tocaia.

  • Socorro e Morte: Ele foi levado às pressas para o Hospital St. Joseph, mas foi declarado morto às 19h05, aos 39 anos de idade.


O Assassino: James Earl Ray

  • Captura: O suspeito, James Earl Ray, foi preso dois meses depois, em Londres, usando um passaporte falso.

  • Confissão e Julgamento: Ray confessou o crime em 1969, mas depois retratou-se, alegando ter sido um bode expiatório. Ele foi condenado a 99 anos de prisão e morreu na cadeia em 1998.

  • Teorias da Conspiração: Muitos acreditam que Ray não agiu sozinho, e que o assassinato pode ter envolvido o FBI (que monitorava King) ou grupos supremacistas brancos. Investigações posteriores nunca comprovaram essas suspeitas.


Repercussão e Legado

  • Revoltas Urbanas: A morte de King desencadeou distúrbios em mais de 100 cidades dos EUA, com incêndios, saques e confrontos com a polícia. Washington D.C. foi uma das mais afetadas.

  • Enterro e Homenagens: Seu funeral, em 9 de abril de 1968, reuniu mais de 50 mil pessoas em Atlanta, incluindo líderes como Robert F. Kennedy e Jacqueline Kennedy.

  • Feriado Nacional: Em 1986, o Dia de Martin Luther King Jr. foi instituído como feriado nos EUA, celebrado na terceira segunda-feira de janeiro.

  • Legado: Sua luta inspirou leis como o Civil Rights Act (1968) e continua sendo um símbolo global de resistência pacífica contra a opressão.


Último Discurso Profético

Na noite anterior ao assassinato, King fez um discurso emocionante na Igreja Mason Temple, onde disse:

"Like anybody, I would like to live a long life... But I'm not concerned about that now. I just want to do God's will. And He's allowed me to go up to the mountain. And I've looked over, and I've seen the Promised Land. I may not get there with you. But I want you to know tonight, that we, as a people, will get to the Promised Land."

("Como qualquer um, eu gostaria de viver muito tempo... Mas não estou preocupado com isso agora. Só quero fazer a vontade de Deus. Ele me permitiu subir ao topo da montanha. E eu olhei, e vi a Terra Prometida. Talvez eu não chegue lá com vocês. Mas quero que saibam hoje que nós, como povo, chegaremos à Terra Prometida.")

 
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domingo, abril 20, 2025

Angelo Bulgarelli (bisavô)


O que se sabe sobre a origem no meu nome paterno. 

Meu avô , Domingos Bulgarelli, no centro da foto


Meu bisavô, Ângelo (filho de Domenico e Thereza Bulgarelli), veio para o Brasil com 14 anos (isso dizia o meu avô) e pelo que sabemos, sozinho. Foi morar direto na região de Sapucaia, no norte do Estado do Rio. Ele se casou com  Celestina Catamati (filha de Tasso Felipe Catamati) e voltaram para a Itália já com duas filhas (Laura e Ortolina),

 lá tiveram um filho (Eduardo), Regressaram ao Brasil e tiveram mais dois filhos (Alberto e Domenico,  antes de morrer em 1904. Domenico é meu avô Domingos (descobrimos que foi registrado Domenico e aportuguesou o nome e não sabemos porque), Meu bisavô morreu em 1904. 

Os irmãos do nosso avô não tiveram descendentes. O Eduardo não teve filhos e o Alberto, teve somente um filho, Renan, que era da idade do meu pai (de 1930), mas morreu com apenas 14 anos. 

O Renan, o Alberto (meu tio-avô) e Celestina (bisavó), estão enterramos no mesmo túmulo  em Petrópolis. 

Então, o sobrenome Bulgarelli, diretamente da  árvore através do Ângelo, foi passado somente para  os nnetos.

 

Meu tio Maninho tentou procurar por documentos do Ângelo em Ferrara, de onde nosso avô dizia ser o pai. Mas não encontrou nada. Um padre de lá chegou a dizer, que talvez ele pudesse ser judeu, já que aquela região era reduto livre de judeus. E nosso avô dizia que ele havia se casado em Sapucaia com Celestina, mas Fernanda já foi lá também para saber de algo na igreja e também não encontrou nada. 

Não sabemos muito coisa dele, porque morreu jovem nessa segunda vinda ao Brasil e sua estória ficou meio perdida. Só sabemos o que nosso avô nos contou, mas ele mal conheceu o pai, porque ele tinha apenas 2 anos quando o perdeu. 

Mas o Ângelo era mais do que alfabetizado. Documentos que temos dele com sua assinatura, mostra uma letra clara e firme. 

(Com informações da minha prima Vera Lucia Bulgarelli)

De Bukowski para Jane Cooney Baker

 


Cartas para Jane Cooney  Baker após sua morte.

"To Jane Cooney Baker, died 1-22-62"

e então você se foi

me deixando aqui

num quarto com uma cortina rasgada

e o Idílio de Siegfried tocando no radinho vermelho.

e então você se foi tão rápido

quanto quando você veio pra mim, 

e nós tínhamos dito adeus antes,

e quando eu estava limpando seu rosto e lábios

você abriu os maiores olhos que eu já tinha visto

e disse “Eu devia saber

que era você”

você conseguiu ver

mas não por muito tempo

e um homem velho com pernas brancas e finas

na cama ao lado

dizia, “Eu não quero morrer,”

e seu sangue veio de novo

e eu o aparei com as mãos em concha

tudo o que ficou

das noites e dos dias também,

e o homem velho ainda estava vivo

mas você não estava

nós não estamos.

e você foi como você veio,

você me deixou tão rápido

você já tinha me deixado várias vezes antes

quando eu pensava que isso me mataria

mas não

e você sempre voltava.

agora eu desliguei o rádio vermelho

e alguém no apartamento ao lado bate uma porta

a sentença final: eu não vou te encontrar na rua

o telefone não vai tocar, e nenhum movimento vai

me deixar em paz.

não basta que haja várias mortes

e que esta não seja a primeira;

não basta que eu viva mais muitos dias,

talvez até muitos anos.

não basta.

o telefone é como um bicho morto que

não vai falar. E quando falar de novo será

sempre a voz errada agora.

antes eu esperava e você sempre entrava 

porta adentro. agora você vai esperar por mim.

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PARA JANE: COM TODO O AMOR QUE EU TINHA,

O QUE NÃO FOI SUFICIENTE: -

eu cato a saia,

eu cato o colar preto

brilhante,

essa coisa que um dia se moveu

ao redor da carne,

e eu chamo Deus de mentiroso,

eu digo que qualquer coisa que se movesse

como aquilo

ou soubesse

meu nome

jamais poderia morrer

na verdade vulgar da morte,

e eu cato

o seu vestido

encantador,

todo o encanto dela se foi,

e eu digo

a todos os deuses,

deuses judeus, deuses cristãos,

lascas de coisas que brilham,

ídolos, pílulas, pão,

compreensões, riscos,

sábia renúncia,

ratos já no lucro desses dois que enlouqueceram totalmente

sem uma possibilidade,

sabedoria de beija-flor, possibilidade de beija-flor,

eu me apoio nisso,

eu me apoio em tudo isso

e eu sei:

seu vestido sobre o meu braço:

mas

eles não vão

trazê-la de volta pra mim.


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“Elogio a uma nobre mulher dos infernos”


alguns cachorros quando dormem à noite


devem sonhar com ossos

eu me lembro dos seus ossos

na sua carne

ficavam ótimos

naquele vestido verde escuro

naquele seu salto-alto turvo,

e voce sempre me amaldiçoava quando bebia

seu cabelo para baixo escorria

enquanto você parecia que explodia

mas o que te segurava:

podres memórias

dum

podre

passado,

e quando

você morreu

deixou meu presente

roto

e desde que partiu

da minha mente

há 28 anos

não saiu.

você era a única

que entendia

a futilidade

dos preparativos

da vida;

todos os outros estavam apenas

descontentes

com suas triviais existências

reclamando

sem sentido

sobre o

que não faz

sentido;

Jane, você foi

assassinada por

saber demais

aqui vai um brinde

ao seu esqueleto

que

dos sonhos

deste cachorro

fazem parte

por inteiro.

sábado, abril 19, 2025

Drama de Páscoa

 

                                               "Eu não sei de onde vêm os ovos, 

                                                 e não tenho ideia do porquê 

                                               sinto uma compulsão por escondê-los."

Sharon Tate no Columbia Studios, 1968.

Sharon Tate, em 1968, em fotografias com tema de Páscoa, tiradas para promover The Wrecking Crew. Ela tinha o coelho Steiff, que mais tarde foi visto no quarto de hóspedes de sua casa, em 1969.

Na época em que estas fotos foram tiradas, Tate era uma estrela em ascensão em Hollywood. Ela estava ganhando reconhecimento não apenas por sua beleza e senso de moda, mas também por sua crescente carreira cinematográfica. Em 1965, ela já havia aparecido em pequenos papéis e estava prestes a alcançar a fama, com filmes como "O Vale das Bonecas" (1967) no horizonte.

Este ensaio fotográfico é um dos muitos exemplos de como Sharon Tate personificou o estilo e o espírito do final dos anos 1960 — vanguardista, feminina e de espírito livre. Foi também uma das últimas grandes promoções de estúdio que ela fez antes de sua trágica morte em agosto de 1969.

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sexta-feira, abril 18, 2025

Uma torcida entre a esperança e a saudade

Ser Botafoguense em 1987, dois anos antes da quebra do tabu de campeão carioca, 

Fonte: Jornal do Brasil, 08.11.1987.


Uma torcida entre a esperança e a saudade

Como olhar para o futuro com os olhos do passado*

Cláudio Arreguy  

Supersticioso, nostálgico, esperançoso, precipitado e místico é esse sofredor fiel que deixa o Maracanã desiludido numa quarta-feira, jurando que não voltará, e reaparece no mesmo local no Botafogo com a inconfundível camisa preta e branca e o velho grito na garganta. Um grito de memória curta, esquecimento rápido, mas de paixão eterna: “Fogo.”  

Que ser botafoguense é, antes de tudo, aderir à superstição todos sabem desde os tempos de Carlito Rocha e do cãozinho Biriba. Se não, que outro motivo teria levado a diretoria, após insistentes e desesperados apelos, a voltar atrás na decisão de modificar a manga da camisa tradicional? Ela voltou a ser listada.  

Ser Botafogo é insistir. E julgar sempre que os insucessos terminaram, a má fase passou e os títulos voltarão. Os títulos não voltam, mas a torcida sim. Está lá no jogo seguinte: esperançosa, como se nada de ruim houvesse acontecido. O botafoguense não dá o braço a torcer, ainda tem trunfos para jogar nas discussões de esquina.  

Afinal, não era do Botafogo a base da Seleção Brasileira bicampeã mundial? Coincidência ou não, não é menos verdade que a escassez de títulos do Botafogo é contemporânea da conquista do tricampeonato no México pela Seleção Brasileira. Conquista essa que teve em Jairzinho o principal artilheiro. Jairzinho, camisa 10 do Botafogo.  

As estatísticas registram que a torcida do Botafogo é menor do que as de Flamengo, Vasco e Fluminense. Mas em campo não costuma ser assim. Se o time ganha o jogo anterior, então, leva uma multidão para o Maracanã, nos clássicos de domingo. Num sábado recente, pelo menos 50 mil botafoguenses assistiram à derrota para o Flamengo. Hoje tem o Corinthians. E o Botafogo vem de grande triunfo sobre o Grêmio no Sul.  

Na imprensa tal estatística não existe. Basta lembrar que quase todos os principais colunistas esportivos do Rio são botafoguenses. João Saldanha não só é torcedor como foi técnico campeão estadual de 1957 pelo Botafogo.  

E o botafoguense João é um dos mais ardentes defensores da tese de que o insucesso do Botafogo se liga intimamente ao próprio período sem títulos do futebol brasileiro. Há os que extrapolam e acham que o Botafogo é o reflexo dos tempos da ditadura, a opressão do povo, a carestia.  

“Ser Botafogo é como…” assim começam com frequência as análises sobre o que é ser botafoguense. Até o Corinthians (o preto e branco será coincidência?) entra nas comparações. O Corinthians ficou 23 anos sem um título. E o Botafogo vai entrar no 20º ano. Faltarão mais três?  

Para o botafoguense, não. Ano que vem o jejum termina. Só que esse ano que vem nunca chega. Mas a torcida, esperançosa, não arreda. E se aglomera à primeira vitória. Se é contra o Flamengo, então…  

Esta tarde, nas arquibancadas e gerais do Maracanã, a torcida do Botafogo será mais esperançosa do que nunca. Contra o Corinthians no próprio — ela vai em peso. Se precipitada ou não, só se saberá depois. Mas cada vez mais nostálgica, supersticiosa e mística. Agora, devem pensar os botafoguenses, a coisa vai. Será? Não tem tanta importância. No outro jogo a torcida está lá de novo. Gritando na mesma intensidade: “Fogo!”.  



quinta-feira, abril 17, 2025

A História da Família Maiworm em Petrópolis

Visita  à vinicula Mayworm em 2015

No contexto da colonização germânica em Petrópolis, a família **Maiworm** se destaca não apenas pela contribuição agrícola, mas também por seu papel na assistência médica comunitária no século XIX.  

Origem e Estabelecimento

- O colono Peter Maiworm chegou a Petrópolis em 29 de junho de 1845 acompanhado da esposa e cinco filhos, integrando o grupo de 26 famílias germânicas que ocuparam o "Quarteirão Westfália"** (atual Avenida Barão do Rio Branco).  

- Seu filho mais velho, **Johann Maiworm**, juntou-se a eles em **1855**, estabelecendo-se nas terras da família.  

Peter Maiworm: O Enfermeiro da Colônia

- Além de agricultor, Peter era **enfermeiro diplomado**, conhecido por tratar os colonos e moradores locais com **ervas medicinais** cultivadas em suas terras.  

- Atendia **gratuitamente** até mesmo quem não podia se locometer, incluindo um funcionário da **Casa Imperial**.  

- Sua dedicação chamou a atenção de D. Pedro II que lhe ofereceu como recompensa a escolha entre dois terrenos: um na Rua do Imperador (atual Casa D’Angelo) e outro no **Alto do Quarteirão Brasileiro**. Peter optou pelo segundo.  

O Legado da Família*

- Em 1869 seu quinto filho, Franz Maiworm, construiu uma casa na parte montanhosa do quarteirão, que **permanece de pé até hoje**, testemunhando a história da família.  

- A propriedade reflete o estilo de vida dos colonos alemães, combinando agricultura, medicina natural e integração com a comunidade.  

Importância Histórica

A trajetória dos Maiworm ilustra:  

1. O*espírito comunitário dos imigrantes alemães, que transformaram Petrópolis em um polo de desenvolvimento.  

2. A relação próxima entre colonos e a Coroa evidenciada pela admiração de D. Pedro II.  

3. O sincretismo cultural, unindo conhecimentos médicos europeus e práticas locais.  



quarta-feira, abril 16, 2025

Sidney Miller: O Legado Reencontrado


Por Mauro Dias – 19/09/2000

sidney miller. macalé, marcos valle, torquato neto, caetano,


No início de 1980, Sidney Miller planejava um show ao lado do violonista Maurício Tapajós. Com um repertório de músicas inéditas, entregou uma fita demo ao MPB-4, grupo que popularizara sua composição mais célebre: *"Pois É, Pra Quê?"*, um retrato cru do desalento. Miltinho, violonista do quarteto, guardou a fita após ouvi-la.  

Em 16 de julho daquele ano, Sidney morreu aos 35 anos. Oficialmente, de câncer. O silêncio sobre suas últimas horas — saiu da Funarte após o expediente e não voltou — deixou margem para especulações sobre um gesto extremo. A fita caiu no esquecimento.  

**Duas décadas depois**, a compositora Cristina Saraiva, devota de sua obra, idealizou um tributo. O projeto inicial, um CD com participações de Chico Buarque, Elba Ramalho e Quarteto em Cy, transformou-se em algo maior quando Miltinho ressuscitou a fita perdida: cinco músicas inéditas, incluindo *"Soneto sobre Valsa"*, variação de *"Paisagem sobre a Valsa"* (gravada postumamente por Alaíde Costa). O disco duplo, agora em busca de patrocínio via Lei Rouanet, promete revelar essas preciosidades.  

**Um artista à frente do tempo**  

Nascido no Rio em 1945, Sidney estreou nos festivais da década de 1960 com letras que mesclavam lirismo e crítica social. Em 1967, venceu o Festival da TV Record com *"A Estrada e o Violeiro"* (dividindo o palco com Nara Leão), superando concorrentes como *"Roda Viva"* (Chico) e *"Alegria, Alegria"* (Caetano). Nara, sua grande mentora, gravou cinco de suas composições em um único LP em 1966 — feito raro para a época.  

**Ironias do destino**  

A Funarte, onde Sidney trabalhou, hoje abriga uma sala com seu nome, mas recusou-se a apoiar o projeto de Cristina. A instituição, fechada por Collor nos anos 1990, parece ecoar o descaso histórico com sua memória. Enquanto isso, as músicas resgatadas revelam um Sidney ainda mais profundo: *"Pede Passagem"*, escolhida por Chico, é um samba sobre frustrações que diz: *"Quem não soube o que é ter alegria na vida / Tem toda a avenida pra ser muito feliz"*.  

 tributo necessário**  

Cristina Saraiva, que descobriu Sidney através dos dois únicos discos que ele lançou em vida, encara o projeto como missão. As gravações inéditas, somadas a releituras de clássicos, podem finalmente dar a Sidney Miller o lugar que merece na MPB — não como "o Chico que não vingou", mas como um dos poetas mais originais de sua geração.  

*"Sidney era um pessimista alegre. Suas músicas doíam, mas tinham um humor que só os grandes sabem ter"* — Hermínio Bello de Carvalho, produtor do disco póstumo da Funarte.

terça-feira, abril 15, 2025

TÍTULOS CÉLEBRES DO JORNALISMO BRASILEIRO



"NADA DE NOVO NO CASO DA MOÇA ESTRANGULADA"

(Correio Popular — Campinas, 1965)


"DIVERSAS COMPETIÇÕES DERAM PROSSEGUIMENTO À OLIMPIADA"

(Estado da Bahia — Salvador, 1965)


"SUGESTÃO DE PINTO NÃO SEDUZ IVETE"

(Diário Caríoca — Rio, 1965 — Sobre a repercussão em Ivete Vargas de um pronunciamento de Carvalho Pinto)


"CARDEAL CAI NO CONTO DO VIGÁRIO"

(Jornal do Brasil — Rio, 1965)


"HO REAFIRMA SUA CONHECIDA POSIÇÃO"

(O Estado de S. Paulo — São Paulo, 1968 — Sobre entrevista de Ho Chi Minh)


"CONSELHO À DONA-DE-CASA: EVITE A TENTAÇÃO DA CARNE"

(Diário Caríoca — Rio, 1965 — Sobre os altos preços da carne)


"MATOU A MÃE SEM MOTIVO JUSTO"

(Do folclore)

segunda-feira, abril 14, 2025

A Múmia de Ouro do Museu Nacional

 As múmias do Museu Nacional do Rio de Janeiro, incluindo a famosa princesa egípcia Kherima (ou Kerima), foram vítimas do incêndio que destruiu o museu em 2 de setembro de 2018. O fogo, que consumiu grande parte do acervo de 20 milhões de itens, atingiu também as múmias e artefatos egípcios da coleção, uma das mais importantes da América Latina.

Abaixo, a síntese curiosa matéria publicada numa edição da revista Planeta em novembro de 1975



**A Múmia de Ouro do Museu Nacional: Mistérios e Fenômenos Paranormais**  

A múmia egípcia conhecida como **"Múmia de Mulher"** ou **"Princesa Kherima"** (antes do incêndio de 2018 no Museu Nacional) foi protagonista de uma série de fenômenos inexplicáveis que intrigaram pesquisadores e visitantes por décadas. Relatos de transes, visões e sensações físicas intensas cercavam seu sarcófago, tornando-a uma das peças mais enigmáticas do acervo.  

### **A Origem da Múmia**  

- A múmia chegou ao Brasil em **1826**, trazida pelo comerciante italiano **Nicola Fiengo**. Ele pretendia levá-la para Buenos Aires, mas, devido à guerra no Uruguai, desembarcou no Rio e leiloou sua coleção de artefatos egípcios.  

- **Dom Pedro I** adquiriu as peças, que foram incorporadas ao Museu Nacional. A múmia, no entanto, só ganhou notoriedade nos anos 1950, quando o **professor Victor Staviarski** iniciou pesquisas parapsicológicas com ela.  



### **Fenômenos Paranormais**  

1. **Transes e Visões**  

   - Pessoas que tocavam a múmia relatavam entrar em **estados alterados de consciência**, com visões de paisagens egípcias, cerimônias religiosas ou a própria princesa Kherima (descrita como uma jovem de cabelos negros e túnica branca).  

   - O fotógrafo **Lamberto Scipioni**, durante uma reportagem, entrou em transe por 10 minutos após se aproximar da múmia.  


2. **Sensações Físicas**  

   - Visitantes sentiam **choques elétricos**, **mãos frias**, **aceleração cardíaca** e até **excitação sexual**. Algumas mulheres relatavam o início repentino do ciclo menstrual após o contato.  

   - Uma professora carioca descreveu sentir-se "transportada" para um templo egípcio, onde testemunhou um julgamento envolvendo a princesa.  

3. **Odores e Luzes**  

   - Muitos afirmavam sentir **cheiro de rosas ou incenso** ao redor da múmia, mesmo sem fontes visíveis. Alguns viam uma **luz dourada** envolvendo o sarcófago.  

### **A Lenda da Princesa Kherima**  

Nos anos 1950, o jornalista **Ewerton Ralph** (envolvido com sociedades esotéricas) obteve um fragmento das faixas da múmia e o levou a uma médium. Em transe, ela revelou que a múmia seria **Kherima**, uma princesa egípcia assassinada a punhaladas por um cortesão ciumento. Ralph viajou ao Egito com ajuda do rei Faruk e escreveu o livro *O Segredo da Múmia* (1959), alimentando o mito.  

### **O Fim das Pesquisas**  

- O Museu Nacional **interrompeu os estudos** de Staviarski nos anos 1970, temendo que a múmia virasse objeto de culto.  

- Apesar disso, relatos espontâneos de fenômenos continuaram até o incêndio de 2018, que destruiu grande parte do acervo.  

Especulações incluem:  

- **Carga emocional**: A possível morte violenta de Kherima teria deixado uma "marca energética".  

- **Composição química**: Resinas e óleos usados na mumificação poderiam afetar sensíveis.  

- **Efeito placebo**: Sugestão coletiva alimentada pelas histórias em torno da peça.  

**Curiosidade:** Em 2019, o Museu Nacional recebeu a doação de uma nova múmia egípcia, **"Iset-Nofret"**, mas nenhum fenômeno paranormal foi associado a ela.  


domingo, abril 13, 2025

Polícia busca assombrações que apedrejam casas em SP



SÃO PAULO (O GLOBO) — Três casas na rua Fábia, Zona Oeste de São Paulo, vêm sendo apedrejadas há algum tempo, sem que ninguém saiba como nem por quem. O fato repetiu-se ontem na presença de policiais, quebrando os vidros da porta de uma das casas e ferindo uma moradora, Marta Maria Rimonato.  

O 3º sargento Carlos Penco e os dois soldados da PM que presenciaram a cena, e que servem no 7º Distrito Policial, registraram a ocorrência como “acontecimento paranormal”. Os forros e telhados das casas vizinhas foram investigados mas nada foi encontrado. Marta Maria alugou a residência há apenas 20 dias, mas decidiu mudar-se o mais rapidamente possível.  

---O Globo, 19 de Agosto de 1980.


O artigo apresenta um relato intrigante, mas carece de informações detalhadas ou conclusivas sobre as causas dos apedrejamentos. A abordagem sensacionalista e a falta de explicações concretas deixam espaço para interpretações variadas, desde fenômenos inexplicáveis até ações humanas não identificadas. O caso serve como um exemplo de como eventos incomuns podem ser narrados de maneira a alimentar o imaginário popular e o folclore urbano.

sábado, abril 12, 2025

O Anjinho de Petrópolis-

 Publicado em Tribuna de Petrópolis 


**O Anjinho de Petrópolis: A Tocante História de um Santo Milagreiro**  

No Cemitério Municipal de Petrópolis, a sepultura 685 chama a atenção pelos inúmeros brinquedos e flores que a adornam. Ali repousa Francisco José Alves Souto Filho, um bebê de apenas três meses, neto do Visconde de Souto (amigo próximo de D. Pedro II), que faleceu em 9 de abril de 1872. Com o tempo, o túmulo — marcado por uma estátua de anjo — tornou-se local de devoção popular, ganhando o carinhoso apelido de "Anjinho de Petrópolis".  

**A Origem da Devoção**  

A fama de milagreiro surgiu décadas após sua morte, quando um funcionário do cemitério, conhecido como "o baiano", pediu a cura para uma úlcera e atribuiu a melhora à intercessão do anjinho. Em agradecimento, deixou um brinquedo no túmulo e espalhou a história. Desde então, fiéis passaram a depositar brinquedos, especialmente no Dia das Crianças e Finados, como forma de pedidos ou gratidão por graças alcançadas.  

**O Mistério da História Familiar**  

A vida do Anjinho é envolta em curiosidades:  

- Contradição nos Registros: A lápide indica que sua mãe era Maria Luiza de França e Silva, primeira esposa de seu pai, Francisco José Alves Souto. Porém, documentos históricos sugerem que o casal não teria tido filhos. O bebê pode ter sido fruto de um relacionamento não oficializado ou de um casamento breve.  

- Esquecimento pela Família: Em 2014, um sobrinho-neto do Anjinho, Francisco Souto Neto, descobriu acidentalmente a existência do túmulo durante pesquisas sobre o Visconde de Souto. A família ignorava completamente a criança, cuja memória se perdeu no tempo.  

**A Jornada de Redescoberta**  

Francisco Souto Neto e sua prima Lúcia Helena Souto Martini dedicaram anos a reconstruir a árvore genealógica da família. Surpresos com a descoberta, planejaram visitar o túmulo para homenagear o parente desconhecido que, ironicamente, tornou-se uma figura de fé para tantos.  

**Fé e Folclore**  

A devoção ao Anjinho reflete a cultura popular brasileira, onde figuras infantis (como o "Menino Jesus de Praga" ou o "Anjo de Catas Altas") são associadas a milagres e proteção. A história também ecoa tragédias do século XIX, quando a alta mortalidade infantil era comum, e túmulos de crianças muitas vezes viraram símbolos de esperança.  


sexta-feira, abril 11, 2025

iLUSTRES FANTASMAS DE PETRÓPOLIS - JORNAL CULTURARTE MAIO 1994

Texto de Marcelo Bulgarelli

**Casos de Assombração em Petrópolis: Fantasmas da Cidade Imperial**  

Petrópolis, conhecida por seu clima serrano e arquitetura histórica, também guarda inúmeras histórias de assombrações que povoam o imaginário local. Desde casarões misteriosos até encontros sobrenaturais nas estradas, os relatos misturam humor, mistério e um toque de terror.  

### **1. A Mansão da Rua Ipiranga 716**  
Construída em 1884, esta mansão assimétrica, com 11 quartos e cinco salões, é famosa por suas aparições. A última moradora, Maria Elisa Tavares Guerra, uma solteirona que adorava passear nos jardins, teria deixado sua marca: testemunhas juram ver uma "velhinha" abrindo e fechando janelas, mesmo com a casa vazia. O caseiro atual até brinca que sua esposa não gostou de ser confundida com o fantasma!  

### **2. O Fantasma da Rodovia Washington Luís**  
Um caminhoneiro teria dado carona a uma jovem misteriosa perto do antigo posto de gasolina do Belvedere. Ao pararem num motel, ela desapareceu no banho. Assustado, o motorista ligou para o número que ela deixou e ouviu da irmã da moça: *"Ela morreu há três anos num acidente aqui no Belvedere!"*  

### **3. O Riverside Park Hotel e Sua Noivinha**  
Antes da reforma, este hotel era famoso por suas assombrações. Uma "noivinha" simpática aparecia perto da piscina, chamando hóspedes e funcionários. Outros fenômenos incluíam um relógio com ponteiros invertidos e sons inexplicáveis na lareira.  

### **4. Fantasmas Trabalhadores**  
Alguns espíritos parecem não aceitar a aposentadoria eterna:  
- Em Petrópolis, serras elétricas ligam sozinhas, pianos tocam sem músicos e até sessões na câmara municipal teriam "quorum fantasma".  
- Na rua Mosela, um morador (que prefere não se identificar) jura ver um vulto com chifres na cozinha. Seria Belzebu ? 

### **5. O Vovô Brincalhão do Carangola**  
Numa casa construída por um inglês falecido nos anos 1960, a família ainda sente sua presença: livros caem, janelas se abrem sozinhas e objetos somem. As netas, longe de terem medo, acham graça nas travessuras do "Gasparzinho" da família.  

### **6. O "Ressuscitado" do Cemitério Municipal**  
Nos anos 1960, um homem dado como morto acordou no caixão na funerária do Hospital Santa Teresa. Ao perguntar *"Onde é que estou?"*, o vigia fugiu em pânico. O "ressuscitado" voltou para casa, mas sua esposa, ao vê-lo, desmaiou — afinal, seu enterro já estava marcado para o dia seguinte!  

### **7. Casas com Desconto... e Hóspedes Invisíveis**  
Um casarão na rua Raul de Leoni está sempre à venda por um preço suspeitamente baixo. Ex-moradores relatam portas que batem sozinhas e ruídos noturnos. Como diz o artigo: *"Quem vai querer comprar uma casa e dividir a cama com almas penadas?"*  

 O Charme Macabro de Petrópolis
Seja por brincadeira do além ou histórias mal contadas, esses relatos mostram como o sobrenatural se mistura ao cotidiano da cidade. Como escreveu Mário Quintana, *"casas novas não têm sótãos nem porões"* — e talvez seja justamente nesses cantos antigos que os fantasmas preferem morar.  


quinta-feira, abril 10, 2025

Fantasmas de Rio de Janeiro e Petrópolis - Revista Domingo - Jornal do Brasil - Anos 1980


Casos de Assombração no Rio de Janeiro e Petrópolis

Os relatos de aparições fantasmagóricas em diferentes locais do Rio de Janeiro e Petrópolis revelam um lado misterioso dessas cidades, onde histórias de fantasmas se misturam ao cotidiano.  

1. Petrópolis: A Casa Mal-Assombrada da Avenida Ipiranga 

Na avenida Ipiranga 716, em Petrópolis, uma casa construída em 1884 é conhecida como "a casa mal-assombrada". Muitos afirmam ter visto uma velhinha abrindo e fechando as janelas, mesmo com a casa desocupada. Acredita-se que se trate de Maria Elisa Tavares Guerra, a última moradora, uma solteirona que faleceu em 1982 e gostava de passear nos jardins.  

2. O Fantasma do Riverside Park Hotel

Comparado ao Overlook Hotel, de *O Iluminado*, o Riverside Park Hotel em Petrópolis também tem suas assombrações. Diferente do terror de Stephen King, porém, o hotel abriga uma "noivinha simpática" que aparece sem causar medo, apenas observando os hóspedes.  

3. A Cantora e Seu Público Fantasma

Magali Mussi, uma cantora paulista que se mudou para o Rio, relata conviver diariamente com uma aparição feminina. A figura, que ela chama carinhosamente de "fantasminha da casa", aparece durante seus ensaios e parece gostar especialmente da música *A Maravilhosa Viúva de Dezoito Anos*, de John Cage. Magali não sente medo, mas sim uma estranha companhia.  

4. O Fantasma Brincalhão de Carangola 

Na casa da família Burrowes, no bairro de Carangola, o falecido Ernest Francis Burrowes, que imigrou da Inglaterra e construiu a residência em 1941, parece continuar presente. Ele mexe em quadros, esconde objetos, joga livros no chão e até interage com os netos, que não sentem medo, mas sim diversão com as travessuras do "vovô fantasma".  

5. Mistérios no Pavilhão Mourisco e Outros Locais 

- No teleférico do Pavão-Pavãozinho, testemunhas já viram o veículo subir sozinho, sem condutor, durante a noite.  

- Na Biblioteca da Fundação Oswaldo Cruz, livros são folheados por mãos invisíveis, e funcionários relatam aparições de um antigo pesquisador que ainda parece consultar seus registros.  

- No castelo de Brás de Pina, uma construção abandonada que seria um antigo cassino clandestino, o suposto fantasma do proprietário, Mário Lessa, assusta possíveis compradores.  

Conclusão 

Seja por lendas urbanas, histeria coletiva ou algo além da explicação racional, essas histórias mostram como o sobrenatural se integra à vida das cidades. Enquanto alguns moradores convivem tranquilamente com seus "inquilinos invisíveis", outros ainda se assustam com os mistérios que permeiam ruas, casas e edifícios antigos. O Rio e Petrópolis, com sua rica história, continuam a alimentar narrativas que desafiam a lógica e despertam a curiosidade sobre o que pode existir além do mundo visível.